Mendonça Filho elogia Roberto Freire









Mendonça Filho elogia Roberto Freire
Governador em exercício diz que não faz restrição à entrada do senador na chapa de Jarbas Vasconcelos

O governador em exercício, José Mendonça Filho (PFL), afirmou ontem que não tem restrições a uma eventual participação do senador Roberto Freire (PPS) na chapa majoritária governista. "Eu não trabalho em política fazendo restrições, a não ser quando são de ordem moral ou ética", disse ele. "E Roberto Freire é um homem que, do ponto de vista da moral e da ética, tem uma conduta ilibada".

Mendonça Filho fez as declarações ao ser perguntado sobre a possibilidade de o senador vir a fazer parte da aliança. Na última terça-feira o deputado federal Inocêncio Oliveira (PFL) disse que "votaria sem problemas" em Freire e que a base governista "seria ampliada" com uma possível participação do PPS. Segundo especulações correntes no meio político pernambucano, uma chapa surgida dessa composição teria Jarbas Vasconcelos como candidato à reeleição ao Governo e as duas vagas na disputa pelo Senado seriam ocupadas pelo PFL e PPS. Freire, porém, nega qualquer aproximação com o Governo estadual.

PESQUISA - A adoção de pesquisas como critério para definir o candidato a presidente da aliança governista nacional, medida defendida anteontem pelo vice-presidente Marco Maciel, é apoiada também por Mendonça Filho. "As pesquisas mostram a aceitabilidade de uma determinada candidatura diante do eleitorado", afirmou. Uma boa performance nesse critério, entende ele, "é um dado que não pode ser desprezado". A pré-candidata do PFL à Presidência, Roseana Sarney, é dos candidatos governistas o que tem obtido os melhores índices nas pesquisas - em algumas delas até três vezes maior do que o do pré-candidato do PSDB, José Serra.

Indagado se as pesquisas poderiam ser adotadas também para definir a chapa majoritária no Estado, Mendonça Filho disse que, conforme já dissera o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), "as discussões sobre o processo sucessório estadual só devem ocorrer a partir de março".


Oposição ao PT gastou R$ 1 mi em computador
Os vereadores de oposição ao Governo João Paulo não pouparam críticas à PCR pela contratação de consultorias de alto custo, mas na gestão do então presidente da Câmara Municipal do Recife, vereador Romildo Gomes (PFL), foi iniciado a implantação de um sistema de informática por mais de R$ 1 milhão que até hoje não funciona. O contrato foi assinado com a empresa alagoana Engerede Comércio e Representação de Informática Ltda no último ano de gestão do pefelista e concluído na legislatura seguinte, presidida pelo ex-vereador Fred Oliveira, na época filiado ao PMDB.

Passados quatro anos, os programas produzidos e instalados pela Engerede não são utilizados pelo Legislativo ou mesmo técnicos da Empresa de Informática do Recife (Emprel) pelo fato de ninguém saber manuseá-los. Os softwares Windows NT e Net Were foram adquiridos para a execução dos trâmites legislativos e serviço de protocolo. De acordo com uma fonte do Legislativo, na época do contrato a Emprel não tinha o domínio dos programas comprados pela Câmara e até hoje a empresa desconhece o funcionamento dos sistemas.

Segundo a mesma fonte, a empresa Engerede, vencedora da licitação, fez todo o serviço de cabeamento, de infra-estrutura e implantou a parte operacional. "Os sistemas de trâmite legislativo e protocolo estão prontos. O que falta é treinar o pessoal", disse. Quando disputou a presidência da Câmara, no início de 2001, o atual presidente da Casa, Dilson Peixoto (PT), apresentou como uma de suas propostas a informatização do Legislativo. No entanto, a Câmara conta atualmente com um site, no qual são encontrados apenas informações básicas.

SUPORTE - O ex-vereador e primeiro secretário da Câmara na gestão de Fred Oliveira, Admaldo Matos, informou ontem que, ao deixar o mandato, o sistema de informática estava implantado e em condições de funcionamento. Ele disse, ainda, que chegaram a inaugurar o programa, transmitindo um requerimento on line da presidência para o gabinete legislativo. "Um sistema precisa de manutenção e a notícia que tive é quea Emprel não quis assumir. É preciso perguntar ao atual primeiro secretário porque o sistema não está funcionando", questionou. O ex-vereador explicou também que foi oferecido um treinamento ao pessoal de gabinete, mas que o curso coincidiu com o período eleitoral. "O sistema que a Câmara comprou é igual o da Assembléia Legislativo e lá está em pleno funcionamento".

Já o deputado estadual Bruno Rodrigues (PPB), que exercia o cargo de primeiro secretário na gestão de Romildo Gomes, disse que a contratação da Engerede passou por um processo de concorrência pública e que não houve dispensa de licitação. "Tanto é que as contas do exercício 98 foram aprovadas pelo TCE", assegurou. O atual primeiro secretário, João Arraes (PSB), não foi localizado para falar sobre o assunto.


Garotinho culpa Maciel e Jarbas pelo fim da Sudene
Governador do Rio diz ser uma "vergonha" duplicar a 232 com verba estadual
Numa passagem marcada por um ritmo alucinante de campanha presidencial, o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), fez ontem no Recife um ataque frontal ao vice-presidente Marco Maciel, líder maior do PFL de Pernambuco, ao falar para servidores da extinta Sudene, no Sindicato dos Jornalistas. O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) também foi atingido pelos seus ataques. "É uma vergonha um Estado ter um vice-presidente - e um governador que apóia o presidente - permitirem que a Sudene seja extinta e uma estrada federal seja feita com dinheiro do Estado", disparou, sendo bastante aplaudido.

Garotinho ressaltou que "a Paraíba fez a mesma estrada com dinheiro do Governo federal". Ponderou não ter nada pessoal contra Maciel ou Jarbas, mas considerou a omissão deles "um absurdo". E convocou todos a dar o troco. "Nessa eleição, o povo de Pernambuco tem que dar uma resposta contundente e dizer: vocês nos pisaram, vocês nos humilharam, mas agora está na nossa hora".

Garotinho prometeu revogar a medida provisória que extinguiu a Sudene. "Eu assumo essa promessa até por escrito", deixando claro que vai explorar esse mote que é uma das maiores preocupações do palanque jarbista, ao lado da violência. A assessoria de Maciel foi contactada, mas não conseguiu resposta dele até o fechamento desta edição.


Serra quer reduzir abismos regionais
Candidato diz que a Argentina deverá servir de exemplo do que não pode ser feito

BRASÍLIA - O ministro da Saúde, José Serra, ressaltou, em seu discurso de lançamento da pré-candidatura à Presidência da República, a importância de o Brasil procurar as suas "verdades" e defender os seus interesses. "Os países obrigados a seguir a certeza dos outros pagaram caro", afirmou ele, dizendo que "a Argentina é um exemplo do que não podemos fazer no Brasil". Serra afirmou que o País precisa produzir mais, exportar mais e gerar grandes excedentes comerciais. Na avaliação do ministro, isso permitirá, associado à estabilidade da moeda, a redução dos juros.

O pré-candidato tucano disse, no entanto, que a política de desenvolvimento não pode criar cartórios e que não se pode criar progresso para uns poucos e ordem para os outros. "Se o progresso não for para todos, não vai haver ordem para ninguém". Serra afirmou que, para haver progresso, é necessária a redução das desigualdades regionais. Ele disse que está combatendo a desigualdade nas áreas de educação e saúde e que é preciso o mesmo empenho na redução das desigualdades nas grandes cidades, onde há grandes focos de violência.

Serra citou ainda em seu discurso a luta do Governo brasileiro para quebrar "em cir cunstâncias justificadas" patentes de remédios considerados essenciais. Ele disse que os críticos falavam ser "impossível" porque o Governo americano não permitiria e porque a Organização Mundial do Comércio (OMC) derrubaria a medida alegando que Brasil está inserido em um mundo globalizado. Serra disse que esse "impossível" é companheiro do "fica para depois" que foi usado por décadas para retardar a produção de medicamentos genéricos no Brasil.

Segundo ele, foi possível a quebra de patentes graças a obstinação e competência negociadora do Brasil com a ajuda da opinião pública nacional, organizações não-governamentais, dos 150 países da OMC e do entendimento do governo George Bush. O ministro disse que o Brasil não pode perder tempo discutindo se deve ou não participar do processo de globalização.

diálogo - No final de seu discurso, Serraacenou para o diálogo com os outros partidos da base governista. "Não hesitaremos em buscar o diálogo com outros partidos, movimentos sociais e personalidades públicas. Tenho consciência de que uma ampla convergência de vontades políticas é importante para a vitória e essencial para a vida democrática e o êxito da ação governamental."

No final de seu discurso, Serra acenou para o diálogo com os outros partidos da base governista. "Não hesitaremos em buscar o diálogo com outros partidos, movimentos sociais e personalidades públicas. Tenho consciência de que uma ampla convergência de vontades políticas é importante para a vitória e essencial para a vida democrática e o êxito da ação governamental". Serra disse isso depois de apresentar seu currículo, salientando que foi o primeiro "não médico" a assumir o Ministério da Saúde. Disse ter apresentado a lista dos seus trabalhos porque acredita que eles deram condições para que dispute a Presidência. Em seguida, afirmou: "Não compartilho a tese fácil, cômoda, deque a política é apenas a arte do possível. Para mim, política é a arte de ampliar os limites do possível. Ampliá-los ao máximo, até o limite de nosso engenho e nossa tenacidade".


Saúde contratará 54 mil
Metade das vagas será destinada ao Nordeste

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde vai contratar 54 mil pessoas para dar novo impulso ao programa Saúde da Família, que atende hoje áreas onde vivem 44 milhões de brasileiros - 26% da população. Das contratações, 50% serão no Nordeste.

Cada contratado receberá uniforme com a marca do Governo federal e pelo menos um salário mínimo para percorrer áreas carentes e atuar na prevenção de doenças. As prefeituras podem complementar em até 60% a remuneração.

Com 328 equipes em 1994, o programa atingiu 13 mil equipes no ano passado e chegará perto de 20 mil até dezembro. Em 2001, recebeu R$ 968 milhões. Neste ano, está previsto R$ 1,3 bilhão, segundo o secretário-geral do ministério, Barjas Negri.

Uma equipe conta com médico, enfermeiro, auxiliar e seis agentes para atender cerca de 3,4 mil pessoas por mês.

A pasta contará neste ano com R$ 28,5 bilhões para gastar com investimentos, pessoal e na rede de saúde. Em relação a 2001, o orçamento para assistência à saúde deverá crescer 10,9%, passando de R$ 17 milhões para R$ 19 milhões.

Só na área da atenção básica, o aumento será de 34%. O novo programa Bolsa Alimentação terá R$ 300 milhões.

Na área de medicamentos, o orçamento deve atingir R$ 998 milhões até dezembro. Há cinco anos, o Governo comprou R$ 230 milhões em medicamentos. Em 97, R$ 569 milhões.

No ano seguinte, o dinheiro foi encurtado em R$ 42 milhões. Mas a aplicação de recursos na área voltou a crescer em 99, chegando a R$ 858 milhões em 2001.

Fazenda define pauta para gasolina
Combustível terá valor de referência de R$ 1,69 para cobrança de ICMS em Pernambuco a partir do dia 21

Acabou o suspense. A Secretaria da Fazenda divulgou ontem o novo preço de referência para a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da gasolina em Pernambuco. O valor ficou em R$ 1,61, 10,05% menor do que o índice anterior de R$ 1,79, vigente desde meados de dezembro. A previsão é de que o novo índice seja publicado no Diário Oficial da União (DOU) na próxima segunda-feira, dia 21, data em que passa a valer para cálculo e pagamento do imposto de 25%.

Para chegar a esse patamar, a Secretaria da Fazenda realizou uma pesquisa em cerca de 100 postos da Região Metropolitana do Recife e do interior do Estado. Ficaram de fora os postos que praticam preços abaixo de R$ 1,40. "São preços irreais, insustentáveis", justificou Jorge Jatobá. Na análise da secretaria, a instabilidade de preços no mercado de dezembro para cá foi gerada por causa de algumas distribuidoras que estocaram combustível e venderam com preços mais baixos. Fizeram isso depois queobtiveram liminares na Justiça suspendendo o pagamento de impostos.

"Também concluímos que alguns postos aproveitaram a oscilação de preços para adulterarem gasolina com álcool anidro ou solventes, permitindo a redução no custo", disse Jatobá. Segundo ele, houve um movimento coordenado entre os donos de postos praticando preços irreais para induzir a Secretaria da Fazenda a fixar um preço de referência baixo. "Se eles compram o combustível a R$ 1,27 ou R$ 1,28 não há como revender por menos de R$ 1,40", argumentou.

MÉDIA - De acordo com a pesquisa da secretaria, o preço médio do litro de gasolina na Região Metropolitana, que corresponde a 69% do mercado, ficou em R$ 1,58. No Interior, a média encontrada foi de R$ 1,66. O valor de referência de R$ 1,61 foi calculado tanto pelo preço da gasolina comum quanto da aditivada, vendida à vista ou a prazo. "O novo índice ficou dentro do esperado", comentou Jorge Jatobá.

Por causa do novo índice de referência, a Fazenda prevê uma queda na arrecadação de ICMS da ordem de R$ 38 milhões/ano, caso não haja aumento no consumo do combustível. Segundo Jatobá, esse prejuízo deve ser compensado com uma fiscalização mais severa para coibir a sonegação. No entanto, o secretário ressaltou que não é o índice de referência fixado pela Fazenda para a cobrança do ICMS que determinará quanto os pernambucanos pagarão pelo litro da gasolina na bomba.

"O ICMS é apenas uma parte do custo da gasolina. Há outras despesas", destacou. A partir da próxima semana, os postos de combustível vão pagar R$ 0,40 de ICMS por litro de gasolina comprado às refinarias. Mas isso não é definitivo. A cada mês, uma nova pesquisa será realizada. Antes os índices de referência do ICMS só mudavam trimestralmente.


Artigos

Felicidade pública
Amparo Caridade

A expressão é de Hannah Arendt, ao referir-se a um sentimento de felicidade que experimentamos quando agimos, quando participamos como cidadãos nos assuntos públicos e humanos. Sentimento pouco valorizado e estimulado na contemporaneidade. Desde a morte dos projetos coletivos em nossa sociedade, esquecemos desse tipo de prazer. Esquecemos que o agir, a atuação na comunidade não é uma tarefa penosa, não é uma carga desconfortável, mas uma atividade prazerosa, construtiva, que dá origem a algo novo, que opera transformações.

O conceito arendtiano faz pensar sobre o nosso estar-no-mundo, sobre o nosso agir, nosso compromisso de construir o social que nos cerca. "Felicidade pública" acorda em nós a nostalgia de sentirmos prazer de novo em sermos construtivos, anima a vontade de nos re-alfabetizarmos nessa sensação. Existencialmente falando, sabemos que não estamos de passagem por este mundo, mas com tarefa a cumprir: a de construir o tempo em que se vive, transformá-lo, colocar nele a própria marca, dar sentidoà realidade na qual estamos inseridos. A cada época, a cada geração somos inevitavelmente responsáve is pelo tempo em que vivemos. E isso não pode ser entendido como um fardo. É missão humana, inerente ao nosso estar com os outros. "O amor mundi é precisamente o deleite que se sente na ação política, essa vontade de agir como o prazer que irresistivelmente produz a faculdade humana de começar de novo, a alegria que deve acompanhar todo o novo quando brota para a prosperidade; trata-se, no fundo, da mesma alegria com a qual damos as boas-vindas a cada nascimento", diz H. Arendt.

O mundo atual parece agonizar a nível das relações humanas, das relações políticas e sociais que estabelece. Dos quatro cantos da Terra, conflitos, violências, guerras, atentados, chegam aos nossos ouvidos, afligem nossas mentes, ferem nossa sensibilidade, ameaçam nossa capacidade de amar e impedem acordos de PAZ, tanto os pessoais como internacionais. Somos ainda culturas arrogantes, tolas e intolerantes, com dificuldades de pedir desculpas e de perdoar aos outros. Como não somos perfeitos, todos erramos. Se erramos, teremos de pedir desculpas por nossas falhas e conseqüentemente também perdoar as falhas dos outros. Ao invés disso, a intolerância tem sido aguçada, e parece tornar-se um meio de afirmação, sobretudo nos jovens, que têm reagido com violência às mínimas frustrações ou confrontos relacionais. Bate-se nas pessoas por motivos banais, mata-se banalmente, como se não fossem pessoas. É muito estranha essa via de afirmação.

Na cultura da arrogância e da intolerância não pode haver bem-estar. O saldo que corremos o risco nesse contexto, corresponde ao que foi expresso por Cristovam Buarque, em artigo no DP de 13-01-02: a vitória do fracasso, a ameaça da democracia, o fortalecimento das potências narcisistas, a redução das liberdades individuais. Ou o alerta de Frei Aloísio, também no DP de 16.01.02: tudo o que elimina a vida é terrorismo.

É preciso com vontade interna e pessoal, querer, desejar, amar a PAZ. Mas precisamos querer isso com nosso agir. Isso será possível a partir de uma ética vivida por cada cidadão, a partir dos valores pessoais e sociais cultivados por cada um, da apreciação pelos sentimentos que conduzem à cordialidade, à solidariedade, à compaixão, ao respeito pelos outros. Por que teríamos que deixar o mal prevalecer? Imagino que somos uma esmagadora maioria a querer o bem. Por que cedemos o passo ao mal? Podemos encontrar caminhos de realização do bem que está em nós. Sem aguardar que o outro faça primeiro, teremos de tomar a sociedade em nossas mãos e, tijolo por tijolo, construí-la com nossos gestos, nossas ações, nossos valores e atitudes. Não se trata de fazer as funções do Estado, mas de participar como cidadãos nessa construção, e fazer que todos cumpram seu dever. Mas teremos de colaborar com as Instituições e com o Estado para um melhor cumprimento das funções protetoras e geradoras de bem-estar que lhes compete. Operacionalmente, isso significa que podemos promover bem-estar nos lugares onde vivemos outrabalhamos; significa que cada cidadão pode descobrir o necessitado mais próximo de si, orientá-lo, dar-lhe apoio e solidariedade; que os políticos devem assumir a causa dos interesses dos cidadãos; que as universidades podem realizar Programas de Extensão Universitária que realmente promovam o bem-estar no social; que cada um de nós cuide do próprio bem-estar para que ele se reflita na convivência com os demais. "Felicidade pública" tem efeito dominó. Ninguém deveria ficar de fora.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO - Divane Carvalho

Um grande showman
Anthony Garotinho (PSD-RJ) poderá dar muito trabalho aos demais candidatos a presidente da República na eleição de outubro. Radialista e evangélico, acostumado, portanto, a falar em público e a utilizar corretamente os veículos de comunicação, o governador do Rio de Janeiro se comporta como um grande showman quando fala do que está fazendo no seu Estado, sempre usando muitos números para provar os resultados da sua administração, principalmente na área de segurança. E nessa fase preliminar da campanha eleitoral adotou uma estratégia interessante para bater nos adversários sem atingí-los de frente. Com Roseana Sarney (PFL-MA), por exemplo, as críticas não são feitas diretamente à governadora do Maranhão, mas ao governo do pai dela, o ex-presidente José Sarney (PMDB-MA), acusado pelo socialista de ter promovido a maior inflação da história do Brasil. Com José Serra (PSDB-SP) não é diferente. Em vez de se posicionar com relação ao presidenciável tucano, Garotinho critica o presidente FHC e sua política econômica, aí sim com bastante ênfase, em tom de palanque mesmo. Terceiro colocado nas pesquisas, o governador carioca está em plena negociação para se coligar com o PL, legenda dos evangélicos, e admite uma reaproximação com o PDT de Brizola porque o problema do seu partido é conseguir aumentar o tempo no horário da propaganda eleitoral na TV. Se fechar esses apoios, o PSB fica com 2 minutos, o que ele considera suficientes " para dizer a verdade, enquanto outros vão mentir em 10 minutos". É melhor não duvidar do que ele será capaz de fazer em apenas 60 segundos. Pois Garotinho tem habilidade no uso de microfones e câmaras, facilidade para fazer um bom marketing pessoal e diz aos eleitores exatamente o que eles querem ouvir, ou seja, promete reduzir a violência, os juros e o desemprego. O sonho básico de qualquer cidadão brasileiro.

Anthony Garotinho (PSB-RJ) responde rápido quando alguém pergunta se ele não tem medo de ser discriminado na eleição porque é evangélico: "Se esse país elegeu um ateu para presidente da República, não se negará a eleger um cristão".

Visita
Marco Maciel vai a Paulista, hoje, prestigiar Antônio Speck (PMDB). O presidente da República em exercício ouve uma exposição sobre a PE-15, conhece o Conjunto Residencial Antônio Maria e vai embora porque campanha eleitoral é assim mesmo

Peça 1
Antônio Lavareda, marqueteiro de Jarbas Vasconcelos informa que não é criação da MCI, sua empresa de publicidade, os adesivos com o slogan Jarbas é o avanço, que estão sendo distribuídos na cidade.

Peça 2
Diz que o surgimento de peças assim é comum antes de campanhas, feitas por simpatizantes de candidatos, normalmente lançadas inoportunamente. E que boas ou ruins elas fogem do controle de quem cuida da imagem dos políticos.

Peça 3
Lavareda tem todo direito de explicar que aqueles adesivos de mau gosto não foram feitos na sua empresa. Mas vale lembrar que o Diário Político nunca disse que as peças foram criadas por ele ou por alguém da sua equipe.

Explicação
Luciano Siqueira explica o motivo do debate sobre Direitos Humanos e Carnaval. O prefeito do Recife em exercício diz que será "uma reflexão sobre a história do final do século XIX, início do século XX, quando os pobres eram proibidos de brincar o Carnaval". Uma longa viagem, essa.

Espelho
Raul Jungmann (PMDB-PE) e Anthony Gorotinho (PSB-RJ) são fortíssimos concorrentes no quesito vaidade. Se colocassem Narciso na disputa, com certeza, ele não teria nenhuma chance de vencer essa parada.

Proibido
Enquanto Anthony Garotinho (PSB-RJ) dava uma entrevista coletiva, Eduardo Campos cochichava com Arraes sem se preocupar com os fotógrafos e cinegrafistas. O que dizia tão baixinho que nenhum gravador conseguiu registrar, ninguém sabe.


Editorial

CUIDADOS NECESSÁRIOS

O lançamento da candidatura do ministro José Serra pelo PSDB praticamente conclui a apresentação dos postulantes à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Falta só a definição do PMDB - se terá candidato próprio ou se participará de uma chapa governista. Serra fica no governo pelo menos mais um mês antes de dedicar-se com exclusividade à agenda eleitoral. Mesmo depois de deixar a Esplanada, deverá ser o preferido do Palácio do Planalto. Ele não é o único a contar com o apoio de um governo à sua candidatura.

Nos estados, vários governadores disputarão a reeleição no cargo. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é um deles. O caso de Alckmin é ilustrativo. Em 1998, ele concorreu à reeleição como vice de Mário Covas, falecido em abril do ano passado. A diferença é que Covas, por iniciativa própria, decidiu licenciar-se do cargo. Desta vez, Alckmin preferiu continuar no posto.

No plano nacional, há muitos exemplos de candidatos desvencilhando-se do Executivo para concorrer à Presidência da República. Roseana Sarney, governadora do Maranhão pelo PFL, é um. O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, do PSB, outro. Sem falar de integrantes dos executivos em todos os níveis que disputarão cargos de deputado federal e senador. O governador do Ceará, Tasso Jereissati, enquadra-se no caso.

A lista é enorme. Exatamente por isso, as eleições deste ano exigirão um cuidado especial das autoridades para evitar o uso da máquina administrativa dos governos em favor de candidaturas. Algumas restrições já foram garantidas por lei. Os que ocupam cargo executivo devem desincompatibilizar-se seis meses antes do pleito. Portanto, no dia 6 de abril. Além disso, novas contratações de funcionários são proibidas em período pré-eleitoral. Trata-se, evidentemente, de iniciativas que contribuem para garantir a lisura do pleito, mas não evitam todos os deslizes.

A mesma exigência não vale para governadores que lutam pela reeleição. E iniciativas como a de Mário Covas são solitárias no país. Também não há lei queimpeça um governo de utilizar a sua verba de propaganda, que deveria servir para esclarecimento sobre programas de interesse público, em benefício de seus candidatos favoritos. Inaugurações de obras não acabadas ou projetos fantasmas também são armas para alavancar candidaturas à custa do dinheiro público.

Nesta eleição, todo cuidado será pouco. Da parte das autoridades, para identificar, fiscalizar, punir e impedir o uso da máquina administrativa na disputa. E da população, no sentido de cobrar de seus dirigentes comportamento ético na eleição, capaz de garantir a realização de um pleito democrático e justo.


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01/18/2002


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