Militares iniciam ajuda à população amazônica vítima de enchentes
Cerca de 500 militares das Forças Armadas, três navios equipados com lanchas e unidade de atendimento médico, oito lanchas das capitanias dos portos do Amazonas, além do Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), foram disponibilizados para atuar no apoio à Defesa Civil do Amazonas, em auxílio às vítimas das chuvas.
A informação foi confirmada na quarta-feira (9) pelo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, após reunião no Palácio do Planalto com a presidenta Dilma Rousseff. A operação de apoio foi iniciada no dia 4 de maio, com a participação de navios de assistência hospitalar da Marinha do Brasil.
A ação mobiliza parte do efetivo militar empregado na Operação Ágata 4, que combate ilícitos na fronteira com Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa desde o início deste mês. No apoio para lidar com as cheias, as Forças Armadas atuarão no resgate da população em áreas de risco, cadastramento de famílias que tiveram prejuízos com os efeitos da enchente e distribuição de medicamentos e cestas básicas. A ajuda militar deve durar pelo menos 60 dias.
Mobilização no Amazonas
A mobilização no Amazonas foi tema de reunião, na quarta-feira, realizada por meio de videoconferência entre o Palácio do Planalto – onde se encontrava a presidenta Dilma Rousseff e o general De Nardi, representando o Ministério da Defesa – e o Palácio Rio Negro, em Manaus, onde estava o governador Omar Aziz.
Segundo De Nardi, desde o início do mês o governo amazonense vinha solicitando a ajuda das Forças Armadas. O primeiro contato foi feito pelo vice-governador José Melo, em uma reunião com oficiais do Comando Militar da Amazônia (CMA).
Na ocasião, José Melo informou que, pelo menos, 39 municípios estavam em situação crítica em função das enchentes. O transbordamento dos rios Negro, Solimões e Madeira teria desabrigado cerca de 70 mil famílias em todo o estado. A Marinha foi a primeira das Forças Armadas a prestar auxílio. Desde o dia 4 de maio, três navios equipados para socorrer as populações ribeirinhas foram colocados à disposição do governo estadual.
O navio de assistência hospitalar Soares está na região de Santo Antonio do Içá, situado na região do Alto Solimões, com três lanchas de apoio. O navio de assistência hospitalar Monte Negro foi posicionado nas proximidades do município de Tefé, no Médio Solimões, também com três lanchas. Além deles, o navio fluvial Pedro Teixeira, equipado com helicóptero, se encontra em Manaus. A participação da Marinha engloba efetivo de 260 militares, incluindo também oito lanchas das capitanias de Manaus, Parintins, Tabatinga e Itacoatiara.
Na manhã de quarta-feira, o Comando Militar da Amazônia confirmou a mobilização de 200 soldados do 1º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército. Os militares trabalharão em apoio aos funcionários da Defesa Civil no resgate de moradores na região da enchente.
Hospital de Campanha
O Hospital de Campanha (HCamp) da FAB, que apoiava as ações da Operação Ágata 4 no município de Barcelos e no distrito de Moura, também vai ser empregado pelas Forças Armadas. O equipamento, que já foi utilizado nas tragédias do Haiti e México e no atendimento a flagelados das enchentes em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, estará à disposição do governo amazonense.
Montado em uma balsa da Comissão de Aeroportos da Amazônia, o HCamp zarpou de Manaus na tarde do dia 1º de maio e chegou a Moura no dia 3 de maio em direção ao lugarejo de Moura. Lá, prestou cerca de 700 atendimentos e procedimentos médicos, entre exames e consultas, nas especialidades de clínica médica, ortopedia, ginecologia, citopatologia, pediatria, odontologia e dermatologia.
O hospital tem capacidade para realizar exames de ultrassom, raio-X e hemograma. De Moura, o equipamento foi deslocado para o município de Barcelos. Em quatro dias e meio de atendimentos nas duas localidades, o HCamp distribuiu 8,7 mil unidades de medicamentos. A ação é resultado de uma parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas, Secretaria Municipal de Barcelos e laboratórios que doaram remédios para o atendimento da população ribeirinha. A estimativa do diretor do hospital, tenente-coronel médico Roberto Thury, é de realização de 3 mil consultas até a próxima sexta-feira (11).
Esse aparato militar deve permanecer à disposição do governo do Amazonas por dois meses. No entanto, o Ministério da Defesa poderá estender o período caso haja necessidade.
Recursos
O Ministério da Integração Nacional anunciou, na quarta-feira, o repasse de R$ 7 milhões ao governo do Amazonas para ações de socorro, assistência às vítimas e aquisição de produtos de higiene e limpeza, medicamentos e alimentos. A autorização foi publicada em portaria no Diário Oficial da União. Até o momento, o governo do Amazonas já recebeu, em repasses do governo federal, R$ 17,5 milhões.
Fonte:
Ministério da Defesa
10/05/2012 12:48
Artigos Relacionados
Militares que assumirão Missão no Haiti em 2011 iniciam preparação
Hospitais militares ainda atendem nas regiões das enchentes
Serys denuncia condições precárias da população amazônica
Forças Armadas mobilizam mais de 700 militares para ajudar vítimas de enchentes em SC
ACM clama por ajuda a municípios baianos atingidos por enchentes
Jefferson Praia cobra políticas públicas para a população amazônica