MOREIRA MENDES COBRA APOIO FEDERAL PARA A UNIVERSIDADE DE RONDÔNIA



Ao comentar a difícil situação acadêmica que atravessa o ensino universitário em todo o país, o senador Moreira Mendes (PFL-RO) afirmou que, instalada há quase 18 anos, a Universidade Federal de Rondônia (Unir) funciona praticamente sem recursos federais, e só está sobrevivendo graças ao apoio que os governos municipais e estadual vêm emprestando. Em discurso no plenário nesta quarta-feira (dia 24), ele cobrou maior eqüidade federativa no que diz respeito ao papel do Estado na estruturação da educação em todo o território nacional.Detalhando a situação da universidade, Moreira Mendes exemplificou que na Unir funciona apenas um único curso na área de saúde, o de Enfermagem. Ele disse que uma universidade particular do estado oferece o curso de Odontologia, mas o preço das mensalidades inviabiliza o acesso da quase totalidade da população.O senador por Rondônia também disse que a Unir não dispõe sequer de cursos de Agronomia, Engenharia Florestal, Nutrição, Veterinária ou Zootecnia, apesar de o estado ter sido considerado em propaganda oficial como "fronteira agrícola" do país. Mesmo falando que são várias as necessidades, Moreira Mendes insistiu na urgência da implantação de cursos na área de saúde.- Temos todas as condições necessárias para que a nossa universidade federal instale os cursos de que a comunidade precisa. Para tanto, o governo estadual pode firmar parceria com a Unir, proporcionando-lhe condições para que os cursos da área de saúde funcionem com estrutura satisfatória - antecipou Moreira Mendes.Aos pré-universitários de Rondônia, segundo Moreira Mendes, restam atualmente quatro opções: disputar uma vaga nos poucos cursos que a Unir oferece, tentar o vestibular em outro estado, abandonar os estudos após concluir o segundo grau ou fazer universidade em outro país, como a Bolívia.Segundo estimativa feita pelo senador, somente nos últimos quatro anos quase três mil rondonienses optaram por fazer universidade na Bolívia. Ele acrescentou que se forem somados os estudantes do Acre e Mato Grosso, este número cresce para 15 mil. Moreira Mendes ilustrou que todos os meses saem de Rondônia US$ 1,5 milhão para custear estudos no exterior.APARTESEm aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) protestou contra o que considerou de "monopólio da concentração do saber nas regiões Sul e Sudeste". Ele disse que existe um preconceito contra a região Norte que termina obrigando as pessoas a deixarem seus estados para completar os estudos. Já o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) lamentou que o governo federal não leve em conta a geografia ao analisar projetos sobre a região Norte. Ele solidarizou-se com o pronunciamento de Moreira Mendes e comentou que "sem conhecimento, não pode haver desenvolvimento".O senador Tião Viana (PT-AC) reclamou da discriminação que a população da região sofre e disse que o governo vem se mostrando, nos últimos anos, insensível não só à questão da soberania da região, mas quanto ao desenvolvimento da Amazônia.Concordando com o pronunciamento feito pelo orador que o antecedeu, senador Bernardo Cabral (PFL-AM), Moreira Mendes protestou contra o tratamento que a região Norte vem recebendo do governo federal. Ele opinou que a Amazônia vem sendo reduzida a um mero quintal do Brasil.

24/03/1999

Agência Senado


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