TIÃO VIANA QUER RIGOR CIENTÍFICO NA ANÁLISE DE TRANSGÊNICOS



Motivado pelo debate promovido pelo Senado Federal acerca de alimentos transgênicos, o senador Tião Viana (PT-AC) pediu nesta sexta-feira (dia 11) que o país tenha responsabilidade e privilegie o rigor científico antes de liberar a produção e comercialização desses alimentos.- Ninguém pode dizer que é contra essa revolução tecnológica que pode eliminar agrotóxicos, melhorar a obtenção de produtos vegetais e animais, aumentar a produção e o alcance de consumo da população. Mas não podemos tomar uma atitude impensada ou precipitada a esse respeito - afirmou o senador, em plenário.Para Viana, a saúde da população e a preservação do meio ambiente antecipam-se à questão de mercado. Como exemplo, o senador citou a indústria farmacêutica, que obedece a critérios e prazos até liberar produtos para o consumo da população. Quanto à transferência de conhecimentos da engenharia genética para a produção de alimentos, Viana acredita que os estudos ainda são incipientes e precisam de maior rigor.O senador louvou a posição adotada pela União Européia e a Academia Britânica de Medicina que pediram uma moratória para realizarem mais estudos sobre agravos para a saúde humana e o meio ambiente antes de liberarem os transgênicos, em oposição aos Estados Unidos, que defendem a comercialização desses produtos imediatamente.A iniciativa do Ministério da Saúde de delegar a fiscalização de produtos transgênicos à Fundação Instituto Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, também foi elogiada pelo senador, por se tratar de um centro de excelência acadêmica.Viana alertou para problemas que podem advir de uma liberação inconseqüente de produtos genéticos pelo Brasil, que tem uma dívida social na área de fiscalização de alimentos, que "não consegue sequer erradicar a febre aftosa", o que acarreta enormes prejuízos para o país.Para ilustrar, o senador lembrou as dificuldades enfrentadas pela Bélgica, que recentemente identificou produtos de origem animal intoxicados pela dioxina, substância que provoca tumores, além de alterações congênitas, na pela e no sistema imune. Somados aos males à saúde, continuou, os prejuízos daquele país podem ser imensos, correndo o risco de ser levado a uma corte internacional.- O lucro não pode se sobrepor à responsabilidade da ciência de resguardar a saúde da população. Essa é uma área delicada. O setor produtivo deve ter o maior cuidado ao falar da produção de transgênicos - disse.A posição da empresa Monsanto, que se dedica ao estudo de transgênicos, de defender a liberação desses produtos foi abordada com cautela pelo senador. Ele lembrou que a empresa está construindo uma fábrica de US$ 500 milhões na Bahia para a fabricação de pesticidas. A Monsanto, disse, foi responsável no passado pela produção do DDT, banido do Brasil apenas no ano passado, e do agente laranja, usado como arma química em guerras.

11/06/1999

Agência Senado


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