Ministério Público recebe denúncias de azuizinhos









Ministério Público recebe denúncias de azuizinhos
Deve chegar esta semana na mesa do coordenador da Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público, Alexandre Lipp João, um relatório com as denúncias do Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito e Transporte de Porto Alegre (Sintran). O documento contém queixas referentes à segurança, advertências, suspensões e demissões contra os azuizinhos, e foi enviado pelo relator da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh) da Câmara Municipal, vereador Cassiá Carpes (PTB).

A denúncia deu origem a um processo, em que foram ouvidos vereadores, agentes de trânsito, representantes da Empresa Pública de Trânsito e Circulação (EPTC) e Brigada Militar. Os azuizinhos reivindicam qualificação profissional, transparência na arrecadação e equipamento de segurança nas blitze feitas em áreas perigosas e à noite, como coletes à prova de balas.

O presidente do Sintran, Marcelino Pogozelski, afirma que muitos profissionais encaram a função como provisória, pois não há cursos de qualificação nem plano de carreira. De acordo com o Sintran, desde 1999, mais de cem integrantes da categoria deixaram os quadros da EPTC por estes motivos ou por demissões consideradas injustas e perseguições.

Os azuizinhos denunciaram uma suposta "indústria da multa" e que 5% dos R$ 21 milhões arrecadados anualmente pelo Município com as notificações deveriam ser destinadas à educação de trânsito para a população. No dia 19 de abril, cerca de 80% dos 370 azuizinhos paralisaram as atividades durante 14 horas em protesto pelo "descrédito dispensado pela EPTC aos fiscais de trânsito."

Segundo o diretor da EPTC, Luiz Carlos Bertotto, o dissídio da categoria está sendo negociado desde outubro de 2001. Ele ressaltou que o Sintran apresentou uma pauta com 56 exigências, "das quais 37 foram atendidas". Entre elas, a definição de plano de carreira e de código disciplinar e a manutenção do aumento salarial bimensal, com adicional de 10% para os que atuam nas ruas. Sobre o uso de colete à prova de balas, argumentou que é inadmissível.


Estatuto completa 12 anos com debates e festas
Os 12 anos de promulgação da lei federal 8.069/90, que rege o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), estão sendo marcados com uma semana repleta de shows, apresentações artísticas e ciclos de debates em Porto Alegre. A programação da 3ª Semana do Estatuto da Criança (3ª Semaneca) foi aberta ontem, no Largo Glênio Peres, e prosseguirá até sábado, quando será comemorado o aniversário do ECA.

No térreo e nos terraços do Mercado Público, ocorre das 9h às 19h a Multifeira de Interesses da Criança e da Juventude, promovida pelo Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR). Dez estandes-bancas de instituições de proteção à criança comercializam camisetas e distribuem folhetos de
esclarecimentos sobre gravidez na adolescência e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. A feira também reúne exposição de artes visuais, como o grafite, e oficinas de várias modalidades artísticas, como dança de rua e apresentação de grupos de hip-hop.

Hoje, às 19h, será aberto o Seminário 12 anos do ECA - Enfoque Legal e Prático, organizado pelo Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul (Iargs). O evento prossegue até sexta-feira. Na Casa de Cultura Mário Quintana, o público poderá assistir a uma mostra de vídeos e filmes sobre a infância e a adolescência.

Amanhã e sexta-feira, no auditório Dante Barone da Assembléia Legislativa, haverá um ciclo de debates, onde serão discutidos vários tópicos do ECA e vai reunir professores, estudantes, familiares e entidades ligadas à infância e juventude.

A abertura da 3ª Semaneca também marcou mais uma etapa da campanha para a criação do selo Compromisso com a Criança e o Adolescente. A lei de autoria da vereadora Sofia Cavedon (PT) institui o título para quem fizer doações ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança (Funcriança). Até o dia 9 de agosto, alunos das escolas públicas e particulares da Capital poderão criar desenhos, frases ou pinturas a respeito do tema.

BOX:
Programação da 3ª Semaneca:
Dia 10
14h - Oficinas de dança de rua, hip-hop e grafite, no Mercado Público
19h - Seminário 12 anos do ECA , na Câmara Municipal
Dia 11
14h - Ciclo de debates sobre o ECA, na Assembléia Legislativa
14h - Oficinas no Mercado Público
19h - Seminário 12 anos do ECA
Dia 12
14h - Ciclo de debates sobre o ECA
19h30min - Noite Cultural - ECA, Ritmo e Poesia, shows com rap, break e vídeos, na Assembléia
Dia 13
10h - Aniversário do ECA, no Largo Glênio Peres, com shows de hip-hop, pagode, dança gaúcha, dança de rua e grafitagem coletiva de painéis
11h - Entrega de conclusões dos debates.


Propaganda eleitoral já está causando polêmica
O período oficialmente autorizado para propaganda eleitoral mal iniciou - dia 6 - e já está causando polêmica entre os partidos. A partir da meia-noite de sábado, os postes e viadutos começaram a ser tomados por placas e cartazes de diversos candidatos de várias siglas. Houve, no entanto, um predomínio de publicidade das candidaturas petistas.

O deputado estadual Paulo Odone (PPS), que este ano concorre a uma vaga na Câmara Federal, está denunciando a retirada de placas da sua campanha dos postes de Porto Alegre. "Os candidatos de outros partidos retiram o material que colocamos. Isso vira uma guerra eleitoral que não poderia acontecer, e a Justiça Eleitoral terá que agir com rigor sobre isso", enfatizou. Se comprovar a retirada, Odone pretende encaminhar denúncia ao Tribunal Regional Eleitoral.

Como disputa uma vaga em um cargo diferente dos três últimos pleitos, o parlamentar argumenta que precisa informar o eleitor sobre seu novo número. "Tenho colocado democraticamente minha propaganda na rua porque as pessoas ainda se surpreendem de eu estar concorrendo a federal. Deveria haver mais respeito entre os candidatos", comentou. Segundo ele, o PT tomou conta dos postes e muros, e os cabos eleitorais do partido podem estar retirando a propaganda dos adversários.

O coordenador da campanha petista, Marcel Frisson, nega que seus correligionários estejam retirando as placas dos outros candidatos. Conforme ele, os petistas foram mais rápidos e competentes na colocação da propaganda. "Estão arrumando desculpas furadas para justificar sua incompetência de não afixar o material de campanha no início do prazo", acusou.

Frisson lembrou que há, ainda, diversas ruas importantes da cidade sem placas de candidatos. "Por que já não colocaram sua propaganda ali? Política é assim: deixou espaço, ocupamos", destacou.

O coordenador da campanha do PT garante que não há orientação partidária para que os filiados retirem o material de propaganda dos adversários. "Salvo algum militante mais afoito, tenho certeza absoluta que ninguém está retirando as placas", assegurou. Afirmou, também, que há uma tradição de respeito no Rio Grande do Sul. "Se começarmos a agir assim, vão fazer o mesmo conosco, e vai virar uma guerra", concordou.


Tarso inicia roteiro em na Capital com caminhadas
O candidato da Frente Popular (PT/PCdoB/PCB e PMN) ao governo do Estado, Tarso Genro, realizou ontem uma caminhada pela Avenida Azenha, inaugurando o seu primeiro contato de rua com os eleitores porto-alegrenses, após a liberação da campanha no último sábado. Tarso visitou a sede da Associação Empresarial Nova Azenha (ANA), onde foi recebido pelo presidente Pedro Zabaleta e por integrantes da diretoria da entidade.

O petista ouviu do representante da Coordenadoria das Associações Empresariais de Bairro de Porto Alegre (CAPA), Waldi r Bronzatto, a necessidade de que o próximo governo estimule uma política governamental que impeça o avanço da economia informal através do apoio ao mercado popular. Bronzatto preside a Junta Comercial do Estado e foi ex-presidente da ANA, como comerciante do bairro. Tarso lembrou que a visão de desenvolvimento da Coordenadoria é a mesma do seu programa de governo, de investir na associação de pequenos e médios comerciantes para fortalecer a base produtiva. "Não somos contra as grandes empresas, apenas achamos que elas devem é sustentar-se sobre o sistema produtivo local, e não serem predadoras", esclareceu.

Tarso disse ter orgulho da sua vinculação com o bairro e com a entidade da Nova Azenha, desde o tempo em que era vice-prefeito da Capital. "Escolhemos esse bairro, porque ele sinaliza uma visão de crescimento descentralizado, a mesma que está na base do nosso programa mas também porque está na raiz da minha relação política com a cidade de Porto Alegre. Basta ver o o que era a Azenha há 13 anos atrás e o que é hoje.

Ela recuperou a vitalidade econômica, as cores e uma boa circulação no trânsito e para nós isso é um motivo de inspiração política nesse início de caminhada". O petista declarou ser impossível visitar todas as associações comunitárias, sindicais e de classe, mas afirmou que outras incursões como a realizada ontem serão feitas tendo como critério a representatividade da entidade.

Acompanhado por Zabaleta, Bronzatto e cerca de cem pessoas, entre cabos militantes e candidatos à Assembléia Estadual, Câmara e Senado federais, Tarso visitou algumas lojas da avenida Azenha no trecho situado entre as ruas Gal.Caldwell e Carlos Barbosa, apertou a mão de eleitores e conversou com comerciários reforçando o seu apoio a posição vitoriosa da categoria contra a abertura do comércio aos domingos.


Rigotto diz que não vai tolerar invasão de terras
O candidato a governador do Estado pela coligação União pelo Rio Grande, Germano Rigotto, reafirmou sua intenção de não permitir a invasão de terras no Estado. Para ele, é preciso apoiar os pequenos agricultores que têm vocação para o trabalho no setor primário. Rigotto lembrou que é importante trabalhar pela reforma agrária, utilizando um sistema que permita ao produtor praticar a agricultura e pecuária de forma sustentável.

"O que não vamos deixar ocorrer é essa ação sistemática, identificada ideologicamente, e realizada pelo MST, que não se preocupa, realmente, com a questão daqueles que querem simplesmente trabalhar na terra", alertou.

Rigotto defendeu a utilização do Banco da Terra para garantir a compra de pequenos lotes de terra. "A Famurs teve que encampar esse sistema no Estado, uma vez que o governo do PT, que tem o MST como seu braço político, rejeita esta fórmula", destacou. O candidato sustenta que o Banco da Terra tem recursos federais que permitem adquirir terras com prazo de pagamento de 20 anos e três anos de carência para o início da quitação.

Durante roteiro pela região de Palmeira das Missões, Germano Rigotto ressaltou a necessidade de se realizar a reforma agrária de uma maneira coerente. "Não podemos ter como exemplo esse sistema colocado em prática pelo governo estadual, que atira uma família em cima de um pedaço de terra, sem lhe garantir um trabalho de assistência técnica dentro de uma política agrícola efetiva", avaliou.

O candidato também debateu com lideranças municipais, algumas ações básicas para a manutenção das populações em seus municípios de origem. "Nosso projeto vai tratar o desenvolvimento econômico e social nas diferentes microrregiões, buscando investimentos que possibilitem agregar valor à produção local", enfatizou ao saber durante visita a regiões como Novo Barreiro, Barra Funda, Liberato Salzano e Novo Xingu, experiências com a frutificultura começam a dar resultados positivos.

Em Engenho Velho e Constantina, Rigotto destacou o trabalho que pretende fazer como governador para ampliar a implantação de agroindústrias nos municípios com vocação para o setor primário. "Vamos formatar uma política creditícia e até fiscal que possibilite a alavancagem de investimentos nessas regiões, buscando na parceria com a União e junto a organismos de financiamento, recursos que nos ajudem a retomar os investimentos no RS", afirmou. Rigotto encerrou seu roteiro visitando Rondinha e Sarandi, de onde viaja para Caxias do Sul, onde participa da homenagem dos clubes locais, Caxias e Juventude, ao treinador pentacampeão, Luiz Felipe Scolari.


Bernardi garante governo parceiro da polícia
O candidato do PPB ao Palácio Piratini, Celso Bernardi, disse ontem em encontro promovido pelo Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Servipol) que em seu governo a polícia gaúcha será parceira na busca de soluções para a crise por que passa a segurança pública no Rio Grande do Sul. Segundo ele, o principal responsável pelo clima de insegurança é o atual governo, que por omissão, incompetência e má fé, desmontou propositadamente a Polícia Civil e a Brigada Militar.

No Servipol, Celso Bernardi disse que a parceria com a polícia irá abranger desde a escolha do Secretário de Segurança, do Comandante da Brigada Militar e do Chefe de Policia, que serão indicados por um Conselho Superior, tendo como critério a qualificação técnica e profissional e não apenas política, até a discussão de um projeto salarial realista para a categoria. "Diálogo, esta será a tônica do meu governo, em especial com os servidores públicos, que queremos sejam nossos principais colaboradores", aifrmou. Paulo de Moura, presidente do Servipol, afirmou que os policias gaúchos estão precisando de um governador que os trate com respeito e dignidade. Ressaltando a importância do papel do policial, o presidente da Associação dos Comissários de Polícia, Francisco de Paula Souza da Silva, chama a atenção de que é pela mão do polícia que passa a garantia da vida, da liberdade e do patrimônio.

Presente ao encontro, Hugo Mardini, candidato ao Senado, declarou que "não existe democracia sem polícia forte". Disse, ainda, que não procede a alegação do atual governo e do seu candidato a governador de que o Programa de Demissão Voluntária (PDV) teve reflexo negativo no combate à criminalidade, pois nos quatro anos de governo petista foram contratados quarenta mil novos servidores e dentre eles nenhum policial.

Também o deputado estadual Francisco Appio criticou a atuação do governo Olívio Dutra, afirmando ser ele o responsável pela destruição dos comandos integrados, das políticas de segurança, dos Concepros e outras formas de organização policial que sempre deram resultado. "Não foi o crime que se organizou mas o Estado que se desorganizou", afirmou. O parlamentar aproveitou o encontro para denunciar que o Rio Grande do Sul é o único no país a possuir um programa de proteção de testemunhas do governo e não do Estado.


Britto destaca programa Mãos Dadas
O candidato da coligação Rio Grande em 1º Lugar, Antônio Britto, visitou ontem a creche Anjinho da Guarda, na Vila Nova Brasília, e disse que pôde constatar os benefícios que o Programa Mãos Dadas, implantado em sua administração, teve sobre as comunidades carentes. A creche foi construída através dos cupons arrecadados no comércio local, que resultaram em recursos repassados pelo Projeto Paguei Quero Nota.

A presidente da creche, Alexandra Garcia, contou a Britto que há alguns anos as crianças da Vila eram atendidas na sua casa, por falta de um local adequado. Com a implantação do Programa Mãos Dadas, no governo Britto, a Associação de Pais e Mães da Vila Nova Brasília dedicou-se a arrecadar notas no comércio local, e com o repasse de verbas foi possível construir a atual sede, com 450 metros quadrados, que atende 115 crianças de zero a seis anos, em turno integral e 15 crianças na faixa dos 7 a 12 anos em turno inverso ao da escola que freqüentam.

Alexandra Garcia disse que o seu sonho se tornou realidade através do Programa Mãos Dadas. "Aqui as crianças recebem amor, carinho e alimentação. Por isso, nenhuma delas será marginal", afirmou a presidente da creche. Britto percorreu estabelecimentos do comércio local que ajudou, através da emissão de notas fiscais, a construir a creche que beneficia toda a comunidade. Em sua caminhada, foi cercado por moradores da Vila Nova Brasília. Na tarde de ontem, o candidato da coligação Rio Grande em 1º Lugar visitou também a creche Pingo de Gente, mantida pela Associação de Moradores Jardim Pôr-do-Sol.

A coordenadora do Plano de Governo do candidato, Hilda de Souza, coemeçou a receber ontem as primeiras reivindicações e sugestões da população gaúcha sobre os problemas do Estado. No primeiro encontro, realizado ontem em Lagoa Vermelha e Passo Fundo, com representantes das entidades integrantes dos Coredes (Conselhos Regionais de Desenvolvimento), ficou evidente a preocupação dos municípios que integram a região Nordeste, com duas questões fundamentais: desenvolvimento e segurança.


Artigos

Um pesadelo colorido
Alexandre Lunkes Diehl

A recente desvalorização das cotas dos fundos de renda fixa, sob a "marcação de mercado" determinada pelo Banco Central, trouxe para a maioria dos poupadores que perderam até 5% de seus rendimentos da noite para o dia, lembranças do confisco do início do governo Collor, em 1990. Os mais ressentidos, ou os grandes investidores que migram mais facilmente de uma aplicação financeira para outra, foram refugiar-se no dólar.

Evaporaram-se, no final de maio, devido à baixa nos valores dos fundos, cerca de R$ 3,5 bilhões. Engana-se, no entanto, quem acha quem apenas o aplicador saiu perdendo. Em muitos casos, o dinheiro poupado estava destinado à compra de produtos, ou imóveis. Ou seja, um bom volume de vendas foi perdido. A ditadura branca do Banco Central, ardilosamente abocanhou parte dos ganhos que, cedo ou tarde, iriam provocar o efeito multiplicador do consumo. Estranho que, nas manifestações da imprensa sobre o assunto, nenhuma liderança empresarial tenha falado sobre as perdas. Fabricantes de móveis, máquinas de lavar, automóveis, ou os que vivem do turismo e do lazer não teriam que se manifestar? Eles perderam negócio, no valor que deixou as contas de milhares de poupadores e mais os reais convertidos em dólar que foram engordar depósitos no exterior. A volta do fantasma do confisco, alimentada pelas análises sobre o tamanho da dívida pública e dificuldade em administrá-la, sem contar as incertezas eleitorais, joga fora o esforço de aumentar o nível sofrível da poupança interna. O Banco Central não poderia ser mais desastrado, neste momento. A auto-suficiência das autoridades monetárias despertou, novamente, o clima de que poupar é mau negócio.

O governo é o maior concorrente de quem poupa ou produz. Não bastasse a tributação escandalosa que alcança mais de um terço do PIB, há, ainda, as perdas do que é poupado. A disputa das empresas pelo consumidor não é com o fabricante ou a loja concorrente mas com a infernal máquina estatal arrecadadora e reguladora. Sem poupança e consumo, o País depende cada vez mais de empréstimos, as empresas perdem dinamismo e geram menos empregos e o peso dos impostos recai sobre uma parcela cada vez menor dos que podem pagar. Sem quebrar este círculo com uma política econômica que torne o Brasil menos dependente de empréstimos e ao mesmo tempo estimule quem produz, com uma mercado interno forte, caminharemos, em breve, abraçados com a Argentina. Ou com Serra Leoa.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Uma boa e outra ruím
Ontem à noite, quando retornou ao Palácio da Alvorada, depois de passar o dia no Rio de Janeiro, festejando os 8 anos do Plano Real, o presidente Fernando Henrique foi surpreendido com a presença de sua mulher, a doutora Ruth Cardoso que o aguardava a porta da residência oficial.

"Fernando, disse ela, tenho duas notícias políticas pra te dar. Uma boa e outra ruim...".

"Bóra, Ruth, dê-me logo a notícia ruim primeiro".

"Então ouça:".

"Repercutiu muito mal na opinião pública a saída do Miguel Reali. Foi uma debandada geral, no ministério da Justiça! Ele deu entrevista, hoje à tarde, dizendo que a decisão do Brindeiro - Geraldo Brindeira, procurador geral da República - em comum acordo contigo, de arquivar o pedido de intervenção federal no Espírito Santo, aprovado semana passada pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, deixou de ser uma manifestação jurídica para ser uma manifestação política. Ele disse para a imprensa, Fernando, que a tua decisão foi baseada numa análise de cunho político e que ele nem tomou conhecimento. Fernando, você não deu nenhum telefonema pro Reali? Ele se sentiu desautorizado. Afinal, ele estava numa luta braba contra o crime organizado e depois do que vocês disseram, como é que ele iria comandar a tal da Força Tarefa contra a violência? Ele foi completamente desmoralizado, Fernando! Se você tivesse me perguntado eu te diria para ter cuidado com isso".

"Mas Ruth, como é que ele combina com o Conselho sem falar antes comigo. Afinal, o governo é meu e quem manda sou eu. Ele só deveria ter levado esse assunto adiante, depois de conversar comigo. Não o fez.

Você acha que eu iria manchar a minha biografia de democrata, intervindo num estado da Federação?".

"Não sei não, Fernando, essa questão ficou muito mal resolvida. O Reali disse também, nessa coletiva, que a melhor política criminal é uma boa política social. E, aí ele tem razão. No campo social - que ninguém nos ouça - nós estamos devendo muito a Nação. Fernando, eu sei que já está tarde, mas fala com ele. O Reali limpou as gavetas, lá na Justiça, e disse que não viria ao Palácio se despedir de ti. Ele está magoado!".

O marido Fernando Henrique deu uma de Presidente da República e, desconversou:
- "Tá bem Ruth, mas, me conta logo a notícia boa".
- "Ah! Foi o teu encontro com o Itamar. Depois de oito anos, hein! A imprensa viu bem esse reencontro. Até disse que durante o seu discurso, lá na festa do Real, no Rio, você citou sete vezes o nome dele, tratando-o, inclusive, como Presidente. Eu gostei é que logo que você começou a falar, rasgou o verbo pro lado do Itamar. Meu prezado amigo Itamar Franco, que nos dá a honra de sua presença nesta tarde histórica... Cá entre nós, histórica para vocês que reataram a amizade. Sabe quando eu percebi que você estava emocionado? Quando abandonou o discurso escrito, para falar de improviso. E, ao final, que abraço, Fernando! Passou emoção, mas mesmo assim a imprensa pode sair pelo - encontro do criador com a criatura - ou coisa do gênero. Pieguice, não, por favor".

"É, Ruth! Essa eu devo ao Aécinho - deputado Aécio Neves, presidente da Câmara dos Deputados - esse menino é habilidoso. Ele puxou ao avô - Aécio é neto de Tancredo Neves -. Olha, conseguir me reaproximar do Itamar... É um fato e, eu estava mesmo bastante emocionado! Mas, diga-me, quais foram os comentários?".

"Todo mundo gostou. Até o Ciro Gomes resolveu tirar uma lasquinha do encontro".

" É? E o que é que ele disse?".
- "Ah! Que o encontro foi bom para a Democracia. E que Itamar Franco merecia isso. Mas no final, ele deu uma estocada ao dizer que se não fosse Itamar Franco você jamais seria Presidente da República. E nem ele candidato, não é Fernando? Nem ele candidato!".

- "Deixa pra lá Ruth. Vamos dormir que já está tarde. Amanhã vai ser outro dia".


CARLOS BASTOS

Candidatos preocupados com recursos
Tanto os candidatos às eleições majoritárias com o os concorrentes no pleito proporcional estão preocupados com a falta absoluta de recursos para a campanha. Como nunca aconteceu em eleições anteriores, nesta campanha eleitoral de 2002, as fontes financiadoras escassearam de forma alarmante para os candidatos. A constatação é de todos os lados e a carência de recursos exige que os gastos sejam realizados em setores prioritários. E um dos setores que exigem mais atenção dos coordenadores de campanha é a programação de rádio e televisão pela sua importância. Nesta campanha presidencial, mais do que nunca, ficou evidenciada a penetração de rádio e televisão. Após os programas partidários, todos os candidatos tiveram crescimento significativo nos seus índices das pesquisas de opinião. Isso ocorreu com Garotinho, antes com Roseana Sarney, com Serra, com o próprio Lula, e agora, por último, com Ciro Gomes.

Diversas

  • Todos os partidos com candidatos ao governo, e em especial as cinco maiores coligações, dedicam preocupação maior para a produção de programas de rádio e televisão. E o tempo corre contra, pois os programas começam no dia 20 de agosto, ou seja, a menos de um mês e meio.

  • O marketing do candidato do PPB, Celso Bernardi, está entregue para a Mór Produções, de seu filho Fábio Bernardi, que há muito tempo elabora a campanha e os programas de rádio e televisão do partido.

  • O marketing do candidato da aliança PPS-PFL está entregue para Nizan Guanaes, que também é responsável pela campanha do presidenciável tucano José Serra, e terá como seu representante aqui Paulo de Tarso. E os programas de televisão serão elaborados por Beto Souza, diretor do filme "Netto perde sua alma", e Roberto Andrade, com experiência em várias campanhas.

  • Tarso Genro, candidato da aliança PT-PCdoB, não tem nesta campanha um marqueteiro, e a área está entregue para uma coordenação de comunicação. Já o programa de televisão terá como responsáveis Carlos Gerbase e Luli, e a produtora TGD. E o programa de rádio ficou com a Radioativa.

  • O candidato da aliança PMDB-PSDB, Germano Rigotto, está sendo assessorado pela agência Fischer, América Sul Comunicação. E ainda não foi definida a produtora para os programas de rádio e televisão.

  • A campanha de José Fortunati, da Frente Trabalhista, não tem um marqueteiro, nem uma agência de publicidade, mas deverá ter seu programa de televisão entregue à produtora Casa de Criação de Gilberto Lima e Celina Carvalho, que foi responsável pela campanha de Alceu Collares à Prefeitura de Porto Alegre.

  • O candidato ao Senado pelo PTB, deputado Sérgio Zambiasi, não definiu ainda quem ficará encarregado de sua participação na televisão. Pode ser contratada uma produtora, ou um profissional do ramo.

    Última

    Em campanha eleitoral vale o troco. E é isto que José Serra recebeu agora do treinador da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, que declarou seu apoio ao candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, na condição de treinador pentacampeão do mundo. Ocorre que quando da contratação de Felipão pelo Palmeiras, clube do coração do candidato tucano, o então ministro da Saúde criticou asperamente o estilo do treinador, dizendo tratar-se de um retranqueiro sem qualificação para comandar a Academia do Parque. Ledo engano, e agora veio o troco.


    FERNANDO ALBRECHT

    Asfalto novo
    A Brita Rodovias finalizou obras na RS-115, sentido Taquara - Gramado, além de pintura e colocação de taxas. Esta rodovia já foi considerada a melhor rodovia pedageada do Estado, segundo pesquisa do Daer. O mesmo está sendo feito na RS-020, entre São Francisco de Paula e Três Coroas. A Serra das Hortênsias merece. Até porque os negócios lá não param de crescer. A Expogramado, por exemplo, receberá investimentos de R$ 2,5 milhões. Quando é que rodovias assim deixarão de ser exceção para serem a regra Rio Grande afora?

    Senai em Cuba
    O diretor-regional do Senai RS, José Zortéa, será um dos palestrantes no Seminário Gestão Tecnológica e sua Aplicação na Indústria 2002 promovido pelo Ministério Sidero-Mecânico de Cuba, entre 15 e 17. O tema: desafios de centros tecnológicos frente ao setor industrial. Cuba corre atrás do prejuízo e ninguém melhor que o Senai para dar alguma luz aos companheiros cubanos.

    Sem tacógrafo
    Um incidente inusitado tumultuou a viagem de dezenas de ônibus que se dirigiam da Serra para o Porto de Rio Grande, rumo à países árabes que compraram os ditos cujos. Ocorre que por um motivo qualquer, os importadores compraram os veículos sem os tacógrafos, equipamento obrigatório no Brasil. Vai daí que os exportadores tiveram que fazer muitos esforços para contornar o problema quando a fiscalização detectou o problema.

    Milícia do foice
    O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí está impressionado com a agressividade dos cerca de 200 piqueteiros armados de foices que agiram na "greve" da GM. Era, presumivelmente, pessoal do MST. Não fosse o bom-senso do presidente do sindicato, Quebra-Mola , da Força Sindical, teria corrido sangue. Quebra-Mola estranha que milícias atuem desta forma e ninguém, nem mesmo a imprensa, se impressione mais com este quadro.

    Sucessão à gaúcha
    Sucessão em uma multinacional com sede no Brasil, caso do Grupo Gerdau, sempre deve ser tratada com luvas de pelica. A entrevista que revelou a nova composição do alto comando mostrou que os Johannpeter sabem disso melhor que ninguém. A ascensão de André Johannpeter, por exemplo, só causou surpresa nos desavisados. Todos pensam que ele só faz montar nos cavalinhos. Errado. Isso é o que menos tempo consome dos seus dias (e noites). O rapaz é cobra criada e basquete é com ele mesmo.

    Ao sucessor, o pepino
    O Diário Oficial do Estado publicou súmula com alterações do convênio de eletrificação em assentamentos feito entre a Secretaria de Agricultura e a CEEE, formalizando a saída da pasta para a entrada do Gabinete da Reforma Agrária. O prazo para definir as áreas é de 120 dias e o custo é de R$ 20 milhões (números redondos). É um pepino que ficará com o próximo governador, porque a saída da SAA e a entrada do GRA só se dará dia 1º de janeiro de 2003.

    O amor é lindo
    O abortado casamento entre a cantora Gretchen e o cabeleireiro gaúcho de Recife é uma história e tanto.

    Sem falar que a moçoila desistiu de ser pastora evangélica e voltou a encarar as glórias mundanas - vai posar nua para uma revista masculina. No programa de Hebe Camargo, segunda à noite, quem se saiu com uma boa foi Dercy Gonçalves. Ao saber de Hebe que os pombinhos resolveram casar após um só mês e meio de namoro, Dercy disparou: "Então tem que apanhar mesmo!"

    Sem respeito
    Mais um motel foi vítima de assaltantes, que não só ignoraram as câmaras de vídeo do circuito interno como quebraram todo o equipamento. A bola da vez foi um estabelecimento na rua Santo Antônio. A coisa está ficando preta. Mas nem mesmo ninho d'amor respeitam mais?

    Sucesso gaúcho
    O cantor e compositor nativista Luiz Carlos Borges está com a bola toda. Ontem à noite apresentou-se com Mercedes Sosa no Gran Teatro Rex, em Buenos Aires. Mercedes lançou, em única apresentação, seu novo trabalho em que há participação do músico gaúcho em diversas faixas do CD. Nas horas vagas, Borges toca a Vitrine Gaúcha, que é um dos sucessos culinário-musicais do DC Navegantes.

    Sem homenagem
    O vereador Estilac Xavier (PT) estranha a atitude da maioria dos parlamentares da Câmara Municipal que se omitiram perante a proposta feita por ele, Marcelo Danéris (PT) e João Bosco Vaz (PDT) de encaminhar moção de solidariedade e apoio à família do jornalista Tim Lopes. Cá pra nós, bem estranhado. Sexta às 19h, na Capela do Bom Fim, será rezada missa em memória de Tim.

    Dupla do barulho
    Vizin hos de uma famosa sauna gay perto da Cristóvão Colombo ganharam novos aliados na luta contra a barulheira no local: dois guardadores de carro, que não dão folga ao esquadrão cor-de-rosa que freqüenta o pedaço. Os dois foram apelidados de Faísca e Fumaça. Parece até uma dupla caipira.


    Editorial

    BONS E MAUS MOMENTOS DO MERCOSUL E A DÍVIDA

    A Argentina acumulou superávit de US$ 8 bilhões até junho de 2002, projeção de US$ 16 bilhões ao final do ano, dos quais US$ 2 bilhões ficarão por conta do Brasil. A inflação dos portenhos foi de 11% em abril, 4% em maio e 3,6% em junho, 30,5% no ano. Equipe do FMI exige, em Buenos Aires, reajuste das tarifas públicas, enquanto, em Madri, Pedro Malan alerta que a Argentina teve punição além do razoável, precisa de ajuda logo. O Mercosul não é origem da crise, afirmou o ministro Sérgio Amaral, mas está nos problemas dos países que formam o Mercado Comum do Sul. Com a decisão do Banco Central da Argentina em criar mecanismo pelo qual as empresas importadoras poderão pagar o que devem aos exportadores brasileiros, acredita-se que o intercâmbio aumentará 30%, ele que caiu 70% desde o final de 2001. Portanto, não há, por este aspecto, como deixar de acreditar que o pior passou, embora a manifesta irritação do povo, que deseja eleições não para março do ano que vem, mas para já. Em agosto, o Fundo Monetário Internacional, depois de ter colocado de castigo a Argentina por causa do não cumprimento do mais elementar dos quesitos contábeis, que é gastar menos ou igual ao que é arrecadado, deverá dar uma ajuda substancial. Dívida é o xis da questão, lá como aqui. Por falar em dívida pública, há uma alausa enorme em torno da nossa, que é grande, deve cair, porém ainda administrável, conforme estão concordando os candidatos a presidente da República. Aliás, manter superávit primário para pagar o que deve não é invenção neoliberal do governo FHC e do FMI.

    Diversos países praticaram superávit primário para cumprir com seus imensos débitos, casos da Itália, com 4,4% do PIB, Bélgica, com 6,5%, - a dívida dos belgas bateu em 138% do PIB, em 1994, esforço que dura 18 anos -, Canadá, com 5,7%, Grécia, 6,3%, sendo que a Irlanda, hoje o maior "case" econômico globalizado, vem gerando maior receita do que despesas há 15 anos, reduzindo a dívida de 111% do PIB para 30%.

    Portanto, o Brasil, com superávit de 3,75% do PIB, está longe de um esforço ímpar, pelo contrário, ele deveria girar em torno aos 5% para que a trajetória da dívida começasse a baixar, está em 55% do PIB. Em 1993, a Itália devia 124% do seu PIB, o superávit chegou a 6% do PIB em 1997, equilibrando-se, em 2001, em mais de 4%, mas ainda é de 103% do PIB. Portanto, se o próximo presidente persistir, o Brasil chegará no ponto de inversão, começará então a diminuir a relação dívida/PIB, como todos querem, desde que o superávit primário continue por muito e muitos anos. Finalmente, o discurso dos candidatos parece que nos leva todos a acreditar num neoliberalismo central. As bravatas diminuíram de intensidade, o povo está esclarecido e sabe distinguir anseios, vontades e promessas do que é, efetivamente, possível fazer. Persistência é a palavra de ordem, não vamos nos tornar nem uma nova Argentina, muito menos um Brasil do passado, onde se gastava a rodo e a Casa da Moeda ia imprimindo cédulas que, rapidamente, nada valiam, corroídas pela inflação. Ser administrador é praticar a seriedade no trato da coisa pública e eleger prioridades. Não á fácil, faltam e faltarão recursos para um País que cresce ainda em 1,2% da população, mais dois milhões de pessoas por ano, geralmente entre os mais carentes e que precisam de toda a assistência estatal gratuita. Porém, organizando-se e fazendo alianças no Congresso para lhe dar sustentação, o próximo presidente terá condições de manter a trilha do progresso. A solução está aqui dentro mesmo, basta de buscarmos inimigos externos.


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    07/10/2002


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