Mestrinho pede uma análise mais racional dos transgênicos



O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) considerou preocupante e sem sentido a proibição do cultivo de produtos geneticamente modificados no Brasil. Ele pediu nesta terça-feira (18) uma reflexão sobre o uso da biotecnologia na agricultura, um tema que, em sua opinião, diz respeito ao processo de desenvolvimento nacional, ao fortalecimento da economia e à melhoria das condições de vida do brasileiro, especialmente dos que se dedicam a atividades do campo.

Ele disse que o Brasil tem pago um preço muito alto por seu atraso na corrida tecnológica e citou como exemplo o equívoco que significou a tentativa de fazer uma reserva de mercado para a informática. De acordo com Mestrinho, com a democratização da informática no limiar do novo milênio, a nova onda do conhecimento já é a biotecnologia.

O parlamentar afirmou que as soluções da biotecnologia são adotadas cada vez mais pelos países desenvolvidos - -nossos concorrentes diretos especialmente na produção agrícola-. Outra afirmação do senador: os alimentos geneticamente modificados são consumidos por mais de 55% da população mundial, produtos comprovadamente seguros em seus efeitos na saúde humana e no meio ambiente.

No mesmo discurso, o senador afirmou que a indústria que respaldou o mercado de defensivos agrícolas se tornou poderosa e hoje movimenta cerca de US$ 40 bilhões. Disse ainda que, no Brasil, os negócios com agrotóxicos alcançam a cifra de US$ 2,5 bilhões e que esses custos não foram capazes de reduzir as pragas que atacam as safras convencionais no mundo inteiro, que já receberam mais de 3 milhões de toneladas de inseticidas clorados.

Conforme Mestrinho, os danos resultantes dos agrotóxicos já alcançaram a cadeia genética humana e o meio ambiente, sobretudo o solo e os aqüíferos. Daí porque ele considera explicável que, à luz dos interesses de mercado, essa indústria se levante contra as soluções da biotecnologia.

- Até hoje, em todos os estudos realizados com alimentos geneticamente modificados, nenhum indício foi encontrado de que safras desses produtos apresentaram riscos especiais. E, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os alimentos geneticamente modificados hoje disponíveis foram mais testados do que qualquer outro em toda a História.

Na avaliação de Mestrinho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não é responsável por esse impasse, haverá de atentar para um posicionamento coerente -com seu compromisso de brasilidade e de busca de caminhos sólidos, soberanos e promissores para o Brasil, recusando a opção pelo atraso e pela exclusão de nossos produtos dos mercados mundiais-.

Apartearam o senador, solidarizando-se com sua preocupação, os senadores Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR), Leomar Quintanilha (PFL-TO), Mão Santa (PMDB-PI), Ney Suassuna (PMDB-PB), Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS), Hélio Costa (PMDB-MG) e Marco Maciel (PFL-PE).



18/03/2003

Agência Senado


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