METADE DO DINHEIRO DAS CC-5 PODE SER IRREGULAR, DIZ PROCURADOR



Durante as investigações sobre contas CC-5, o procurador da República em Cascavel (PR), Celso Antônio Três, constatou que cerca de R$ 7,5 bilhões foram remetidos ao exterior por pessoas físicas e mais de R$ 100 bilhões por pessoas jurídicas nos últimos sete anos. Desse montante, o procurador suspeita que pelo menos metade do dinheiro tenha origem suspeita e pode ser fruto de ilícitos como tráfico de drogas, corrupção e contrabando, entre outros.Somente entre as pessoas físicas, Três avalia que pelo menos R$ 5 bilhões foram enviados ao exterior por "laranjas", ou seja, titulares de conta corrente de fachada que não são os responsáveis pela movimentação do dinheiro. Entre as empresas e instituições financeiras o procurador também diz ter encontrado indícios de irregularidades.- Há bancos que mandam para o exterior valores superiores a seus ativos. É evidente que há problemas - afirmou o procurador, durante a parte de seu depoimento que foi aberta ao público. O depoente citou ainda a existência de firmas de factoring e outras empresas que movimentam somas vultosas sem ter como justificar o faturamento.Durante seu depoimento, o procurador atribuiu à CPI dos Precatórios a possibilidade de as contas estarem sendo investigadas hoje, pois naquela investigação foi identificado que a região de Foz do Iguaçu (PR), divisa com o Paraguai, é uma das principais portas de passagem de dinheiro de origem duvidosa.Depois de o Banco Central autorizar, em maio de 1996, que instituições financeiras paraguaias abrissem contas CC-5 em bancos brasileiros em Foz do Iguaçu, Três informou que a movimentação de dinheiro diária passou a ser de R$ 28 milhões. Mas, continuou, o dinheiro também passa entre Foz e Ciudad del Este, no Paraguai, através de carros-forte, sem que haja a devida fiscalização.

02/06/1999

Agência Senado


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