Marina Silva pede respeito aos índios
Ao discursar sobre o Dia do Índio, comemorado nesta sexta-feira (19), a senadora Marina Silva (PT-AC) lamentou que a cultura indígena seja tão desvalorizada no Brasil de hoje. Para a senadora, sempre que se escolhe uma data para uma homenagem, isso quer dizer que o objeto da homenagem é desprestigiado dentro da sociedade: a mulher é discriminada, a floresta é tratada com descaso, o negro e o índio são desvalorizados, observou.
Marina explicou não ser contrária à política de incentivo à assimilação das comunidades indígenas pelo conjunto da sociedade - advogada por muitos - para possibilitar sua cidadania plena no país, numa etapa posterior. Ela defendeu, no entanto, que a estratégia não seja baseada na imposição dos valores culturais e econômicos do branco, mas na livre escolha do índio de aderir à cultura branca ou não.
A senadora protestou contra o projeto de construção de uma hidrelétrica em Mato Grosso, dentro de área demarcada para os índios. O projeto foi aprovado nas Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e de Assuntos Sociais (CAS) antes do cumprimento das exigências da Constituição, segundo Marina: a proposta não tem a anuência das comunidades indígenas, não tem a aprovação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e sequer dispõe de relatório sobre o impacto ambiental da obra. A decisão final do Congresso Nacional sobre a matéria ainda não foi assegurada, mas 40% dos investimentos da obra já foram feitos, observou.
Para Marina, a situação espelha o descaso com que é tratada a terra indígena.
- Uma situação dessas jamais ocorreria com terras de brancos.
Em aparte, o senador Edison Lobão (PFL-MA) afirmou que o país tem uma dívida muito grande com as comunidades indígenas que, desde o descobrimento do Brasil, têm sido sistematicamente massacradas.
- Não podemos desfazer os erros e as omissões, mas podemos diligenciar para que tais crimes não mais se repitam - disse.
19/04/2002
Agência Senado
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