Muito Fórum, pouco governo



A valorização que o Governo do Estado, a Prefeitura de Porto Alegre e o PT estão dando à realização do Fórum Social Mundial, nada mais é do que a velha prática petista de desviar o foco dos problemas locais, transferindo responsabilidades. Quando oposição, o PT culpava os governantes; agora, com dois anos à frente do Executivo estadual e há dez anos na Prefeitura Municipal, não conseguindo resolver necessidades básicas como saúde, educação, segurança e até mesmo infra-estrutura, pratica o discurso da inclusão social mas esquece de apresentar soluções que extrapolem o campo da retórica. É a verdadeira administração de duas caras, diz uma coisa e faz outra. Veja o porquê: Orçamento Participativo. Menina dos olhos das administrações petistas, a cada ano que passa vem diminuindo o número de obras e os valores investidos pela Prefeitura da capital. Em 1996, investiram apenas 30 % da verba disponível dentro do período previsto. Em 1997, 98 e 99 os percentuais caíram respectivamente para 22%, 9,52% e 8,15%. Isso sem falar que, em 1999, o valor disponível para realizar as obras da participação popular foi de R$ 42 milhões, tendo caído para cerca de R$ 25 milhões em 2000. Mas parece que, ao assumir, o novo prefeito Tarso Genro descobriu que o OP não andava bem e resolveu dar um chute na pequena participação dos moradores de Porto Alegre ( menos de 3 % ). Sem consultar ninguém, numa decisão de gabinete, anunciou um plano de obras para os primeiros seis meses de 2001, por intermédio da prática do canetaço, que sempre foi condenada pelos próprios petistas. No Governo do Estado a situação não é diferente. O governador Olívio anunciou com alarde a participação da sociedade e, até o presente momento, não enfrentou os problemas de fundo da sociedade gaúcha: saúde, educação, saneamento e segurança pública, entre outros. Além disso, atrasou a execução orçamentaria do ano passado e deixou de cumprir suas promessas de campanha. No início de dezembro, do total do orçamento estadual, com todas as suplementações aprovadas, totalizando pouco mais do que R$ 2,10 bilhões, foram efetivamente pagos apenas 42 %. Além disso, as inúmeras modificações por decreto acabaram desrespeitando a vontade popular. Para completar, no inicio deste ano, o governador Olívio Dutra decidiu vetar emendas populares aprovadas para 2001, alegando que “as emendas contrariam o interesse público”. Portanto, tanto a participação popular quanto o Fórum Social Mundial têm seus destaques e importâncias, desde que as ações e decisões sejam respeitadas pelos atuais governantes. Ouvir a sociedade e não realizar as obras, ou queimar a bandeira americana em praça pública não bastam. Da forma como estão postas parecem mera “cortina de fumaça” para esconder o desgoverno petista, e a irresponsabilidade de quem prometeu muito e não está podendo cumprir.

01/26/2001


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