Marta e Marinor repudiam declarações de Bolsonaro



Por meio de notas à imprensa, as senadoras Marta Suplicy (PT-SP) e Marinor Brito (PSOL-PA) repudiaram as declarações feitas pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no programa CQC, exibido pela TV Bandeirantes, na última segunda-feira (28).

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A declaração do parlamentar que mais causou comoção foi dada em resposta a uma pergunta da cantora Preta Gil: "Se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?". O deputado respondeu: "Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados. E não vivem em ambiente como, lamentavelmente, é o teu".

Em sua nota, Marta define o comportamento de Bolsonaro como inadmissível e recorrente. A senadora afirma que as declarações do deputado atingem toda a sociedade brasileira. Para a vice-presidente do Senado, um representante do povo "deve ter como regra o respeito à Constituição brasileira e prezar pelo decoro parlamentar".

"O destempero, o preconceito e o desrespeito à Constituição e aos cidadãos não podem passar batido pela Câmara dos Deputados", afirma Marta Suplicy.

Marinor Brito, por sua vez, classifica a postura do deputado como "repugnante e preconceituosa". Para a senadora, atitudes como a de Bolsonaro contribuem para incitar ainda mais a violência contra negros e homossexuais, que já sofrem com "índices alarmantes" de ataques violentos.

"Esse tipo de postura, principalmente vinda de um parlamentar, é inaceitável e deve ser repudiada. Não podemos permitir que, em pleno século XXI, alguém se sinta no direito de atacar cidadãos e cidadãs por causa da sua cor, raça, crença, gênero ou orientação sexual. Acho que o deputado deveria ler um pouco mais a Constituição, da qual, enquanto representante do povo, caberia zelar", diz a nota.

Deputado nega acusação de racismo

Também em nota sobre o assunto, Jair Bolsonaro afirma ter entendido equivocadamente a pergunta de Preta Gil. Ele argumenta ter achado que a pergunta era sobre um eventual namoro de um filho dele com um gay.

"Todos aqueles que assistam, integralmente, a minha participação no programa, poderão constatar que, em nenhum momento, manifestei qualquer expressão de racismo. Ao responder por que sou contra cotas raciais, afirmei ser contrário a qualquer cota e justifiquei explicando que não viajaria em um avião pilotado por cotista nem gostaria de ser operado por médico cotista, sem me referir a cor", diz no texto.

O deputado também nega ser homofóbico, embora ressalte acreditar que o homossexualismo "não seja motivo de orgulho". Quanto à acusação de racismo, afirma que "inúmeros amigos e funcionários afrodescendentes podem responder por mim".

A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) e 19 parlamentares pediram na terça-feira (29) abertura de processo contra o deputado na Câmara, por quebra de decoro parlamentar. Preta Gil também afirmou que vai processar Bolsonaro.



30/03/2011

Agência Senado


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