Ministro do esporte publica artigo sobre Guerra Fria



Os Jogos de Inverno de Sochi reanimaram um fogo que muitos consideram apagado mas de fato está crepitando na fogueira geopolítica do mundo: a guerra fria. Era notório, por exaustivo, o movimento de descrédito à Rússia, com supervalorização de problemas inerentes a um certame que reuniu 2.800 atletas de 88 países. Até os avisos afixados nos banheiros da vila olímpica foram motivo de chacota. Mas, ao final, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, reconheceu: “Hoje podemos afirmar que a Rússia entregou tudo o que foi prometido. Fez avanços em sete anos que levariam décadas em outros lugares do mundo.”

Os russos reconquistaram protagonismo no esporte, depois do boicote de 70 países aos Jogos de Verão de 1980 na antiga União Soviética. Investiram cerca de R$ 120 bilhões (mais do dobro que o previsto para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016), mas ganharam imensuráveis dividendos estratégicos – além de mais medalhas que os Estados Unidos: 33 a 28 no total, 13 a 9 na categoria ouro. Ao contrário que do vaticinaram as cassandras ideológicas, o país realizou jogos impecáveis e deslumbrou o mundo com a formosura acrobática de Adelina Sotnikova, medalha de ouro na patinação artística. Agora, prepara a Copa de 2018.

O Brasil ainda engatinha nos esportes de inverno, incompatíveis com países tropicais. Mas foi comovente ver a pequena delegação brasileira comemorar a mera participação em modalidades praticadas no gelo pelos melhores atletas do mundo. Embora chegando nos últimos lugares, honrou o lema do organizador dos Jogos Olímpicos modernos, o barão Pierre de Coubertin, segundo o qual o importante é competir.

Parafraseando Clausewitz, os megaeventos esportivos são a continuação da política por outros meios. As nações mais desenvolvidas disputam com unhas e dentes sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo como oportunidade de projeção no tabuleiro da competição global. A Rússia, que não desistiu de substituir a União Soviética como potência mundial, soube capitalizar os 22.º Jogos de Inverno num momento em que sua área de influência tem sido ainda mais assediada, a exemplo do que acaba de ocorrer na Ucrânia.

O governo brasileiro tem consciência dessas peculiaridades geopolíticas e trabalha para projetar o Pais a partir da plataforma da Copa de 2014 e dos Jogos de 2016.

Fonte: 
Ministério do Esporte



06/03/2014 11:22


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