Massacre de Eldorado dos Carajás continua impune, diz José Nery



Em pronunciamento nesta quinta-feira (16), o senador José Nery (PSOL-PA) lembrou a passagem dos 13 anos do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, a serem completados no dia 17 deste mês. O senador disse que a maior chacina de trabalhadores rurais sem terra da história contemporânea do país continua "absolutamente impune" e que as causas mais profundas da violência praticada contra os sem-terra permanecem "intactas".

- Mandantes e executores do massacre continuam impunes, definitivamente livres ou beneficiados por recursos judiciais sem prazo para julgamento, a despeito de tantas provas documentais e testemunhais juntadas contra os mesmos, resultado lógico das farsas montadas para simular o seu julgamento por júri popular - afirmou Nery, destacando que apenas 23 dos 69 sobreviventes da chacina receberam até agora as reparações devidas.

José Nery disse que a impunidade persiste como regra porque a lei que regula na prática os conflitos fundiários é ditada pelos grupos econômicos que detêm a posse das grandes extensões de terra disponíveis ou disponibilizáveis para a agricultura, "não raras vezes por meios ilegais", e que essas "oligarquias" são sempre capazes de moldar as instituições públicas a seus próprios interesses.

- A impunidade, que os protege, protege muitos outros executores e mandantes de crimes no campo e, pior, estimulou o cometimento de crimes mais recentes, como o que ceifou a vida da irmã Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, em Anapu, também no Pará - lembrou.

José Nery disse ainda que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou-se entusiasta de um modelo de desenvolvimento nacional baseado na pauta de exportações de commodities (produtos in natura, cultivados ou de extração mineral), o qual, afirmou, só pode ser viabilizado com a apropriação de vastos territórios e a concentração da terra nas mãos de poucos.

- É o modelo que se impõe à Amazônia e ao Pará, sem encontrar nenhuma objeção de parte do governo deste estado, cada vez mais disposto a mostrar serviço à Vale do Rio Doce e ao agronegócio, vergando-se às pressões do latifúndio e de seus porta-vozes, ordenando operações policiais gigantescas para desmontar ocupações de terra, incluindo a prisão de trabalhadores rurais sem terra que insistam em trabalhar e viver na terra ocupada - afirmou.



16/04/2009

Agência Senado


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