Marina Silva considera que ex-diretora do Prodasen pode ter sido intimidada



A senadora Marina Silva (PT-AC) disse que, de acordo com a descrição dos funcionários do Centro de Informática e Processamento de Dados (Prodasen), o estado de desespero da ex-diretora do órgão, Regina Célia Peres Borges, no momento em que ela comunicou o suposto pedido do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) para violar o painel, comprova que ela encarou o pedido como uma ordem. A observação foi feita em interpelação ao senador José Roberto Arruda (sem partido-DF), no Conselho de Ética. Negando-se a fazer ilações sobre o estado emocional de Regina, o senador afirmou acreditar que o temperamento do ex-presidente do Senado pode ter intimidado a funcionária e a deixado abalada.

Heloísa Helena (PT-AL) especulou sobre o impacto que uma consulta, feita fora do ambiente de trabalho, por alguém hierarquicamente superior, pode ter tido sobre uma funcionária subalterna. De acordo com a parlamentar, nessas circunstâncias a consulta ganharia a dimensão de uma ordem. Arruda, por sua vez, respondeu não ser capacitado a interpretar o que a ex-diretora do Prodasen entendeu do diálogo que os dois tiveram. O ex-líder do governo afirmou também que tem o hábito de se encontrar com políticos e funcionários em sua casa, sem que isso em nenhum momento de sua carreira tenha lhe causado problemas.

Depois de ouvir as reiteradas afirmações de Arruda de que apenas havia feito uma consulta à ex-diretora do Prodasen sobre a possibilidade de o painel de votação do plenário ser violado, Heloísa Helena retrucou dizendo que esse argumento do parlamentar conduz à conclusão de que a funcionária é uma "desequilibrada". Para ilustrar esse raciocínio, a senadora disse que a explicação de Arruda equivaleria à situação de um chefe perguntar a um subalterno se um veneno qualquer pode causar a morte de uma pessoa e no dia seguinte ter sobre a sua mesa um cadáver.

Em resposta à suspeita manifesta pela senadora de que as informações obtidas com a quebra do sigilo tinham como objetivo constranger os demais senadores, Arruda afirmou que nunca fez uso dessas informações.

27/04/2001

Agência Senado


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