Mercadante diz que Brasil precisa adotar agenda estratégica diante da crise financeira global



Em pronunciamento nesta quarta-feira (26), o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que o Brasil precisa adotar uma agenda estratégica imediata como forma de enfrentar os efeitos da crise financeira internacional, que ele classificou como a mais profunda vivida por sua geração. A seu ver, a crise é mais séria que a de 1929.

Na avaliação de Mercadante, o Brasil dispõe de bons fundamentos macroeconômicos, mas terá de superar o desafio de preservar a produção, o crescimento e o emprego diante do quadro de recessão que já se instalou na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia e no Japão.

- O Brasil precisa eleger prioridades. A vida do povo não vai melhorar com recessão e desemprego. Não temos melhorias nos salários quando não há emprego. Não há como valorizar o salário mínimo ou o programa Bolsa-Família se o país não cresce e não produz. Precisamos reduzir as despesas correntes, aumentar a eficiência, priorizar os investimentos - afirmou.

Mercadante disse ainda que os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), embora não escapem dos efeitos da crise, estariam mais bem posicionados para enfrentar a desaceleração da economia e a forte contração do crédito internacional, ao contrário de outros países de economia aberta.

Entre os instrumentos de defesa para enfrentar a crise, Mercadante lembrou que o Brasil poderá ter acesso a um fundo de US$ 30 bilhões do tesouro americano, destacando ainda que o sistema financeiro local não sofre a ameaça de insolvência, como ocorre nos Estados Unidos e na Ásia.

Mercadante também salientou que o depósito compulsório das instituições financeiras no Banco Central brasileiro é elevado, em torno de 50%, ao contrário do que ocorre em países como a Argentina e o México, o que poderá ser útil para amenizar o impacto da falta de crédito global.

- Não temos mais dívida pública atrelada ao dólar, mas é evidente que a receita tributária vai cair no início do ano que vem. No quadro de desaceleração e perda da receita fiscal, é preciso saber quais serão os nossos passos. Assim que o Banco Central estabilizar a taxa de câmbio, teremos espaço para reduzir a taxa de juros e, assim, aumentar a capacidade de investimento e gasto público - afirmou.



26/11/2008

Agência Senado


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