Mostra Internacional de filmes "Assim Vivemos" é exemplo de acessibilidade



O cinema em palavras. É assim que a mostra internacional de filmes sobre deficiência "Assim Vivemos" disponibiliza a sétima arte para as pessoas com deficiência. Com recursos de audiodescrição, o evento, que ocorre até esta quinta-feira (13), no Salão Negro, realiza uma espécie de rádio-cinema para os deficientes visuais. Já para os deficientes auditivos, são colocadas legendas descritivas no estilo closed caption.

- O recurso de audiodescrição é bem útil porque dá acesso a várias informações que eu não teria. Com ele, acho que tenho mais autonomia no acesso a todo o conteúdo do cinema - explica o administrador de empresas Guilherme Bara, que não enxerga há 16 anos.

A audiodescrição funciona da seguinte forma: dois atores dublam as legendas e, enquanto não existe fala no filme, eles explicam o que ocorre fisicamente na cena. De acordo com a curadora da mostra, Lara Pozzobon, essa técnica traz para os cegos a liberdade de escolha dos filmes a que irão assistir. Normalmente, ressalta a curadora, os surdos só assistem a películas estrangeiras porque têm legenda e os cegos só assistem a filmes brasileiros porque entendem a linguagem.

Na avaliação de Lara, esse sistema deverá entrar na televisão também, principalmente, com a conversão para a TV digital. Para ela, a digitalização do sinal televisivo vai facilitar o uso da audiodescrição porque, antes, essa técnica somente era disponibilizada pela tecla SAP (em inglês, Second Audio Program).

- As entidades de cegos estão pressionando para que disponibilizem esse recurso. A audiodescrição é uma luta que eles estão travando. Isso também se chama acessibilidade. Acessibilidade para o conteúdo dos produtos culturais - ressalta a curadora.

O evento apresenta oito trabalhos selecionados para o 3° Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência, ocorrido em agosto e setembro deste ano, no Rio de Janeiro e Brasília. Segundo Lara Pozzobon, esse festival só ocorre nessas duas cidades porque ainda não existe patrocínio para levá-lo a todo o Brasil. Ela lembra que a intenção não é apenas utilizar o recurso audiodescritivo no cinema e na televisão, mas também nos teatros.

Após a mostra, houve a apresentação do documentário Hanseníase - Um Passado Presente, da jornalista Solange Calmon, da TV Senado. Também está previsto para a noite desta quarta-feira (12) um talk show com a jornalista sobre a doença, que contará com a participação do cantor Ney Matogrosso, do deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG), representantes do Movimento das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), dentre outras pessoas.



12/12/2007

Agência Senado


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