Matilde Ribeiro atribui irregularidades a erros e diz que não agiu de má-fé



A ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial Matilde Ribeiro afirmou nesta quarta-feira (9), em reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos, que cometeu enganos no uso de Cartões Corporativos , mas que nunca agiu de má-fé. A ministra defendeu ainda o uso do cartão como importante ferramenta de auxílio ao dia-a-dia da administração pública. Por orientação da Controladoria Geral da União (CGU), Matilde Ribeiro teve que devolver R$ 2.815,35 aos cofres públicos.

- O dinheiro foi devolvido e a análise feita indicou que não significou um ato intencional. Com isso, considero que me coloquei quite com a administração pública, considerando inclusive as recomendações para o futuro. Em nenhum momento usei o cartão para fim pessoal próprio ou de outrem - disse Matilde Ribeiro.

A ex-ministra considera que os cartões corporativos são uma ferramenta importante para o exercício da função pública, uma vez que possibilitam eficácia no controle dos gastos. Matilde Ribeiro aproveitou a oportunidade para reafirmar o valor da promoção das políticas de igualdade racial e a importância do uso de mecanismos como o cartão corporativo na promoção dessas políticas.

Matilde Ribeiro garantiu que a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial definiu que os cartões corporativos só seriam usados no pagamento de locação de veículos, hospedagem e alimentação em viagens. Na opinião da ex-ministra, são itens estruturantes e importantes para cumprir a agenda e desenvolver o trabalho da secretaria. A depoente afirmou também que decidiu pedir demissão do cargo para não deixar que questionamentos sobre ela atrapalhassem o trabalho da secretaria.

Em resposta a uma questão formulada pelo relator da CPI Mista, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), Matilde Ribeiro explicou, sobre o pagamento de compra pessoal em um free shop de aeroporto, que se tratou de um engano: na volta de uma viagem de trabalho, confundiu o cartão corporativo com o cartão pessoal, ambos da mesma cor e bandeira. No fim do ano, foi notificada do erro e que deveria devolver o dinheiro.

- Foi um fato isolado - afirmou.

Sobre os R$ 127 mil pagos à locadora de carros Localiza com o uso do cartão, a ex-ministra disse que é comum realizar a locação de carros quando a autoridade está fora de Brasília e que a secretaria é pequena demais - um "órgão em construção" - para realizar licitação para cumprir essa função.

- Não houve intenção de usar o cartão para substituir a licitação, e sim de facilitar o trabalho - disse.

Matilde Ribeiro também afirmou que outra suposta irregularidade encontrada pela CGU - locação de carros em cidades diferentes na mesma data - ocorreu em dias de muitas comemorações da comunidade negra, como a Abolição da Escravidão e o Dia de Zumbi, em que Matilde teve compromissos a cumprir em mais de uma cidade no mesmo dia. Em outra ocasião, houve uma mudança de agenda de última hora e não foi possível cancelar a reserva na locadora de veículos, explicou.

Entre outros parlamentares, o senador Paulo Paim (PT-RS) prestou solidariedade à Matilde Ribeiro e disse que a comunidade negra "se orgulha de ter líderes como ela". O deputado Índio da Costa (DEM-RJ) afirmou que há irregularidades no uso de vários cartões corporativos e que analisará documentos de posse da CPI Mista para comprovar essa afirmação.

Dados Públicos

No início da reunião, a presidente da CPI Mista, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), informou que pôs na página da Internet da comissão todos os documentos recebidos pelo colegiado. Marisa Serrano destacou que se trata de dados sem sigilo e que estão, agora, acessíveis a todos os cidadãos. A presidente confirmou que a comissão encerrará seus trabalhos na próxima quinta-feira.

- Se não pudermos fazer inquéritos e não tivermos como trabalhar, é claro e evidente que essa comissão irá encerrar, sim, seus trabalhos - disse.



09/04/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


Ministra Matilde Ribeiro participa de audiência pública sobre racismo

Ministra Matilde Ribeiro poderá ser convidada a explicar à comissão declaração polêmica

Ministro da CGU atribui irregularidades em obras públicas à má qualidade de projetos de engenharia

Metrô: Estação Vila Matilde ganha bilheteria blindada

Metrô: Estação Vila Matilde ganha bilheteria blindada

Metrô: Estação Vila Matilde ganha Bilheteria Blindada