Ministros falarão sobre causas do acidente de Alcântara



As causas do acidente ocorrido no Centro de Lançamento de Alcântara, no estado do Maranhão, que matou 21 técnicos e trabalhadores do programa espacial brasileiro, serão analisadas em conjunto pelas Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), de Fiscalização e Controle (CFC) e de Educação (CE).

Deverão comparecer à reunião os ministros da Defesa, José Viegas Filho, e da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, além do presidente da Agência Espacial Brasileira, Luiz Bevilacqua, e do presidente da comissão criada para investigar a tragédia, coronel Antônio Carlos Cerri. A reunião, que será realizada em caráter reservado, está marcada, preliminarmente, para a próxima quinta-feira (04), a partir das 10h.

O senador Hélio Costa (PMDB-MG), um dos autores do requerimento sugerindo a reunião, anunciou que vai indagar aos ministros e autoridades ligadas ao programa espacial brasileiro se a explosão poderia ter ocorrido em virtude de -interferências eletrônicas vindas de navios estrangeiros ancorados na baía de São Marcos-, que fica próxima à base.

- Será que esses navios poderiam ter interferido, eletronicamente, na performance do lançamento? - indagou Hélio Costa, ao informar que essa hipótese, -que não pode ser descartada-, foi levantada quando ocorreu o primeiro acidente na base de Alcântara, em 1997.

Na época, lembrou o senador, navios de bandeira estrangeira estavam ancorados na baía, e técnicos em eletrônica chegaram a advertir que as embarcações poderiam ser as responsáveis pelo acidente, em virtude de possíveis interferências eletrônicas. O senador quer saber, por isso, se no momento da explosão ocorrida semana passada, algum navio estrangeiro estava ancorado na baía.

- A grosso modo, vê-se que a explosão foi causada pela ignição extemporânea de um dos motores do foguete. Objetivamente, podemos dizer que motores não entram em funcionamento por combustão espontânea, pois precisam se acionados. O que ocorreu então? Esta é a questão que precisa e deve ser respondida - afirmou Hélio Costa, ao observar, tomando por base depoimentos técnicos, -ser até mesmo fácil reproduzir uma interferência eletrônica emitindo sinais de rádio ou comando de computador para um sistema como o utilizado na seqüência de partida dos foguetes da base de Alcântara-.

Hélio Costa disse que não acredita em sabotagem, mas alertou que apenas cinco países - Estados Unidos, França, China, Ucrânia e Japão - detêm a sofisticada tecnologia de lançamento de foguetes. A atividade, notou, representa um comércio de cerca de US$ 32 bilhões anuais, e o Brasil é o único país em condições de, atualmente, disputar uma posição neste setor.



28/08/2003

Agência Senado


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