Mozarildo registra críticas a demarcação de terras indígenas



O senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) registrou em Plenário, nesta sexta-feira (13), críticas feitas por três associações de representação indígena ao processo de demarcação de terras em Roraima. O parlamentar leu manifestos assinados pelas três entidades, enviadas a ele e ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, -insatisfeitas- com a transformação em área contínua do território indígena Raposa-Serra do Sol, na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, e a indicação do Conselho Indígena de Roraima (CIR) para receber o prêmio de Direitos Humanos, a ser entregue pelo presidente Fernando Henrique.

Nos documentos, as entidades Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiur), Associação Regional Indígena dos Rios Kinô, Cotingo e Monte Roraima (Arikom) e Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima (Alidcir) acusam o CIR de -insuflar e treinar- os índios para invadir fazendas, roubar gado e depredar propriedades e patrimônios públicos. E advertem para a deflagração de um conflito indígena -gigantesco e sangrento-, se a CIR promover invasões e concretizar ameaças de expulsão e agressão nas áreas indígenas que contestam sua liderança.

-Se a área indígena Raposa-Serra do Sol for demarcada de modo contínuo, vai haver uma inevitável guerra entre nós-, alertam as entidades citadas pelo senador. Segundo os denunciantes, as ações do CIR contam com o respaldo da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Diocese de Roraima e de algumas organizações não-governamentais, e pretendem -privar- a comunidade indígena do acesso ao desenvolvimento científico, tecnológico e humanístico. -Os indígenas têm o direito de progredir, de não serem vistos como bicho-do-mato, de se tornarem cidadãos produtivos para o país-, proclamam.

Diante do que considerou -gravidade das práticas denunciadas-, Mozarildo Cavalcanti disse que o caso deveria suscitar investigação até por parte do Conselho de Defesa Nacional. E ponderou que algumas entidades podem estar defendendo interesses que não são legítimos dos índios. As três entidades citadas pleiteiam, entre outras coisas, acesso a estradas, transportes, energia elétrica, educação e exploração de atividades produtivas na áreas de agricultura, ecoturismo e mineração.



13/12/2002

Agência Senado


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