Mozarildo alerta para campanha pela internacionalização da Amazônia
"Imaginem se propuséssemos a internacionalização dos lençóis de petróleo ou de algum pedaço da França? Haveria forte e imediata reação. Por que então querem tirar a Amazônia do Brasil?". O alerta, em tom de pergunta, foi feito na tarde desta terça-feira (4) pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB), um dos três representantes de Roraima, estado que ocupa área de 224,3 milhões de quilômetros quadrados no extremo norte da Amazônia brasileira.
O parlamentar roraimense iniciou seu discurso justificando por que, pela manhã, havia votado contra a moção de aplauso ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore apresentada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), em razão do documentário sobre o aquecimento global Uma Verdade Inconveniente. Segundo o senador, em 1989 Al Gore fez a seguinte declaração: "Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós. Oferecemos o perdão da dívida externa em troca da floresta".
No entender de Mozarildo, as palavras "inconvenientes" de Al Gore fazem parte de um coro de interesses em torno das riquezas naturais da Amazônia. Uma das primeiras vozes a se manifestar nesse sentido, em 1983, foi a então primeira-ministra da inglesa, Margareth Thatcher: "Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas".Seis anos mais tarde, o presidente francês François Mitterrand disse que o Brasil precisava aceitar uma "soberania relativa" sobre a Amazônia.
Na mesma linha, em 1992, o então presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, foi taxativo: "O Brasil deve delegar parte dos seus direitos sobre a Amazônia". Mais recentemente, em 2006, o chefe do órgão central de informações do exército norte-americano, general Patrick Hugles, declarou: "Caso o Brasil resolva fazer uso da Amazônia, pondo em risco o meio ambiente nos Estados Unidos, temos que estar prontos para interromper esse processo imediatamente".
O senador lembrou que a região é hoje ameaçada pela ação de narcotraficantes, guerrilheiros, contrabandistas, garimpeiros, organizações não-governamentais à testa de interesses comerciais e também pela ação militar norte-americana, com a instalação de radares e bases aéreas em nove localidades no Peru e pistas de pouso no Paraguai e na Bolívia.
Mozarildo também chamouatenção para o anúncio na Internet de uma empresa, o laboratório Arkhos Biotech, que estaria organizando uma campanha com vistas ao controle privado da Amazônia. Embora, em aparte, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) tenha dito que se trata de empresa "virtual" criada como parte de um golpe publicitário - que ele mesmo denunciara, equivocadamente, no último dia 27 -, Mozarildo disse que o melhor é o país ficar atento:
- Uma mentira repetida muitas vezes pode acabar se tornando realidade - advertiu.
03/04/2007
Agência Senado
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