Mercadante ressalta luta de Ulysses contra o regime militar



Em seu discurso em homenagem a Ullysses Guimarães, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) lembrou que o país viveu por quase 25 anos sob uma ditadura militar, "época em que houve opressão, censura e tortura, em que os partidos foram amordaçados e em que a liberdade de expressão, o direito de voto, o sonho de uma Constituinte e a luta pela anistia eram valores decisivos daqueles que queriam construir um país mais democrático". Ele ressaltou o papel decisivo de alguns de líderes políticos naquele período, não apenas pela capacidade de articular e de agregar, como Ulysses Guimarães, mas também pela coragem cívica de se opor ao regime militar nos momentos mais difíceis.

- Ulysses não começou a luta pela democracia quando ela ganhava as ruas nas grandes manifestações; começou muito antes, quando poucos se opunham verdadeiramente àquela presença opressora de um regime militar, que castrou os sindicatos, reprimiu a representação política, cassou mandatos, mandou toda uma geração ao presídio ou à clandestinidade - disse o senador.

Mercadante disse ainda que Ulysses foi um dos maiores símbolos da representação parlamentar, tendo sido, acima de tudo, um deputado federal.

- Sua biografia é verdadeiramente a Câmara dos Deputados, a luta parlamentar, os projetos de lei - afirmou

Mercadante recordou o momento em que iniciava seu primeiro mandato parlamentar como deputado federal, aos 36 anos de idade, em 1990, quando Ulysses já tinha 44 anos de vida parlamentar. Relembrou conselhos preciosos de Ulysses, que guardou ao longo de sua carreira política: que guardasse no coração um local reservado aos traidores; que se ocupasse de coisas grandes, não perdesse tempo com coisas pequenas, pois caso o fizesse, seria tão pequeno quanto elas.

Outro conselho a que Mercadante disse ter dado ouvidos foi o de ser solidário e fazer-se presente em momentos difíceis, quando alguém estivesse doente em um hospital ou fosse demitido de um cargo. Ulysses teria lhe ensinado, contou Mercadante, que sua presença não era necessária quando alguém fosse promovido ou casasse um filho.

Outro episódio relatado por Mercadante foi o convite do então presidente Fernando Collor de Mello para que Ulysses fosse ministro das Relações Exteriores, quando ambos estavam em Camarões, na África, para uma reunião da União Interparlamentar. Ulysses recusara o convite que ouviu por telefone do deputado Luis Eduardo Magalhães de forma direta: "Não é bom para o MDB; não é bom para a Câmara dos Deputados; não é bom para o governo; não é bom para o Brasil."

Mercadante finalizou seu pronunciamento recordando outra passagem da vida de ambos em que teria feito uma viagem aérea de retorno a São Paulo na companhia de Ulysses e em que o vôo fora tumultuado devido a uma tempestade. Mercadante disse que brincou com Ulysses sobre a possibilidade de ambos morrerem e ele se tornar nome de avenida, ao que o Ulysses teria retrucado: "Se vir o meu caixão andando na rua saiba que vai ali um homem contrariado".

- Ninguém jamais viu. Seu corpo ficou no mar, sua história, sua biografia, sua presença vão ficar sempre na memória do povo brasileiro - disse Mercadante, que fez uma referência ao comício do Anhangabaú em que Ulysses e outras figuras históricas do movimento pelo retorno à democracia conseguiram reunir 1 milhão de pessoas.

 O senador recebeu aparte do colega Neuto de Conto (PMDB-SC).



04/10/2007

Agência Senado


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