Mercadante diz que cassar visto do jornalista foi a resposta política possível



O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu o Palácio do Planalto contra as críticas dos que consideraram errado cassar o visto do jornalista Larry Rohter, autor de matéria publicada no New York Times sobre o suposto alcoolismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Talvez o gesto de cassar o visto não seja a melhor resposta, mas não há instrumento ágil, não há outra resposta política possível - afirmou o líder.

No mesmo discurso, Mercadante informou que o governo também tentará reparar o prejuízo à sua imagem pela via judicial.

- Um caminho que evidentemente o governo brasileiro vai trilhar é o caminho da justiça americana, é ir buscar o direito de resposta que, lá como aqui, tem uma tramitação jurídica relativamente incerta e não tão rápida quanto o fato é merecedor de resposta.

O senador disse que não vê outros instrumentos disponíveis para que um país em desenvolvimento possa disputar seus interesses e preservar a imagem de um chefe de Estado que "foi agredido de forma brutal". Ele também observou que, mesmo que o Legislativo votasse uma moção de repúdio contra a ofensa feita a Lula, "qual seria a repercussão internacional dessa decisão? Que segurança teríamos de que um veículo como o New York Times publicaria, com o mesmo espaço e a mesma ênfase, a resposta unânime das forças políticas brasileiras?"

De acordo com Mercadante, o jornal americano sequer permitiu ao governo brasileiro exercer o direito de resposta a que a parte ofendida teria direito, com o espaço e importância que a matéria de Larry Rohter merecera. Ele disse que os instrumentos que um país como o Brasil dispõe para defender seus interesses em episódios como esse são muito precários diante das regras que vigoram hoje na convivência entre os países.

O parlamentar sublinhou a importância que a imprensa norte-americana tem na difusão de imagens e sobre a percepção que milhões de pessoas no planeta têm sobre um governo.

- Compreendo algumas manifestações que foram feitas em Plenário, mas que sejam feitas com o devido equilíbrio, que a gente não perca de dimensão quem de fato foi agredido, onde se iniciou esse processo e quem é vítima dessa ocorrência - pediu o líder.

Em sua opinião, o caso não se limita ao presidente Lula e a discussão do assunto deve ser aprofundada para que sejam criados instrumentos mais eficazes de defesa da democracia e dos interesses dos países em desenvolvimento diante de episódios como esse. "Para que não sejam necessárias medidas tão drásticas como essa que foi tomada, que seguramente é uma medida bastante polêmica."

No entender do senador, o argumento de que a matéria do New York Times é apenas uma matéria e que não mereceria uma resposta dura do governo brasileiro é um argumento precário.

- Precário porque é uma matéria de um jornal com grande influência, que repercute internacionalmente e que atinge uma dimensão fundamental da vida de qualquer homem público, que é a credibilidade.



12/05/2004

Agência Senado


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