Marta Suplicy comemora legalização das relações homoafetivas
A senadora Marta Suplicy (PT-SP) classificou nesta terça-feira (10) como "histórica" a votação Supremo Tribunal Federal (STF) que equiparou, do ponto de vista legal e dos direitos civis, as relações homoafetivas às relações heterossexuais.
- O julgamento e as palavras dos ministros foram não só contundentes em relação à constitucionalidade, mas muito também com palavras que vão além do formal, além de um voto frio. Foram palavras muito carinhosas, que falaram de felicidade, falaram de cidadania, falaram de amor, falaram de respeito à vida - afirmou.
Marta lembrou que, há 16 anos, foi a autora do primeiro projeto relacionado ao tema na Câmara dos Deputados e que depois vieram outros, mas nenhum foi votado até o momento. Ela disse que, quando se discutia a questão, ouviu um depoimento "muito corajoso" do atual presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.
A senadora relatou que há 16 anos poucos assumiam a sua homossexualidade ou tinham coragem de discutir a sua homossexualidade. Ela disse que Toni Reis explicou que, quando criança, não sabia o que era aquilo, mas percebia que era diferente. Marta assinalou que, sendo ele de uma cidade do interior do Brasil, contou à sua mãe, que então foi à igreja que freqüentavam onde receberam a indicação para fazerem uma novena, às sextas-feiras, durante um ano.
- A novena foi feita para que ele mudasse; mas ele não mudou. A mãe preocupada e toda a família participando da questão partiram para outras religiões: evangélicos, depois para as afro-brasileiras, foram para todas. Ele contava detalhes - eu não me lembro de todos os detalhes, lembro-me da contundência daquele depoimento - afirmou a senadora.
Ainda de acordo com o relato do ativista, Marta Suplicy contou que, com os passar dos anos, ele achava que era uma pessoa doente e que um vizinho chegou a lhe indicar uma "receita" inesperada: colostro de égua.
- Já no final da sua adolescência, foi para a cidade, onde percebeu que aquilo talvez não fosse doença, como a sua família sempre achou. Com o tempo, foi morar em Londres e, lá, percebeu que aquilo não era doença, aquilo era um comportamento diferente, e ele conhecia aquele comportamento desde a mais tenra idade, quatro, cinco, seis, sete, oito anos - relatou.
A senadora contou que, em Londres, Toni conheceu um parceiro, Harry, que veio com ele para o Brasil, onde não puderam legalizar a união, encontrando assim dificuldades para obter o visto de permanência para o inglês. Eles chegaram a cogitar de o parceiro casar-se com a mãe do próprio Toni, que era viúva. A solução veio através de um emprego para Harry, que assim pôde permanecer no Brasil. Marta disse que, após 16 anos, viu com muita alegria, estampada no jornal Folha de S.Paulo, uma foto e a notícia que os dois foram os primeiros a registrarem a sua união estável em cartório.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) parabenizou, em aparte, a atuação de Marta Suplicy em favor dos homossexuais.
10/05/2011
Agência Senado
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