Ministério da Saúde debate violência e juventude



Encontro entre a organização não-governamental Cure Violence e o governo brasileiro discute ações para combater a violência entre jovens. O evento permitiu a troca de experiências entre diversos atores envolvidos na temática. “Essa é uma possibilidade de aprendermos com a experiência de outros no sentido de reduzir a violência, que é também um problema relacionado à saúde”, declarou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou do debate, juntamente com Lori Toscano, que dirige o programa Safe Streets, em Baltimore, nos Estados Unidos.

Também participaram do debate representantes da Secretaria Nacional da Juventude da Presidência da República, do Departamento de Análise de Situação em Saúde do Ministério da Saúde e do Fórum Nacional da Juventude Negra.

O trabalho compartilhado no debate utiliza uma metodologia inovadora para a prevenção da violência, ao considerá-la uma epidemia. Para diminuir os efeitos dessa “doença”, a entidade propõe que sejam implementadas estratégias que interrompam ou diminuam sua “transmissão”.

Lori Toscano explica que a ideia é obter mudança de comportamento por parte dos jovens. “A longo prazo, tentamos mudar a normas de conduta da comunidade, de modo que as pessoas deixem de considerar a violência algo normal, e parem de utilizá-la como a forma primordial de resolução de grande parte de seus problemas”, esclarece. Dentro desta perspectiva, o programa Safe Streets, desenvolvido pela ONG em Baltimore (EUA), vem obtendo bons resultados na redução da violência entre jovens nas áreas mais vulneráveis da cidade – em algumas, o número de homicídios foi reduzido em mais de 50% entre 2003 a 2010.

A abordagem prática do programa utiliza os chamados “agentes de mudança” (change agents), profissionais responsáveis por identificar e intervir em situações de violência. Esses agentes são, geralmente, membros da comunidade envolvidos anteriormente em situações de criminalidade e que contem com o respeito dos jovens ativamente inseridos no ambiente violento. Esses atores conseguem desenvolver um bom diálogo com os indivíduos-alvo do programa, agregando gradativamente aos jovens e à comunidade em geral uma nova perspectiva de rejeição da violência. Eles também auxiliam os moradores a ter acesso a serviços públicos para mudar de vida, por meio da obtenção de oportunidades de trabalho ou tratamento médico no caso de dependência química.

Diversos países – tais como África do Sul, Estados Unidos, Inglaterra, Iraque e Porto Rico – implementaram projetos da Cure Violence para enfrentar a questão da violência. Os resultados são ótimos. Na África do Sul, por exemplo, houve redução em 78% do índice de pessoas baleadas e em 66% do número de homicídios nas áreas em que a instituição desenvolve ações. Com base nisso, o Ministério da Saúde está estabelecendo diálogo com a entidade e analisando a possibilidade da implantação de programas similares no Brasil.

Ações existentes

Em 2012, o governo federal lançou o plano Juventude Viva, construído pelo Ministério da Saúde e outros dez ministérios, com a colaboração de diversas entidades e movimentos sociais. Suas ações pretendem ampliar os direitos da juventude, contribuindo para a desconstrução da cultura de violência, a transformação de territórios atingidos por altos índices de homicídios e o enfrentamento ao racismo institucional contra jovens com a sensibilização dos agentes públicos.

O programa lançou o edital “Vivajovem.com”, uma chamada pública visando ao fomento de ações desenvolvidas por entidades governamentais e da sociedade civil na prevenção do uso de álcool e outras drogas e de violências entre jovens. Foram 14 projetos selecionados, perfazendo repasses totais de R$ 4 milhões, com a perspectiva de 3 mil jovens diretamente beneficiados e cerca de 17 mil pessoas atingidas pelas ações de multiplicação planejadas. A segunda chamada deve acontecer no início de 2014.

Outro projeto voltado para o tema é o “Nas ondas do rádio”, que prevê programas radiofônicos para prevenção da violência contra crianças e adolescentes. Em fase de implantação no Nordeste e na Amazônia Legal, já sensibilizou 106 radialistas na temática de violência, com atualização da linguagem radiofônica para abordagem do tema, produziu 22 peças radiofônicas produzidas e gravou e distribuiu mil CDs com as peças.

Já o Programa Saúde na Escola (PSE), instituído em 2007 pelos ministérios da Saúde e da Educação desenvolve práticas de promoção, prevenção da saúde e construção de uma cultura de paz nas escolas públicas. Escola e Rede Básica de Saúde ficam em articulação, em uma estratégia de integração da saúde e educação para o desenvolvimento da cidadania e da qualificação das políticas brasileiras.

Fonte:

Ministério da Saúde



12/12/2013 14:02


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