Mercadante vê provas consistentes contra ACM



Durante a reunião em que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ouviu o jornalista Luiz Cláudio Cunha nesta quinta-feira (3), o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse acreditar que as provas apresentadas até o momento sobre o envolvimento do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) no caso das escutas telefônicas ilegais realizadas na Bahia são -contundentes, consistentes e concretas-.

Sobre restrições feitas ao testemunho do jornalista Luiz Cláudio Cunha, que contaria apenas com sua própria lembrança da primeira conversa travada sobre o assunto com Antonio Carlos, Mercadante destacou que toda testemunha só tem sua memória como instrumento para prestar depoimento.

Ao responder a questionamento do senador Jefferson Péres (PDT-AM), o jornalista Luiz Cláudio Cunha, da revista IstoÉ, disse que não gravou a conversa tida com o senador Antonio Carlos no gabinete, no dia 30 de janeiro, mas que, de memória, transcreveu mais tarde tudo o que foi conversado. O jornalista disse ter comentado com o chefe dele, Thales Faria, a conversa em que o senador baiano teria afirmado possuir um dossiê conseguido por meio de grampo, sobre o qual teria pedido sigilo absoluto. Uma segunda conversa, esta gravada, teria sido mantida entre o jornalista e o senador no dia 6 de fevereiro. Luiz Cláudio Cunha destacou que em ambas as conversas Antonio Carlos Magalhães já era senador diplomado.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) perguntou se o jornalista confirmaria suas afirmações em uma possível acareação com Antonio Carlos e a ex-namorada do senador, Adriana Faria, uma vez que Luiz Cláudio Cunha e Adriana são as únicas pessoas que atestam terem ouvido o senador assumir a autoria dos grampos. O jornalista afirmou que repetirá o testemunho quantas vezes for necessário, que continuará testemunhando que ouviu a afirmação de Antonio Carlos e que dirá o mesmo em qualquer instância.

Em resposta ao senador Sibá Machado (PT-AC), Luiz Cláudio Cunha afirmou ter publicado todas as informações relevantes e não ter sofrido pressão de ninguém para deixar de publicar algo. O jornalista disse também que não teme pela própria integridade física por estar prestando esses depoimentos ao Conselho de Ética. Para o senador Flávio Arns (PT-PR), como testemunha, o jornalista não precisa obrigatoriamente apresentar provas da primeira conversa travada com Antonio Carlos Magalhães.

O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) questionou ao jornalista por que apenas o laudo de veracidade da fita foi entregue a alguns senadores do PT e a fita em si não foi mostrada. O jornalista explicou que o laudo foi mostrado a senadores do PT para demonstrar a eles a relevância da investigação.

- Não mostramos a fita porque achamos que o Conselho de Ética seria o foro adequado para mostrá-la - declarou Luiz Cláudio Cunha.

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) observou que não cabe ao Conselho de Ética julgar como se deve proceder em relação ao off (informações publicadas sem citação de fonte).

Respondendo ao senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que havia afirmado que o depoimento do jornalista não tinha deixado claro que Antonio Carlos Magalhães seria o mandante do grampo, Luiz Cláudio disse acreditar que as declarações gravadas em fita demonstram que Antonio Carlos tinha envolvimento maior com a matéria do que apenas o de alguém que ouviu as fitas.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) registrou sua solidariedade total a Luiz Cláudio Cunha, a quem definiu como uma pessoa digna e honrada.

- Luiz Cláudio Cunha é um dos jornalistas mais respeitados no Brasil - afirmou, observando que o senador Antonio Carlos Magalhães será julgado na hora oportuna.

Conforme o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), seu partido tem pressa em resolver o caso. Virgílio disse ainda que julga ser imprescindível que o senador pela Bahia seja ouvido pelo Conselho de Ética, para ter direito de defesa e dar subsídios ao relator.



03/04/2003

Agência Senado


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