Müler: nem Bisol está em segurança em seu gabinete
Müler: nem Bisol está em segurança em seu gabinete
Ex-delegado entregou, ontem, o segundo CD para a CPI da Segurança. Ele confirmou que tem mais quatro gravações
Ontem à noite, a TV Pampa apresentou um trecho da gravação, em que o secretário Bisol conversa com três mulheres de policiais militares envolvidos no caso Konrad.
Eram 17h35min, quando o delegado aposentado Wilson Müller Rodrigues chegou ao segundo andar da Assembléia Legislativa. Carregando um envelope pardo, ele entrou na sala Castelo Branco, onde ficou por mais de 20 minutos. Em seguida, os deputados, junto com Müller, delegado aposentado e ex-deputado federal, subiram ao sexto andar, onde ele entregou um segundo CD, aos deputados da CPI da Segurança.
Ontem à noite a TV Pampa apresentou um trecho da gravação, em que aparece a voz do secretário da justiça e da Segurança, José Paulo Bisol, conversando com três mulheres de policiais militares envolvidos no caso Konrad. 0,fato ocorreu em 1998, quando PMs de Porto Alegre e Novo Hamburgo mataram um jovem.
GRAVAÇÃO - Parte do diálogo, revela a pergunta feita ao secretário: "Como juiz, como o senhor vê o caso? Se for contra os nossos maridos (inaudível) total?". Bisol respondeu: "Eu digo legalmente, se o promotor chegar lá e disser: o soldado tal, o soldado tal fez isso, isso, isso ... merece uma pena tal.
Bisol repundia “tentativa sensacionalista” da CPI
A Secretaria da Justiça e da Segurança, em nota distribuída à imprensa, contestou a gravação entregue pelo ex-delegado Wilson Müller à CPI da Segurança:
'A Secretaria da Justiça e da Segurança (SJS) vem a público, em primeiro lugar, repudiar a tentativa sensacionalista da CPI da Segurança de requentar fato já esclarecido no primeiro trimestre de 1999, relacionado ao caso Konrad. Em segundo lugar, a SJS esclarece, como já foi feito na época:
1º O secretário da Justiça e da Segurança, José Paulo Bisol, foi procurado, no mês de março de 1999, por uma assistente social da Brigada Militar que disse ser representante das mulheres dos sete policiais militares acusados de estar envolvidos na morte do jovem Giovane Konrad, no dia 24 de dezembro de 1998, em São Francisco de Paula. A assistente social solicitou uma audiência das mulheres com o secretário Bisol;
2º Na audiência com o secretário Bisol, na segunda quinzena de março de 1999, participaram três mulheres dos policiais envolvidos no caso. Elas solicitaram interferência do secretário para libertar seus maridos presos.
Depoimento definirá os rumos da CPI.
O presidente da CPI da Segurança Pública, deputado Valdir Andres (PPB), disse ontem que os depoimentos do presidente do Clube de Seguros e Cidadania, Diógenes de Oliveira, e do diretor do clube, Daniel Verçosa, vão definir os rumos da comissão. "O depoimento do Diógenes é a peça que faltava no nosso quebra-cabeça e está sendo desqualificado pelo Governo, sem merecer isso", destacou.
Ele insiste no convite ao governador Olívio Dutra. Andres também afirmou que não é descartada uma acareação entre o ex-chefe de Polícia, Luiz Fernando Tubino, e o presidente do Clube da Cidadania, Diógenes de Oliveira. "Nessa reta final tudo pode acontecer. Não podemos deixar de lado nenhuma possibilidade", avisou.
Valdir Andres adiantou que o atraso na entrega da documentação pedida pela CPI ao governo e algumas entidades poderá fazer com que ela não fique totalmente completa e exista a necessidade de propor uma nova CPI para aprofundar os fatos.
Hoje, prestam depoimento Túlio Severo, representante legal da Sabeme Seguros; Eda Schroeder e Norma Mariath, apontadas como titulares da Associação Municipalista Brasileira (Ambras), e Rejane Filippi, ex-secretária da justiça no governo Pedro Simon.
Tubino não quer depor.
O ex-chefe de Polícia, o delegado Luiz Fernando Tubino, negou que pretenda fazer um novo pronunciamento na CPI da Segurança Pública. Tubino falou ontem à tarde, em sua residência, sobre o suposto novo depoimento na comissão.
Na terça-feira, o relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), afirmou que ele falaria outra vez aos deputados.
O ex-chefe de Polícia afirmou que não pretende mais falar sobre o assunto. Irritado com a dimensão do caso, o policial criticou a maneira como as suas declarações vêm sendo distorcidas c, segundo ele, usadas de para promover pessoas.
"Já prestei depoimento na CPI. O que eles querem que eu fale? Que a voz na fita não é minha? Que é uma montagem?", ironizou o delegado. "Se quiserem me ouvir outra vez, que me convoquem."
Luiz Fernando Tubino não quis comentar as declarações de Diógenes. Apenas contou que, na época em que era chefe de Polícia, em 1999, o viu muitas vezes no Piratini. "Sempre vi Diógenes, quando ia no Palácio, conversando com Olívio e outros membros do governo", lembrou.
Frente fará vigília pró-0lívio.
A Frente Popular está unida em tomo do governador Olívio Dutra. Ontem, em um ato de desagravo aos rumos tomados pela CPI da Segurança, os partidos integrantes - PT, PSB, PCdoB, e PCB - decidiram fazer uma vigília, até que a CPI volte a averiguar os problemas da segurança pública, como era o seu primeiro objetivo. A vigília terá início com um ato público na Praça da Matriz, dia 9 de novembro, às 18h.
As legendas também propuseram que todos os partidos tomem públicos seus números de campanha, antes que seja aberta a CPI sobre financiamentos. "Vamos fazer um show-room das contas", sugeriu o presidente estadual do PSB e secretário dos Transportes, Beto Albuquerque. De acordo com ele, não cabe ao governo provar sua defesa. "Eles é que devem mostrar onde está o dinheiro do jogo do bicho."
Em contra-partida, ressalta, a Frente quer que a CPI produza uma estatística da repressão à contravenção neste governo em comparação com os números registrados nos dois últimos Executivos. Albuquerque ressalta que, desde o início do governo Olívio, foram afastados 150 policiais, demitidos 46, e estouradas 26 bancas de jogo do bicho.
Governo já prendeu 60 policiais da banda podre
Entidade da categoria diz que vai à Justiça pedir reparação pelas declarações de Araújo sobre corrupção na Polícia
O presidente da Servipol (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do RS), Paulo Lucas de Moura, anunciou ontem que a entidade estuda ação judicial contra o chefe de Polícia, José Antônio de Araújo, por suas declarações na CPI da Segurança Pública. Araújo disse que parte da polícia gaúcha é corrupta, e defendeu-se, dizendo que se referia apenas a 10% dos policiais que fariam parte da chamada "banda podre".
Araújo disse que não teme o processo porque sua intenção foi bem clara: "Denunciar a banda podre da polícia". Ressaltou que jamais pensou em denegrir a imagem dos policiais e divulgou uma estatística sobre a ação da Chefia para coibir a corrupção policial. "Temos 60 policiais presos e mais de 600 inquéritos ainda em andamento", disse.
O Servipol também divulgou nota de repúdio às declarações do chefe de Polícia, onde afirma que "a Polícia Civil gaúcha não será usada para entretenimento de telespectadores de CPIs por fanáticos de éticas ideológicas ou por marionetes do clero dos escalões do Governo.
Bogo: PSDB precisa se firmar.'
O presidente da Ocergs (Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul) e filiado ao PSDB, Vicente Bogo, acredita que o partido está numa encruzilhada. Ou o PSDB se firma na política gaúcha, construindo candidatura própria ou fica difícil se consolidar para o futuro", prevê.
Bogo afirma que a convenção de 15 de dezembro, quando será eleito o presidente estadual do partido, poderá facilitar, dificultar ou eli minar uma candidatura própria ao governo do Estado. Ele ressalta que "o partido não tem identidade própria no Rio Grande do Sul, pois foi vice por duas vezes". Bogo disse que não quer "uma candidatura aventureira, mas que seja capaz de consolidar partido.
Critica a falta de definição do PSDB e admite concorrer ao governo, mas não quer misturar o seu cargo na Ocergs com o partido. "Posso disputar, mas não me sinto obrigado", disse.
PFL rebate declarações do vice-governador.
A executiva do PFL aproveitou reunião agendada para ontem e analisou as declarações do vice-governador Miguel Rossetto, que afirmou que o PT é diferente do PFL e do PMDB, fazendo alusão a Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho.
"Lamentamos que o Rossetto tenha misturado sua função política e partidária.
Ele tem razão, o PT é bem diferente do PFL, pois não temos o Clube de Cidadania, nem 'lavanderia' e também não temos sede municipal. Nossas contas são transparentes", enfatiza o vereador Reginaldo Pujol.
Pujol disse que o partido está juntando dinheiro para abrir uma sede municipal em março.
CPI investiga leite em pó nas caixinhas longa-vida.
Presidente de cooperativa denuncia fraude dizendo que pó é importado, reprocessado e vendido como leite de vaca.
Monopólio, cartelização, exclusão de pequenos produtores, abuso econômico. E agora, fraude. As denúncias contra a indústria do leite não param de chegar à CPI do Leite. O presidente da CPI, deputado Vilson Covatti (PPB) disse que as investigações estão se aprofundando. "Há indícios de monopólio e cartelização, ou seja, indícios de crimes.
Vamos ouvir a posição das indústrias e encaminhar as informações para as auditorias." Em vez de água mineral, ontem foi servido leite aos deputados da CPI.
Em seu depoimento, o presidente da Cotribá (Cooperativa Agrícola Mista General Osório), Celso Krüg, disse que o número de produtores de leite associados à entidade caiu 11,7% nos últimos 12 meses. Em 1996, os produtores recebiam R$ 0,22 por litro. "Em 2001, apesar do aumento no custo de produção e da elevação da inflação, o valor está em R$ 0,2432."
Krüg denunciou prática de fraude por parte de indústrias do leite. A afirmação foi feita ao relator, deputado Giovani Cherini (PDT), que queria saber quem importa leite no Estado. 'As indústrias importam leite em pó que depois é reprocessado, embalado em caixinhas e vendido à população como se fosse leite de vaca". Krüg não informou o nome das indústrias que fraudam o leite. "É uma informação nova, a ser investigada a fundo pela CPI", disse Cherini.
O presidente do Movimento dos Pequenos Agricultores, Sérgio Gõrgen, disse que as empresas reduzem o preço pago ao produtor para excluí-lo e concentrar a atividade nos grandes. Segunda, a CPI ouvirá os presidentes do Sindilat (Sindicato das Indústrias de Laticínios) e da Associação dos Criadores de Gado Holandês.
Editorial
Piora o mercado de trabalho.
A Pesquisa de Emprego e Desemprego realizada pela FEE (Fundação de Economia e Estatística) mostra que, depois de quatro meses consecutivos de queda, a taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre sofreu um pequeno aumento, passando de 14,3% em agosto para 14,5% em setembro.
Este índice fez com que o número de 244 mil desempregados na Região se mantivesse inalterado, uma vez que 25 mil pessoas saíram do mercado de trabalho - a mesma quantidade de postos eliminados.
Segundo o coordenador da Pesquisa, economista Roberto Wiltgen, o crescimento da taxa de desemprego total aconteceu exclusivamente em função do movimento do desemprego aberto (pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos 30 dias anteriores à pesquisa e não exerceram nenhum trabalho nos últimos sete dias), cuja taxa passou de 9,6% da População Economicamente Ativa, em agosto, para 9,8% em setembro, levando a uma estimativa de 165 mil pessoas nesta condição.
As elevações mais acentuadas de desemprego ocorreram entre os jovens de 18 a 24 anos (de 22,4% para 24,4%) e pessoas de 25 a 39 anos (de 10,8% para 11,3%).
O economista da FEE diz que diante da expressiva redução de postos de trabalho, a ocupação apresentou queda de 1,7% no mês de setembro.
A queda na ocupação ocorreu em quase todos os setores, excetuando-se a construção civil, que se manteve estável. As maiores reduções foram registradas na indústria de transformação e nos serviços. A indústria apresentou retração de 10 mil postos de trabalho, transformando-se na maior responsável pelo desempenho negativo da ocupação neste mês.
Também o comércio sofreu redução de quatro mil vagas, o que alterou o comportamento positivo verificado nos últimos três meses. O setor de serviços foi responsável pela eliminação de sete mil postos de trabalho, queda que vem ocorrendo há quatro meses.
É claro que se pode atribuir a piora no mercado de trabalho a vários fatores - globalização, atentados terroristas, crise na Argentina -, mas não se pode esquecer que a principal causa da redução de vagas no Brasil é a excessiva carga de tributos e encargos sobre as folhas de pagamento das empresas.
O excessivo ônus ao pagamento de salários não é um problema só para o empregador - este simplesmente deixa de contratar ou contrata menos trabalhadores do que poderia. É um problema para o Pais, cujo mercado de trabalho não consegue absorver imenso contingente da população, levando ao crescimento dos cinturões de miséria, principalmente nas grandes cidades, e servindo de estímulo à marginalidade e à violência.
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11/01/2001
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