Marinor manifesta indignação em despedida do Senado




Em discurso de despedida do mandato, nesta quarta-feira (21), a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) disse ter um "sentimento claro de dever cumprido", mas também de indignação. Marinor deve deixar a Casa para que tome posse Jader Barbalho, que, por voto de desempate do ministro do Supremo Cezar Peluso, teve o registro de candidatura liberado e foi confirmado na segunda vaga do Pará nas eleições de 2010.

A senadora disse que continuará sendo a voz de todo que acreditam que um mandato de senador não deveria ser um "instrumento para negociatas e enriquecimento ilícito". Ela lamentou, mais uma vez, a decisão do STF, que em sua opinião "joga na lata de lixo" as esperanças de mobilização da política brasileira.

Segundo Marinor, quem mais perde com sua saída do Senado é o povo paraense e o povo brasileiro, "enganados" pelo abuso do poder econômico, do uso da máquina pública e dos meios de comunicação para responder a interesses particulares.

- Talvez por isso alguns tenham pressa em relação à minha saída daqui. Talvez por isso, alguns queiram calar rapidamente a minha voz. Talvez por isso, alguns estejam dando celeridade a esse processo de ingresso, de retorno de um corrupto - disse Marinor, lamentando a permanência do "voto de cabresto" no Pará. 

Oposição programática 

Marinor avaliou ter conseguido, como representante dos interesses do povo do Pará, fazer uma oposição programática socialista que demonstrou sua opção pelos pobres e expôs as prioridades e o custo das escolhas do governo federal. Para ela, a oposição "conservadora" não apresenta diferenças substanciais em relação ao PT, partido da presidente Dilma Rousseff.

- O recente livro sobre a "privataria tucana" em nada é diferente dos mensalões petistas e mostra o quanto nosso partido é necessário para separar o joio do trigo - afirmou Marinor, que simbolicamente deixou para seu companheiro de partido, senador Randolfe Rodrigues (AP), a tarefa de "continuar nessa trincheira".

A senadora criticou o governo Dilma por, segundo ela, utilizar quase 50% do Orçamento para o pagamento da dívida pública, em detrimento de políticas sociais voltadas para a educação, a saúde e o enfrentamento de violações de direitos humanos. 

Tráfico de pessoas

Marinor apontou ainda um aumento da violência no país nos últimos anos. Como relatora da CPI do Tráfico Internacional de Pessoas, denunciou que, enquanto se aprova o Orçamento da União, centenas de meninas no país são assassinadas em áreas de garimpo "como se fossem mercadoria". Ela informou, que no relatório final entregue nesta quarta, a CPI apontou a falta de investimento no preparo dos agentes responsáveis pelo combate ao tráfico de pessoas.

A senadora recordou não ter se intimidado com ameaças homofóbicas, numa referência às polêmicas entre ela e o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), durante a tentativa de votação do projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122/2006). Mencionou também sua atuação na defesa das populações locais e indígenas excluídas do projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (PA) e no apoio às mães de adolescentes "chacinados" por esquadrões da morte em Belém.

Em apartes, a senadora recebeu elogios de Randolfe Rodrigues, Alvaro Dias (PSDB-PR), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Lídice da Mata (PSB-BA).



21/12/2011

Agência Senado


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