Mozarildo Cavalcanti: Lula "não quer que o TCU descubra falcatruas nas obras do seu governo"
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) criticou nesta quarta-feira (18) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos ataques que fez ao Tribunal de Contas da União (TCU) e por permitir que seus ministros apresentem um projeto determinando que o tribunal só fiscalize obras depois de prontas. Para ele, o presidente "não quer que o TCU descubra falcatruas nas obras do seu governo" e que a fiscalização de obras concluídas "fará a festa dos maus empreiteiros", pois aqueles que forem apanhados vão recorrer "anos seguidos na Justiça" para não devolver dinheiro desviado.
Depois de lembrar que Lula também afirmou que imprensa não deve investigar e apenas noticiar, Mozarildo Cavalcanti observou que o presidente "tenta passar a imagem de que estão atrapalhando o trabalho dele". Na verdade, continuou, o presidente deveria ficar grato aos órgãos de fiscalização, por descobrirem quem "está roubando" o dinheiro que saiu do bolso da população.
- O dinheiro não sai de uma máquina do presidente Lula. É dinheiro dos impostos pagos pelo povo. Ele fala mal do Judiciário, fala mal do Poder Legislativo, depois elogia, num morde e assopra. Ele não quer imprensa livre, mas quer um Congresso dependente de emendas que os parlamentares fazem ao orçamento, que ele controla. Ele acha que é um imperador - opinou o senador.
Mozarildo advertiu que o governo tentará aprovar nos próximos dias, no Senado, o projeto de lei (PLC 32/07), o qual recebeu uma emenda dos governistas abrindo uma brecha para que as empreiteiras descobertas com superfaturamento nas obras do governo possam tocar os serviços "independente do Tribunal de Contas da União".
Mozarildo lamentou ainda a declaração do presidente Lula de que, no Brasil, Jesus Cristo teria de fazer acordo com Judas para conseguir maioria no Congresso. Observou que "a maioria nem sempre significa a verdade, a razão, o correto".
- A maioria que estava no julgamento de Jesus, quase por unanimidade, o condenou a ser crucificado. Pôncio Pilatos estava doido para absolver Jesus. Mas a população, manobrada pelos sacerdotes da época, estava presente exigindo a crucificação de Jesus. E Pôncio Pilatos perguntou: "Jesus ou Barrabás?" A multidão preferiu ver Jesus crucificado e libertar Barrabás. Por isso, nem sempre a maioria significa a verdade - ensinou o senador de Roraima. Ele conclamou os senadores a defenderem o Tribunal de Contas da União.
18/11/2009
Agência Senado
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