Melhoria na condição de vida reduz número de mortes por doenças cardiovasculares



Uma pesquisa de médicos da Universidade Federal Fluminense apontou que melhorias das condições socioeconômicas da população reduziram o índice de mortalidade por doenças cardiovasculares, principalmente nos casos de acidente vascular cerebral (AVC), em pelo menos três estados do Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. A pesquisa trabalhou os indicadores socioeconômicos a partir de 1949 e analisou a mortalidade do DataSUS entre os anos de 1980 e 2008.

Os estudos mostraram que há uma defasagem de 30 anos entre investimentos de recursos na diminuição da mortalidade infantil, no aumento dos anos de estudo da população e na melhoria do PIB, para que tenha em média o efeito da redução da mortalidade por doenças cardiovasculares.

"Houve relação muito estreita entre a queda da mortalidade com a melhoria dos níveis socioeconômicos. A queda começou a partir de 1980 e depois se intensificou em 2000, mas o benefício vem do investimento que foi feito lá atrás. Há uma defasagem para que caia a mortalidade não só por doença isquêmica do coração, quanto por doenças cérebro-vasculares quanto por doenças do aparelho circulatório", informou a médica, professora da UFRJ e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), Gláucia Maria Oliveira.

A influência dos investimentos, segundo Gláucia, vai variar entre os estados que apresentaram os resultados da pesquisa.  "Em São Paulo, como tem o nível socioeconômico melhor, se vê  o benefício em um ano se houver o investimento. No Rio de Janeiro, que tem o nível socioeconômico mais baixo, a diferença para ter o benefício vai variar em torno de 20 a 30 anos. Houve uma melhora maior no nível socioeconômico a partir dos anos 2000 e esperamos que no futuro tenhamos uma queda maior na mortalidade", explicou.

A pesquisa revelou ainda que os benefícios atingem todas as faixas da sociedade, porque há investimentos nos fatores determinantes, como queda de mortalidade infantil, aumento nos anos de estudos e elevação do PIB. "Quando se investe no PIB, se investe para todo mundo. Essa é que é a vantagem. Por isso que a mortalidade cai tanto e tem benefício para todas as classes. No Rio de Janeiro se houver investimento de R$100 na economia, tem uma queda percentual de 1,5 até 2 nas doenças isquêmicas do coração, mas as doenças do aparelho circulatório caem até 6 %", acrescentou.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Jadelson Andrade, o resultado da pesquisa é muito importante porque as doenças cardiovasculares ainda são a maior causa de morte no Brasil, respondendo por mais de 300 mil óbitos anuais.

A pesquisa foi publicada pela revista científica da Sociedade Brasileira de Cardiologia,  Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 

Fonte:

Agência Brasil 



07/10/2013 12:27


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