MINISTRO DO TSE CONSIDERA PROPOSTA DE REQUIÃO UM RETROCESSO



Ao participar da reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realizada no plenário na manhã desta quinta-feira (dia 1º), o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ex-relator da revisão constitucional, Nelson Jobim, afirmou que o projeto do senador Roberto Requião (PMDB-PR) solicitando alterações no sistema eletrônico de votações representa um retrocesso.
- Apesar da certeza que tenho de que a intenção do senador é a mesma que tem a Justiça Eleitoral, da busca da total segurança do sistema eleitoral, o projeto que ele apresenta não irá conduzir a isso e é absolutamente regressivo, nos levando de volta a um sistema utilizado por mais de 200 anos e desde a Velha República - declarou o ministro.
A principal crítica feita por Jobim à proposta de Requião é quanto à reintrodução do mecanismo de impressão do voto. Pelo projeto, depois de votar eletronicamente, o eleitor iria conferir, por meio de uma cédula tradicional, o voto dado. Se o eleitor manifestar incongruência entre sua vontade e o voto impresso, passaria a ter direito de votar novamente.
De acordo o ministro, o maior problema da proposta consiste em permitir a interferência do mesário no processo, já que, no caso de contestação do voto, seria a ele que o eleitor iria se dirigir para pedir a anulação do primeiro voto. Esta situação permitiria que o mesário, em outro momento, anulasse outros votos em prol de algum candidato de seu interesse.
Outra dificuldade resultante da mudança, explicou Jobim, seria a possibilidade de reinstituição das fraudes eleitorais conhecidas por votos "de carreirinha", "de marmita", que são situações em que o próprio eleitor frauda o sistema carregando ou trocando a cédula de papel. "Sem falar ainda na possibilidade de um grupo ou pessoa, com interesses anárquicos, provocar a anulação de sessões eleitorais previamente definidas, em função de divergência entre a urna eletrônica e a urna convencional", acrescentou o ministro.
Após a audiência no plenário, os técnicos do TSE e os assessores de Requião realizaram outra reunião, desta vez na própria Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, para estudar soluções conciliatórias que possam conduzir a melhoria dos instrumentos de segurança do sistema eletrônico de votações. O projeto do senador já foi aprovado pela CCJ e deve agora ser apreciado pelo plenário.

01/06/2000

Agência Senado


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