Mudanças climáticas exigirão adaptação da economia, dizem especialistas
Em audiência pública da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC), realizada nesta quarta-feira (31), especialistas debateram os resultados dos planos nacionais relacionados ao tema e as alternativas econômicas para mitigar o problema.
O representante do Ministério do Meio Ambiente, Adriano Santhiago de Oliveira, lembrou os estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que apontam, no mínimo, para uma “muito provável” influência do homem sobre o clima, o que agravaria eventos extremos.
- Ainda que exista qualquer tipo de incerteza, ainda que pequena, temos que contar com o princípio da precaução - afirmou Oliveira, que coordena departamento dedicado ao tema.
Oliveira saudou a redução no desmatamento no Brasil, mas disse ser "obrigação histórica" dos países desenvolvidos financiar esse trabalho. Ele se mostrou otimista com o aumento de produtividade na agropecuária.
- É possível hoje, em áreas em que se tem uma cabeça de gado por hectare, colocar quatro com investimentos tecnológicos não muito robustos - afirmou.
Desastres
O senador Sergio Souza (PMDB-PR), relator da comissão, mencionou eventos extremos no clima do planeta e indagou sobre o impacto da mudança climática na produção agrícola no Brasil. Alaor Moacyr Dall’Antonia Júnior, coordenador-geral de agrometeorologia do Ministério da Agricultura, afirmou que "catástrofes sempre ocorreram", sublinhando os ciclos de ocorrências desses fenômenos, mas apresentou dados pelos quais subentende-se a correlação entre a concentração de gases do efeito estufa e a elevação da temperatura. Segundo Dall’Antonia, o Brasil precisa conhecer melhor as áreas de risco e reforçar a segurança diante dos desastres.
- O que ocorre é que a população cresceu muito e é agredida por essas manifestações - disse, sublinhando as demandas crescentes por energia e alimentos, o que tem resultado na busca de alternativas aos combustíveis fósseis.
Ele manifestou esperança em maior liberação de recursos para o aumento de produtividade e estímulo de práticas alternativas de agricultura.
"Colcha de retalhos"
Já Carlos Eduardo Rittl, coordenador de mudanças climáticas e energia da organização não-governamental WWF Brasil, assegurou que a realidade dos eventos extremos confirma os modelos matemáticos sobre a influência do ser humano no clima, e alertou a vulnerabilidade do Brasil neste aspecto. Segundo Rittl, a geografia agrícola do país corre risco de mudar em função da mudança do clima.
Rittl sublinhou a oportunidade de revisão do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, prevista para 2013. Segundo ele, os atuais planos setoriais - Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), e o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono ( Plano ABC) - são semelhantes a uma “colcha de retalhos”.
- Não existe uma plena harmonização desses planos. Poderemos olhar dentro de cada plano o que é necessário fazer para compará-los, somar seus esforços e identificar lacunas.
31/10/2012
Agência Senado
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