Novas operações em Alcântara, só após conclusão das investigações sobre acidente



As equipes de investigação sobre o acidente no Centro de Lançamento da Base Aérea de Alcântara (MA) já gastaram 15 dos 30 dias previamente estabelecidos pelo governo para emissão de um laudo sobre as causas da explosão no Veículo Lançador de Satélites (VLS), mas se for preciso, afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, o prazo poderá ser estendido em mais 10 ou 20 dias. Ele disse nesta quinta-feira (4), em audiência pública conjunta das comissões de Educação (CE), Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e Fiscalização e Controle (CFC), que a orientação do governo é que, enquanto não forem concluídas as apurações, não serão iniciadas novas operações na Base de Alcântara, onde ocorreu a explosão. O Congresso conhecerá o laudo imediatamente após sua conclusão, garantiu o ministro.

Acompanham os trabalhos de apuração, segundo informou o ministro da Defesa, José Viegas Filho, representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira de Física (ABF). A contribuição da comunidade científica é essencial para garantir a transparência das investigações, observou.

Ao detalhar o andamento das investigações, o ministro da Defesa disse que nenhum país ofereceu apoio para ajudar nas investigações. Apenas o governo russo está colaborando, a pedido do ministro, cedendo seis especialistas espaciais da Rússia que já vivenciaram acidentes no programa espacial daquele país. O pedido de Viegas se deu porque os russos já estavam auxiliando em outras etapas do programa.

O diretor do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), Tiago da Silva Ribeiro, disse que os maiores interessados em esclarecer o motivo do acidente são os civis que trabalham no programa, porque terão que lançar outros veículos no futuro.

Sobre possível parceria com a Ucrânia, cujo acordo estava sendo assinado na semana do acidente e que será apreciado pelo Senado na semana que vem, Roberto Amaral explicou que a Ucrânia irá transferir tecnologia para o Brasil nos próximos quatro anos, que será agregada aos avanços já obtidos pelo programa espacial brasileiro no setor.

Ele enumerou o desenvolvimento de produtos de alta tecnologia, como ligas metálicas ultra-resistentes, utilizadas em trens de pouso de aviões, em motores de automóveis, sistemas de instrumentação e controle, pinos e bastões ortopédicos utilizados na medicina, entre outros. O ministro também esclareceu que os satélites são muito úteis para o rastreamento do espaço aéreo, em pesquisas meteorológicas, na vigilância das fronteiras e do litoral, em sistemas de comunicação e na vigilância dos desmatamentos da Amazônia.

Roberto Amaral informou ainda, em resposta ao senador Gerson Camata (PMDB-ES), autor de um dos requerimentos para realização da audiência pública, que o Brasil tem cinco satélites e pretende lançar o sexto, em um prazo médio de três anos.

O presidente da Agência Espacial Brasileira, Luiz Bevilácqua, também acompanhou a reunião.



04/09/2003

Agência Senado


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