Mídia divulga mitos sobre o crack e minimiza malefícios do álcool



Durante audiência pública na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) na tarde desta terça-feira (27), a secretária Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte, anunciou que o ministério vai divulgar no final de maio de 2011 o primeiro estudo amplo e aprofundado sobre a realidade do crack no Brasil. Ela foi a quinta de sete palestrantes que debateram o papel informativo e educacional dos meios de comunicação social no combate às drogas e à violência no ambiente escolar.

VEJA MAIS

De acordo com a secretária, este será a primeira pesquisa científica rigorosa sobre o consumo de crack no Brasil, com análises epidemiológica e etnográfica da droga em território nacional. Segundo ela, será um trabalho sem similar no mundo.

- Não há estudo nacional reconhecido academicamente que nos dê o número real de usuários de crack no Brasil. Estamos concluindo em 20 dias o maior estudo desse tipo no mundo, foram 25 mil pesquisados em todo o Brasil - informou a secretária nacional, acrescentando que o estudo foi feito em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Paulina Duarte afirmou também que a mídia brasileira tem papel de destaque na discussão do tema das drogas. Mas advertiu que os meios de comunicação também podem atrapalhar essa luta, ao divulgarem informações errôneas ou suposições equivocadas. Ela exemplificou com a informação inverídica (mas divulgada constantemente pela mídia) de que o crack vicia a pessoa logo depois do primeiro uso.

- O crack não vicia só com "uma fumada". Não se fica dependente só com "uma fumada", não é verdade - afirmou.

Ela também afirmou que o crack não é o maior problema de saúde pública do Brasil, apesar de ser uma droga preocupante e devastadora, cujo combate recebe recursos significativos do governo.

- O maior problema de saúde pública do Brasil em relação às drogas é o álcool. E o acesso de crianças e adolescentes a bebidas é muito fácil. Isso a mídia também tem que mostrar - disse.

Paulina Duarte defendeu ainda que o estado brasileiro deve focar o combate às drogas levando em consideração a prevenção com informações qualificadas e "orientação real e efetiva", o controle familiar e social e a fiscalização e repressão.

Por sua vez, o secretário adjunto de Justiça do Distrito Federal, Jefferson Francisco Ribeiro, relatou as ações educativas que o governo distrital está implantando de prevenção ao uso de drogas, como o "Viva Vida, Droga Comigo não Rola", destinado para estudantes de escolas públicas e particulares da 6ª à 9ª série.

Já o vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), José Francisco de Araújo Lima, também ressaltou que os meios de comunicação brasileiros têm muito a colaborar no combate à violência e às drogas nas escolas do país.

Também participaram da audiência pública a promotora de Justiça da Promotoria de Educação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Márcia Pereira da Rocha, o conselheiro da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Paulo Tonet Camargo, o secretário adjunto de Segurança Pública do estado de São Paulo, Arnaldo Hossepian Salles Lima Júnior, o técnico em assuntos educacionais do Ministério da Educação, Walisson Maurício de Pinho Araújo, além dos senadores Gim Argello (PTB-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Waldemir Moka (PMDB-MS), Marta Suplicy (PT-SP), Valdir Raupp (PMDB-RO), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Eunício de Oliveira (PMDB-CE), presidente do colegiado.



27/04/2011

Agência Senado


Artigos Relacionados


Subcomissão dos Caminhoneiros debate malefícios do álcool e estimulantes

Subcomissão apresenta relatório sobre dependência de álcool, 'crack' e outras drogas

CAS deve votar no dia 14 relatório da Subcomissão sobre Álcool, Crack e Outras Drogas

ANP divulga regulamentação sobre mercado de álcool em 15 dias

Ministério da Justiça divulga nova pesquisa sobre crack

Senad divulga vencedores de concursos sobre prevenção ao uso de crack