Ademir destaca cinco anos do massacre de Eldorado do Carajás



O assassinato de 19 trabalhadores rurais sem terra, há exatos cinco anos, em Eldorado de Carajás (PA), foi o tema do pronunciamento desta terça-feira (dia 17) do senador Ademir Andrade (PSB-PA). Ele destacou a realização de manifestações em todo o território nacional, organizadas pelos movimentos de trabalhadores, para lembrar a data. Na avaliação do senador, as manifestações decorrem da falta de ação do governo no que diz respeito à reforma agrária e da impunidade, da qual usufrui boa parte dos envolvidos em crimes no campo.

- Apenas 17,5% da população brasileira vive em área rurais, segundo os dados do último censo do IBGE. Isso é um absurdo em um país do tamanho do nosso - afirmou o senador, para ilustrar o que considera um descaso do governo com os projetos de reforma agrária.

Ademir relembrou os fatos que antecederam o massacre de Eldorado. Segundo ele, durante mais de dois anos antes do crime, os trabalhadores tentaram negociar com o governo a ocupação de terras improdutivas. Antes, haviam ocupado uma área pertencente à Companhia Vale do Rio Doce, da qual foram removidos. "Cansados da falta de respostas do governo do estado, os trabalhadores resolveram bloquear a estrada".

Foi um ato, conforme Ademir, "de absoluta imaturidade política e de irresponsabilidade" do governador do Pará, Almir Gabriel, que precipitou o massacre. O governador teria ordenado às forças policiais que desobstruíssem a estrada "a qualquer custo e a qualquer preço". Apesar disso, sustentou Ademir Andrade, a Justiça excluiu do processo criminal o governador, o secretário de Segurança Pública e o comandante da operação.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) chamou a atenção para a disparidade entre o número de famílias assentadas em projetos de reforma agrária e o contingente de pessoas expulsas do meio rural em decorrência do modelo econômico brasileiro. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) disse que o governo descumpre a Constituição, segundo a qual o governo deve fornecer incentivos fiscais, creditícios e materiais aos assentados.

17/04/2001

Agência Senado


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