Momento é de suavizar ritmo de crescimento, diz Tombini



Para o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, fatores externos e internos tornam importante, neste momento, "suavizar" o ritmo de crescimento da economia nacional. Segundo ele, o contexto requer "moderação" para que os ganhos na estabilidade não sejam perdidos. Tombini participa, neste momento, de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Com relação aos fatores externos, o presidente do banco Central mencionou a alta nos preços internacionais das commodities, especialmente nos preços agrícolas, e, mais recentemente, nas cotações do petróleo, em razão dos conflitos sociais e políticos nos países produtores do mundo árabe. Em sua avaliação, os preços podem estar subindo ainda devido a movimentos de especulação baseados na expectativa de crescimento da demanda por commodities.

No campo interno, o Tombini citou pressões associadas aos preços administrados, a exemplo da energia, e ainda aos produtos agrícolas. Nesse caso, ele destacou o crescimento da demanda no mercado nacional, os efeitos da especulação externa e ainda problemas de oferta decorrentes de quadro climático adverso, como as recentes chuvas em algumas regiões do país.

Inflação

Na audiência, o presidente do Banco Central informou que a instituição divulgará seu relatório da inflação na próxima semana, momento em que irá comparar a projeção de inflação e de crescimento com a meta para esses indicadores já traçada para esse e para o próximo ano.

Tombini relatou os esforços do Banco Central para evitar que o crescente ingresso de capital estrangeiro no país se reverta na supervalorização da taxa de câmbio e na expansão "acima do que seria prudente" da oferta de crédito. Essa estratégia justifica-se, segundo disse, para evitar o aumento da inflação.

De acordo com o presidente do BC, o risco de alta inflação em decorrência da entrada de capital estrangeiro deverá ser atenuado pela política de acumulação de reservas internacionais. Se, no início da crise de 2008, o Brasil detinha US$ 205 bilhões em reservas, hoje esse volume é superior a US$ 310 bilhões - e a perspectiva é de que continue a crescer. Segundo Tombini, quanto mais robusto o nível de reservas internacionais de um país - o do Brasil corresponde a 15% do PIB, enquanto o da China e o da Índia equivalem, respectivamente, a 49% e 21% -, menor a necessidade de utilizá-las.

Tombini também manifestou sua confiança no regime de metas de inflação como instrumento capaz de assegurar o crescimento equilibrado da economia nacional a médio e longo prazos. Ele disse que esse sistema permite "manter a inflação sob controle e ao menor custo para a sociedade".

Taxa de juros

Em resposta a perguntas do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), Tombini, advertiu que a redução não-fundamentada da taxa de juros pode gerar efeitos negativos sobre a economia brasileira.

- A Selic tem poder para ajustar a demanda e afetar a trajetória de preços - salientou o presidente do BC.

Tombini observou que cerca de 65% da dívida mobiliária do governo não é afetada diretamente pela Selic, mas sim pela inflação. E concordou com o argumento de Dornelles de que o atual processo de desaceleração da economia tem levado ao aumento da inadimplência no mercado de crédito. Daí a necessidade, ressaltou Tombini, de haver moderação na política de concessão de crédito para evitar que essa inadimplência exponha o sistema financeiro a riscos excessivos.



22/03/2011

Agência Senado


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