MARINA: "NÃO ACEITO QUE SE MANCHE A HONRA DE CHICO MENDES'
A senadora Marina Silva (PT-AC) repeliu hoje (dia 11) entrevista do delegado Mauro Sposito à revista Veja, contestando a informação de que o líder seringueiro fosse um colaborador da Polícia Federal. "Não aceito que, sobre o corpo manchado de sangue de Chico Mendes, se tente agora manchar a sua honra e a sua memória", afirmou.
Ela informou que os amigos do líder estão organizando este ano uma homenagem denominada "Dez anos sem Chico" para, numa análise de sua luta, avaliar o que avançou e o que permaneceu sem resposta desde sua morte. Na opinião da senadora, a entrevista desse delegado parece destinar-se exclusivamente a macular essa homenagem, visto que apresenta o seringueiro como um colaborador da Polícia Federal.
Invocando o fato de conhecer Chico Mendes desde 1979, de um curso de lideranças políticas da Comissão Pastoral da Terra, Marina apontou como perversas e contraditórias várias afirmações de Mauro Sposito. "Essas acusações não são verdadeiras e é muito estranho que reapareçam agora, pois 16 dias antes do assassinato já tinham aparecido nos meios de comunicação do Acre, merecendo uma resposta dura de Chico Mendes", disse ela.
Na opinião de Marina Silva, o reaparecimento de acusações como essas demonstra que, não satisfeitos com sua morte, aqueles que o mataram queiram agora "assassinar sua memória". Também lembrou uma frase ouvida do seringueiro pouco antes de sua morte: "só vão acreditar que querem me matar quando eu morrer". No entender da senadora, aceitar a entrevista de Mauro Sposito é aceitar que se mate Chico Mendes duas vezes.
11/02/1998
Agência Senado
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