Mostra recupera história de pesquisa sobre hidrografia paulista



Exposição reúne fotos de antigas paisagens e mapas, registrados durante as expedições feitas no final do século XIX e início do século XX

O Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo abriga desde o último dia 22 de agosto a exposição temporária “Os rios da Comissão Geográfica e Geológica – Documentos do Passado – 1886 a 1910”, que reúne fotos de antigas paisagens e mapas, registrados durante as expedições feitas em diversos rios paulistas, no final do século XIX e início do século XX.

Organizada pelo Museu Geológico Valdemar Lefèvre, do Instituto Geológico (IG), a mostra tem como objetivos reconstruir a história da Comissão Geográfica e Geológica e da hidrografia paulista, além de divulgar o valor histórico de seu trabalho, assim como as causas para sua realização e sua influência no desenvolvimento do Estado.

Organizada a partir de 1997, com a curadoria do geológo Fernando Alves Pires, do IG, e patrocinada pela Petrobras, a mostra tem a proposta de ser itinerante, percorrendo diversos museus relacionados ao tema e permitindo que um grande número de pessoas tenha oportunidade de visitá-la. A exposição serve para lembrar a origem do Museu de Zoologia, ligada aos trabalhos da Comissão Geográfica e Geológica, que também atuava como organizadora de coleções históricas, montadas a partir de seu próprio trabalho ou adquiridas pelo governo, antes da formação do Museu Paulista, em 1895. Entre elas, encontra-se a coleção zoológica, incorporada pela Universidade de São Paulo em 1969.

Além das fotos e mapas, a exposição exibe equipamentos como o telurômetro, instrumento eletrônico utilizado para medir grandes distâncias; teodolito, utilizado para medir alturas e ângulos no desenho de plantas, cartas e mapas e utiliza-se de multimídia interativa para projeção de imagens. A mostra permanece aberta até o próximo dia 2 de dezembro, no Museu de Zoologia da USP, que está localizado na Avenida Nazaré, 481, no bairro do Ipiranga (tel. 6165-8100). A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 17h. A entrada é franca para menores de 6 anos e maiores de 60. Crianças de 6 a 12 anos e estudantes pagam R$ 1,00 e são cobrados R$ 2, 00 para o restante do público.

Comissão

Criada pelo governo de São Paulo para estudos de solos, rios, fauna e flora, a Comissão Geográfica e Geológica (CGG) atuou de 1886 a 1931 e deu origem ao Instituto Florestal, Instituto de Botânica, Instituto Geológico e Museu Geológico (MUGEO), hoje ligados à Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Outras instituições de pesquisa também tiveram origem na Comissão, como é o caso do Instituto Geográfico e Cartográfico, além de instituições ligadas a Universidade de São Paulo, como o Instituto Astronômico e Geofísico, Museu Paulista e Museu de Zoologia.

A história da Comissão Geográfica e Geológica remete aos processos de transformação ocorridos no início do século XX no Estado de São Paulo. Principalmente aqueles relacionados às mudanças da paisagem natural decorrentes do processo de ocupação do território paulista e da apropriação econômica dos recursos naturais, A comissão foi patrocinada pela elite cafeeira, que via em seus trabalhos a possibilidade de aumentar a produção e, também, sua influência política.

A CGG realizou relatos, levantamentos cartográficos e estudos detalhados de geografia, geologia, climatologia, botânica, hidrografia e zoologia. O trabalho realizado serviu de base para a ocupação territorial das áreas até então consideradas “desconhecidas” no Estado. Entre as expedições realizadas, estão a que percorreu o rio Paranapanema, em 1886; os rios Paraná, Tietê, Feio ou Aguapeí e do Peixe, em 1905, e a expedição ao rio Grande e afluentes, em 1910.

Da Secretaria Estadual do Meio Ambiente

(J.H.)



09/05/2007


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