Mercadante diz que Brasil precisa ganhar com a crise



O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse nesta terça-feira (14) que o governo tem que ter um diálogo construtivo com a oposição para preparar o Brasil para sair na frente no novo ciclo econômico que virá após a crise financeira internacional. Ele lembrou que, na crise de 1929, quando bolsas de valores de todo o mundo entraram em colapso e o preço do café desabou, o governo brasileiro encontrou uma saída criativa ao decidir substituir as importações e dar a partida na industrialização do país.

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- O Brasil saiu maior do que entrou na crise com a mudança no padrão de desenvolvimento. Na crise atual, US$ 20 trilhões viraram pó. Estamos iniciando um novo mundo e o Brasil tem vantagens em relação aos outros países que compõem o chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), como a democracia consolidada. Os perigos e os riscos são imensos, mas também temos oportunidades que vão se abrir ao longo do processo - afirmou.

Mercadante assinalou que, na história recente, o Brasil não havia enfrentado uma crise dessa magnitude, mas também nunca teve uma linha de defesa tão forte para enfrentá-la. O senador observou que o país conta com US$ 200 bilhões de reservas cambiais, tem a inflação sob controle e uma situação fiscal tranqüila, pois praticamente não tem dívidas vinculadas ao dólar. Além disso, acrescentou que o carro-chefe da economia é o mercado interno, e não as exportações, e que o governo tomou medidas para garantir a liquidez do sistema bancário com a liberação de até R$ 100 bilhões dos depósitos compulsórios.

Na avaliação de Mercadante, o Brasil tem apenas duas vulnerabilidades nesta crise, que são a falta de garantias para o interbancário - empréstimos entre bancos - e as empresas que contraíram dívidas em dólar para especular no mercado de câmbio. Ele lembrou que a Europa destinou 580 bilhões de Euros para garantir o interbancário.

O senador Mão Santa (PMDB-PI) sugeriu, em aparte, que o governo dê prioridade às medidas apresentadas por Mercadante, e não ao Fundo Soberano. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), por sua vez, manifestou seu apoio ao pronunciamento de Mercadante. Já o senador Adelmir Santana (DEM-DF) disse que é preciso garantir que a devolução dos depósitos compulsórios chegue à ponta do setor produtivo, principalmente às pequenas empresas. O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) sugeriu a criação de um mecanismo de limite para evitar corrida a investimentos sem garantia.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) ressaltou a limpeza feita no sistema financeiro pelo presidente Fernando Henrique Cardoso por meio do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer). Jereissati afirmou que é fundamental reconhecer a importância do Proer e a necessidade da intervenção do estado quando há riscos. Ele lamentou que o governo e o Congresso Nacional não estejam preocupados com a diminuição dos gastos públicos.

Da Redação / Agência Senado



14/10/2008

Agência Senado


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