Mulheres não preenchem a cota de participação









Mulheres não preenchem a cota de participação
Elas representam mais de 50% do eleitorado brasileiro. Mas, a participação das mulheres na política, apesar de ter aumentado significativamente nos últimos anos, ainda é pequena.

No Rio Grande do Sul, nenhum dos partidos conseguiu preencher a cota legal de 30% das vagas nas nominatas proporcionais (para deputados federal e estadual) com as candidatas do sexo feminino. A reserva
das vagas é obrigatória; por isso, não pode ser completada com homens.

Segundo as próprias mulheres na política, muitas são as razões que as afastam da vida militante: o cuidado com a família, o desinteresse dos partidos pela participação feminina e a descrença na própria capacidade de mudança social.

A deputada estadual Maria do Rosário (PT) avalia que o respaldo e a compreensão da família diante da intensa agenda política é fundamental para a participação da mulher. "A falta de interesse feminino é fruto de uma história na qual as mulheres não participam da vida pública. Nosso ingresso nesse setor ainda é uma realidade nova", destacou.

Acrescentou que as mulheres continuam responsáveis pela vida doméstica, sendo difícil optar por uma atividade em que, muitas vezes, tenham que abrir mão do cotidiano. "Eu faço malabarismos, e só posso participar da eleição porque tenho um marido e uma mãe que assumem, junto comigo, o cuidado da minha casa e da minha filha", explicou.

A secretária-geral do PTB, Sônia Santos, concorda que o auxílio familiar é fundamental para o ingresso das mulheres na política. "É necessário o apoio da família e a compreensão dos filhos. Sem o apoio e o respaldo deles, eu não conseguiria desenvolver o trabalho que desenvolvo", disse.

Ressaltou, contudo, que os partidos precisam mudar a cultura de procurar as mulheres somente em época de eleição para preencher as nominatas. "Elas devem ser preparadas ao longo do tempo, através da inserção na vida partidária. Assim, vão ocupando os espaços e terão capacidade de se eleger", argumentou.

A deputada estadual do PPS, Iara Wortmann, elogiou a lei de cotas, que teria obrigado as legendas a prestarem atenção na importância das mulheres na política. E respalda a colega: "os partidos têm que valorizar mais a militância feminina. As mulheres não servem só para preencher vagas".

Lembrou que o estatuto do PPS determina a ocupação de 30% dos cargos diretivos por mulheres, mas lamentou que o partido não consiga cumprir a norma. "A mulher é o novo na política e precisa entender que, junto com os homens, pode fazer uma nova sociedade", concluiu.


Candidatos ao governo apresentam suas principais propostas na AGM
Os candidatos ao governo do Estado Tarso Genro (PT), e Celso Bernardi (PPB) participaram ontem à tarde do 7º Seminário de Gestão Pública, promovido pela Associação Gaúcha Municipalista (AGM) no auditório do Centro Administrativo, em Porto Alegre. No encontro os candidatos defenderam as suas propostas de desenvolvimento e responderam aos questionamentos dos prefeitos sobre educação, saúde, segurança,
turismo, reforma agrária, orçamento público, e crise financeira do IPE.

Segundo o presidente da AGM, José Carlos Rassier, 208 municípios estão filiados ao quadro da entidade, "representando cidades onde residem, aproximadamente, 82% da população do Rio Grande do Sul". Todos os partidos integram a AGM, entretanto, na sua direção apresenta uma hegemonia do PDT e do PT.

Conforme Rassier, que é prefeito do município de Arambaré, balneário da Lagoa dos Patos, na Região da Costa Doce, a idéia da AGM é proporcionar aos prefeitos ouvir as principais propostas dos candidatos a serem implementadas, caso cheguem ao governo do Estado. "A AGM tem diversas demandas e tem sido porta voz de diversas questões que envolvem a descentralização de recursos, a eficácia das políticas públicas e uma nova relação que reconheça a autonomia municipal e, fundamentalmente, no que diz respeito a melhora das iniciativas que promovam a qualidade de vida nos 497 municípios do Rio Grande do Sul".

Na primeira parte do encontro, durante a manhã os prefeitos ouviram painéis de sobre os processos de fiscalização e controle exercidos pelo Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado. Nos próximos dias 13 e 14 de agosto a AGM promoverá o seu 8º Seminário de Gestão Pública. Na oportunidade pretende destinar o mesmo espaço para os demais candidatos.

Divergências sobre formas de desenvolvimento do Estado
Celso Bernardi foi o primeiro candidato a falar e defendeu a descentralização dos recursos para os municípios.

Disse que implementará às cidades gaúchas o repasse automático de recursos, feitos no dia 15 do mês subsequente, a partir de um levantamento prévio de índices de investimentos locais. "Esse índice será elaborado através de um estudo prévio realizado com o apoio dos prefeitos, universidades e instituições regionais de desenvolvimento", declarou Bernardi ao criticar a burocracia na liberação de verbas para os setores que considera prioritários: educação, saúde, agricultura e segurança. Bernardi ressaltou que pretende criar um banco de projetos e um plano diretor de obras, além de implantar os conselhos regionais de segurança e defesa.

Tarso Genro fez um diagnóstico das causas que levaram o Estado ao atual nível de endividamento e salientou que será preciso buscar, através de investimentos ancorados numa cadeia de produção local, a retomada do crescimento. "Políticas equivocadas do governo federal e do governo anterior do Estado vincularam a economia gaúcha a uma matriz produtiva baseada nos investimentos dos recursos públicos em uma ou em poucas empresas de grande porte, na maioria multinacionais, apostando na concepção de que o mercado de tecnologia externo era o bom em detrimento da cadeia produtiva local", lembrou o petista. Tarso afirmou que tem bom trânsito e credibilidade para buscar os recursos necessários para a implantação de projetos voltados ao fortalecimento da economia gaúcha.


Britto centra a campanha no problema da segurança
O bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, tem 30 mil habitantes, uma viatura (atualmente estragada) e apenas um policial da Brigada Militar para proteger a população. O dado foi apresentado por Enei Menezes, presidente do Consepro (Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública) do Rubem Berta ao candidato Antônio Britto, que ontem visitou aquela comunidade.

Enei lembrou que no governo Britto o bairro podia contar com sete viaturas, 91 PMs e um módulo da Brigada Militar. "Hoje estamos totalmente desprotegidos. O posto não tem mais nem telefone. Se o policial precisa, ele tem apenas um rádio para se comunicar. Os comerciantes trabalham atrás das grades. A Brigada tem medo de trabalhar aqui", disse Enei, que entregou a Britto uma carta onde a comunidade pede mais segurança, incluindo uma delegacia especializada no combate às drogas, que poderia ser instalada junto ao módulo da BM.

Britto afirmou que recuperar a Segurança será prioridade no seu governo, pois esta é a exigência da sociedade. "O atual governo tem como objetivo desmontar a Segurança", disse o candidato da coligação O Rio Grande em 1º Lugar. "De mim terão obsessão, durante quatro anos, na recuperação do aparato da Segurança", disse.

O presidente da Associação dos Comerciantes do Rubem Berta, Cleusi Coelho da Rosa, pediu a Britto a regularização das áreas comerciais daquele conjunto habitacional. "Alguns lotes comerciais já foram negociados, mas somente com aqueles que se identificam politicamente com o partido do governo", disse Cleusi. "No nosso governo acabamos com a novela da regularização fundiária no Rubem Berta, com o repasse de R$ 520 mil para regularizar o setor habit acional", lembrou Britto.

O candidato ao Senado José Fogaça, que acompanhou Britto, disse que a luta, agora, "não é para melhorar aquilo que tínhamos no governo Britto, mas para recuperar o que foi perdido”. Durante a caminhada pelo bairro, o senador participou, como baterista, de uma apresentação improvisada da banda Mistura Pagode, formada por garotos entre 15 e 16 anos que vivem no Rubem Berta.


Germano Rigotto defende pacto entre governo, funcionários e sociedade
Ao chegar no final da tarde de ontem, em Santo Ângelo, o candidato da coligação União Pelo Rio Grande, Germano Rigotto, disse que via com satisfação o acolhimento de suas propostas junto ao funcionalismo. São medidas que passam pela adoção de um novo conceito envolvendo o montante da folha de pagamento e as funções originais do Estado: educação, segurança e saúde.

"A sociedade espera", frisou o candidato, "que os 75% da arrecadação comprometidos com a folha revertam no bom funcionamento das atividades essenciais do Estado". Para ele, a expressão segundo a qual o governador seria apenas um gerente de pessoal é equivocada. "É preciso que haja um pacto entre governo, funcionalismo e sociedade", propôs.

Conforme Rigotto, o funcionalismo não pode ser visto como um conjunto de categorias exclusivamente em busca de compensação financeira. "Tenho certeza que contarei com a compreensão e com o entusiasmo dos funcionários públicos do Rio Grande do Sul para a vitória deste novo conceito", concluiu. Ontem Rigotto ainda esteve reunido, em Santo Cristo e Horizontina, com lideranças políticas integrantes da coligação União Pelo Rio Grande.


Pelo Ibope Ciro Gomes aumenta e Serra baixa
O Ibope divulgou ontem nova pesquisa sobre a sucessão presidencial. O candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, foi o único que cresceu: passou de 18% das intenções de voto para 22%. O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, continua em primeiro lugar. Lula tem 33% dos votos, contra 34% da pesquisa anterior.

O candidato do PSDB, José Serra, caiu de 17% para 15%. Já o candidato do PSB, Anthony Garotinho, perdeu dois pontos porcentuais, indo de 12% para 10%. Nas simulações para o segundo turno, Lula e Ciro têm empate técnico, com 43% e 44%, respectivamente. Na disputa com Garotinho, Lula ficaria com 50% dos votos, contra 32% do adversário. Contra Serra, Lula obteria 48% dos votos, contra 37% do candidato tucano.

O Ibope ouviu 2 mil pessoas entre os dias 12 e 14 de julho. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais, para mais ou para menos.


Editais de duplicação da BR-101 estão disponíveis
O Ministério dos Transportes liberou os editais de licitação para a duplicação da BR-101 entre Palhoça (SC) e Osório (RS) às empresas interessadas em realizar a obra. O lançamento dos editais ocorreu no dia 25 de junho, na localidade de Passo de Torres, divisa dos dois Estados, com a presença do ministro dos Transportes, João Henrique de Almeida Sousa. O orçamento previsto para a execução da duplicação é de US$ 1,1 bilhão.

O projeto terá financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Eximbank, do Japão.


Conforme o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), o procedimento segue o cronograma previsto a partir da publicação feita em 28 de junho no Diário Oficial da União. As empresas interessadas poderão adquirir os dois editais de nº 03 (14 lotes - SC) e nº 04 (07 lotes - RS), com a Assessoria de Cadastro e Licitação do DNIT.

O próximo passo do processo de licitação será a entrega da documentação de habilitação das empresas e das respectivas propostas de preço, no dia 17 de outubro. A duplicação da BR-101 será uma obra complexa de engenharia e compõe a interligação em pista dupla do Sudeste e do Sul, regiões que concentram quase 80% do Produto Interno Bruto (PIB) e respondem por mais de 90% das exportações brasileiras.


Simers relaciona superlotação com falta de leitos para SUS
Faltam leitos para receber os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) nos estabelecimentos públicos de saúde da Capital. É a opinião do presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Paulo de Argollo Mendes, para explicar a constante superlotação de instituições como o Hospital de Pronto Socorro (HPS) e o Conceição.

"O HPS vem passando por diversas dificuldades, que são próprias de gerenciamento mal feito", declara o presidente. Segundo ele, o Município não providencia leitos para o SUS. Argollo também reclama de hospitais que funcionam parcialmente, e que deveriam ser totalmente voltados para atendimento do SUS, como o Beneficência Portuguesa, Petrópolis e Parque Belém.

A baixa remuneração do SUS também é citada como causa para a superlotação "nos poucos hospitais que recebem pacientes". Então, "o resultado disso tudo é uma rede de assistência fraca". De acordo com Argollo, a infra-estrutura do HPS também é precária. "Existem goteiras e falta até mesmo luva cirúrgica", diz.

A situação do HPS, durante o final de semana passado, foi crítica devido à superlotação.

Segundo o coordenador de Planejamento da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Armando de Negri, o problema da falta de leitos não é novidade na Capital. "Estamos buscando avanços e discutindo soluções", afirma. Ele diz que o aumento de leitos depende dos recursos vindos do governo federal. Hoje existem 6,6 mil leitos atendendo o SUS em Porto Alegre, em 27 hospitais.


RS é o terceiro Estado em ações contra a indústria do fumo
O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado brasileiro em ações de indenização propostas em relação aos danos causados pelo cigarro. A informação é do gerente jurídico da empresa Souza Cruz, Antônio Rezende.

Segundo ele, no Estado há 31 ações em curso - todas de pessoas físicas -, sendo que cinco tiveram decisão em 1ª instância no Tribunal de Justiça em favor da indústria. Na sua opinião, no Estado está se criando a "indústria indenizatória" com um grupo de advogados centralizando as ações e buscando clientes. De acordo com Rezende, as ações de indenização contra a empresa variam de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão.

O gerente jurídico diz que no Brasil foram propostas 283 ações contra a empresa, requerendo indenizações - que passam dos R$ 2 milhões - por doenças supostamente causadas pelo cigarro. Dessas, 98 já foram julgadas, todas em favor do fabricante.

O primeiro Estado em ações contra a Souza Cruz é São Paulo, com 90 processos, seguido do Rio de Janeiro com 37, o Rio Grande com 31 e Minas Gerais com 29. Um exemplo gaúcho é o de um corretor de imóveis, de 71 anos, fumante durante 55 anos, que move uma ação contra a indústria, onde pede reparação por "dano moral e propaganda enganosa". Ele quer uma pensão mensal de 10 salários mínimos enquanto for vivo, pagamento dos gastos com assistência médica e hospitalar e indenização por danos morais. Alega que o cigarro foi responsável por um câncer na laringe e hoje tem dificuldades para falar.

O advogado Evandro Garczynski, do Programa Estadual de Defesa do Consumidor (Procon), acredita que a divulgação do resultado de ações bem sucedidas, principalmente nos Estados Unidos, contra empresas fabricantes de cigarro tem estimulado os pedidos de indenizações no País e no Rio Grande do Sul. Segundo ele, na Justiça americana é permitido o acordo entre os fabricantes de cigarro e o autor da ação antes do julgamento.


Secretário Antidrogas defende tratamento aos usuários
O titular da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), general Paulo Roberto Uchôa, defendeu ontem a aplicação da Justiça Terapêutica aos usuários de drogas em conflito com a lei. Ele disse que a prática, adotada de forma pioneira pelo Judiciário do Rio Grande do Sul, ajuda a diminuir o índice de reincidência criminal dos dependentes infratores. Uchôa, que esteve em Porto Alegre para divulgar o Projeto Internacional de Redução da Demanda de Drogas em Municípios Fronteiriços, fez palestra a uma turma de promotores da Escola Superior do Ministério Público.

Uchôa explicou que a Justiça Terapêutica é dirigida aos usuários de entorpecentes - geralmente jovens - que cometem crimes leves e que sejam primários. O dependente tem a possibilidade de escolher diante do juiz se quer que o processo criminal prossiga ou se irá se submeter a um tratamento de recuperação. "Desse jeito, o usuário sai da esfera da repressão ao uso de drogas e retorna ao ramo da prevenção, evitando cometer novos delitos", afirmou.

O secretário da Senad informou que a Justiça Terapêutica é aplicada em outras regiões do País, como em Pernambuco e o Distrito Federal. Presente à palestra de Uchôa, o procurador de Justiça Luiz Achylles Bardou, do Departamento de Recursos e Projetos Especiais do Ministério Público, lembrou que medidas sócio-educativas conciliadas com tratamento aos dependentes químicos são aplicadas no Rio Grande do Sul há cerca de 10 anos, baseadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Projeto-piloto
Na segunda-feira, foi lançado em Santana do Livramento o projeto-piloto antidrogas que se desenvolverá em Livramento e Rivera, no Uruguai; Uruguaiana e Paso de Los Libres, na Argentina; Corumbá (MS) e Porto Suárez, na Bolívia; e Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O plano de cooperação internacional, que vai abranger 620 mil pessoas nos cinco países envolvidos, se desenvolverá durante seis meses e incluirá programas de prevenção, pesquisa, capacitação, mobilização comunitária, fóruns e planos sociais.

O Sul foi a região do Brasil que apresentou o maior índice de consumo de drogas lícitas e ilícitas, segundo o 1º Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Psicotrópicos no Brasil. A pesquisa revelou que 69,4% dos moradores dos Estados do Sul já usaram álcool, 44,1% já consumiram tabaco, 8,4% maconha e 3,6% cocaína, os maiores números do levantamento. As estimativas de dependentes de tabaco e maconha foram também as mais altas do País, 12,8% e 1,6% respectivamente.


Primeira assembléia municipal do OP será sábado
A prefeitura de Porto Alegre realiza no próximo sábado a primeira Assembléia Municipal do Orçamento Participativo, a partir das 14h30min, no auditório Araújo Vianna. Na ocasião, será lançado o IV Congresso da Cidade, que ocorre em maio de 2003.

Essas atividades fazem parte das ações de modernização do processo de participação popular da Capital, aprovadas em janeiro pelo Conselho do Orçamento. O ato é aberto ao público e são esperadas mais de três mil pessoas - 2,5 mil das quais delegados do OP.

Após apresentação do músico e ator Hique Gomez, a população entregará ao governo municipal suas demandas de obras e serviços para o próximo ano, escolhidas pelas 16 regiões e seis plenárias temáticas do OP. As prioridades, na área de política social, continuam as mesmas do ano anterior: habitação, educação e pavimentação. "A matriz orçamentária está de acordo com as principais carências da população", diz Nelson Cúnico, coordenador adjunto da Coordenação de Relações com a Comunidade (CRC). A prefeitura fará, ainda, uma estimativa de arrecadação do Município para 2003.

No mesmo dia, às 20h, haverá a festa de posse dos conselheiros do Orçamento Participativo (no total de 96 pessoas) para a gestão 2002/2003, no Armazém 7 do cais do porto.


Artigos

Liberdade não tem preço
Chico Vicente

Em artigo publicado ontem nesta página, intitulado "O preço da liberdade", o deputado estadual do PFL, Onyx Lorenzoni, agrediu e desrespeitou o Partido dos Trabalhadores e ofendeu a memória do povo gaúcho. O deputado, na primeira parte de seu artigo, refere-se à importância histórica que teve para o Rio Grande a vinda dos imigrantes alemães e italianos. Expressa apenas um ponto de vista do processo imigratório e não questiona, ao contrário, reafirma as causas históricas das desigualdades em relação ao acesso à propriedade.

Na segunda coluna de seu artigo, passa a vociferar, destilando ódio, desinformação e inverdades com o claro objetivo de agredir e fazer vinculações caluniosas. Relaciona o PT ao Partido Nazista e diz que o PT despreza a liberdade individual. Ora, deputado, foram exatamente as maiores lideranças nacionais de seu partido, o PFL, que protagonizaram o mais duro golpe na democracia brasileira e sustentaram a ditadura militar; esta sim de corte fascista, que se instalou no nosso País a partir de 1964. Durante os chamados anos de chumbo, as liberdades individuais, a censura aos meios de comunicação, o exílio, a perseguição, a prisão ilegal, a tortura e a morte de milhares, inclusive gaúchos e gaúchas, foram a regra. Até hoje não vi o deputado fazer auto-crítica ou pedir perdão às famílias dos mortos pelas atrocidades cometidas naquele período.

O povo sabe da nossa seriedade, dos nossos compromissos e da transparência com a qual trabalhamos.

Cometemos erros, sim, mas somente os cometem aqueles que tentam fazer algo. Mas, diferente de muitos, temos a humildade de reconhecê-los e a dignidade de buscar corrigi-los, a partir do debate aberto e franco com a nossa militância e com o povo. Talvez por terem vergonha de seu passado, a ditadura militar, e defenderem um projeto falido, o neoliberal, e por já terem feito auto-crítica de seu principal feito no governo anterior, as privatizações, a direita gaúcha não tenha o que fazer senão atacar, de forma desqualificada, o que de bom está sendo realizado. Reafirmamos nossos compromissos com os valores da democracia, da igualdade, da solidariedade, da justiça e dizemos, com muita firmeza, que, para nós, a liberdade não tem preço. O valoroso povo gaúcho sabe curtir e respeitar este valor.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

O general conspirador
O general paraguaio Lino Oviedo estará hoje, às 16 horas, no Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça. Perante o diretor do Departamento, Luiz Paulo Barreto, ele vai responder a acusação que lhe move o presidente de seu país, Luiz Gonzáles Macchi, de ter conspirado contra ele e ser responsável pela onda de instabilidade política que assola o Paraguai, Lino Oviedo vive em situação irregular no Brasil.

Ele entrou com um pedido de visto para pesquisador da Universidade de Cuiabá, mas até agora ele não foi concedido. Oviedo, portanto, está impedido de se envolver em manifestações de ordem política no País. Se for confirmado que mobilizou paraguaios contra o presidente Luiz Gonzáles Macchi, em manifestações ocorridas segunda-feira, em Foz do Iguaçu, Oviedo pode ser extraditado.

O jornal O Globo possui uma fita de vídeo comprovando que Oviedo tem envolvimento direto na campanha para derrubar Gonzáles Macchi. A fita contém a gravação de um dos comícios que Oviedo realizou para seus correligionários paraguaios em cidades brasileiras na fronteira entre os dois países.

Oviedo tem mandado de prisão, decretado no Paraguai. Ele é acusado de mandar matar o vice-presidente Luís Maria Argaña, em 1999.

Esse general é um caso sério. Ele é um conspirador profissional do tipo "si hay gobierno, soy contra".

Carismático, possui grande liderança no exército. Popular, Oviedo se mexe com maior desenvoltura junto ao povo paraguaio. "Às vezes, é o mais civil entre os fardados. Outras, é o mais fardado entre os civis", dizem seus inimigos.

Na queda do ditador Alfredo Strossner, Oviedo teve um papel importantíssimo, definitivo, na avaliação do jornalista Felipe Vieira, q ue na época, fazia marketing político, em Assunção.

O general Andréas Rodrigues, que comandou o golpe contra Strossner, era pai da nora do ditador. E ela estava, no momento do golpe, visitando o sogro em Palácio. Do lado de fora, as tropas comandadas por seu pai sitiavam seu sogro. Strossner contava com o amor de pai - Rodrigues - por sua filha para não se render.

Estava instalado o impasse.

Strossner não saia do Palácio porque a filha do general golpista estava com ele. De outro lado, Rodrigues, o general golpista, não invadia o Palácio com medo de que, no entrevero, as tropas matassem a sua filha.
Foi então que Rodrigues chamou o destemido Oviedo.

Com duas granadas nas mãos, Oviedo invadiu a sala em que estava Strossner, mandou todo mundo para a rua e ameaçou mandar tudo para os ares, caso ele não se rendesse.

Veio a rendição. Strossner foi "convidado" a apear do governo. Rodrigues assumiu, convocou eleições gerais, as fraudou, permanecendo no cargo até entregar o comando do país a Juan Carlos Wasmosy, em que veio dar um outro golpe, tempos depois.

Hoje os dois, o ditador Strossner e seu algoz, Lino Oviedo, vivem em Brasília, a pouco mais de cinco quilômetros um do outro.

A partir disso a fama de valente do general cresceu muito. Todos os movimentos golpistas que ocorreram no Paraguai, de lá para cá vão encontrar Lino Oviedo, como seu maior conspirador.

Pesam contra ele algumas acusações sérias, mas que não impedem que ele siga sonhando em derrubar o presidente, retornar ao Paraguai e, através de uma anistia, participar das próximas eleições presidenciais previstas para daqui a dez meses. E é isso que vai fazer, hoje à tarde, perante o diretor do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, o general conspirador.

Negar peremptoriamente ter orquestrado manifestações políticas na fronteira com o Brasil foi a forma encontrada por Oviedo para, vivendo no Brasil, tentar derrubar o presidente Luiz Gonzáles Macchi e retornar ao Paraguai.


CARLOS BASTOS

Lula aqui dia 24 para caminhada
O presidenciável Luis Inácio Lula da Silva estará em Porto Alegre na próxima quarta-feira, dia 24, para participar de uma caminhada que vai começar na sede municipal do PT na Avenida João Pessoa, às 17h, passará por várias ruas do centro e irá até o Largo Glenio Perez, no Mercado Público, onde será improvisado um comício. Será a primeira caminhada nesta campanha do candidato petista na capital gaúcha. E será a primeira mobilização forte do PT gaúcho em favor de seu candidato, que disputa pela quarta vez a presidência da República. No mesmo dia, pela manhã, Lula estará discutindo a experiência gaúcha de governo, mais especificamente no que diz respeito a sua política agrícola, no auditório da Unijui. O candidato petista pretende incluir em seu plano de governo a política agrícola implenentada no Rio Grande do Sul pelo governo Olívio Dutra. Ijuí foi escolhida por ser a recuperação da Cotrijui um dos marcos da política agrícola da administração do PT no Estado.

Diversas

  • Para o dirigente petista Paulo Ferreira, as posições nas pesquisas entre os presidenciáveis oscilou muito nos últimos seis meses, e agora oscila positivamente em favor do candidato Ciro Gomes, principalmente pelo seu excesso de exposição nas mídias de televisão e de rádio no mês de junho.

  • Ferreira entende que Ciro ainda terá que disputar com o governista José Serra a condição de concorrente do petista Luis Inácio Lula da Silva no segundo turno.

  • Ferreira prognostica que Ciro pode ser o desaguadouro daqueles que não acreditam na candidatura de Serra, mas que isso só será definido no decorrer da programação gratuita de rádio e televisão a partir do dia 20 de agosto.

  • Quanto à sucessão estadual, Paulo Ferreira, que é vice-presidente do PT gaúcho, entende que o Estado tem uma base conservadora, e a eleição já está polarizada entre o candidato de seu partido, o ex-prefeito Tarso Genro, e o ex-governador Antônio Britto, do PPS.

  • Ele entende que será uma disputa à altura das tradições políticas gaúchas, muito dura, muito renhida, muito disputada, mas entende que os debates serão aprofundados, e aí o candidato Tarso Genro levará vantagem, pois Britto não quer voltar ao passado - como tem deixado claro no decorrer da campanha - mas o ex-prefeito vai discutir sua gestão no Palácio Piratini. É a opinião de Paulo Ferreira.

  • Hoje será a vez do candidato do PPB, Celso Bernardi, comparecer à reunião-almoço da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa, para expor sua posição face à doutrina social cristã e apresentar suas diretries gerais de governo.

  • A Comissão de Assuntos Municipais da Assembléia, presidida pelo deputado Adroaldo Loureiro (PDT), está preparando o Encontro Nacional de Áreas Emancipandas, que será realizado dia 20 de agosto em Brasília.

    Última
    O prefeito de Espumoso, José Parizzoto, do PDT, afirma que recepcionou o candidato Tarso Genro e o diretor do Banrisul, Sereno Chaise, como recebe todos os candidatos que visitam seu município, mas está fechado com a candidatura de José Fortunati ao governo do Estado. Declarou que o PT é uma noiva que já passou na história do PDT gaúcho, e que já deixou de cumprir compromissos e preferiu alijar o partido do governo.

    Acrescenta que pelo que aconteceu ele tem certeza que o PDT não apoiará o candidato do PT na hipótese de um segundo turno sem José Fortunati.


    FERNANDO ALBRECHT

    Parabéns pra você
    O veterano Walter Seabra, que é diretor do Grupo Plaza de Hotéis, completa 88 anos bem vividos dia 19, sexta-feira. E na ativa, em todos os sentidos. Seabra tem uma longa e gloriosa trajetória. Dizem que ele foi instrutor e guru de latin lovers como Rodolfo Valentino e Porfírio Rubirosa, legendários derrubadores multinacionais de corações. Se ele está em forma? Bem, até há pouco seu hobby era domar cavalos xucros. Seabra posou junto a um quadro em que foi modelo, pintado por um inglês da corte da Rainha Vitória.

    Moeda de troca
    A quadrilha que vem operando na Serra no roubo de carros importados pode não ser a mesma que aprontou no Litoral no último verão, mas certamente se trata de gente organizada que tem o mesmo objetivo: os carros roubados aqui servem como moeda de troca no Paraguai com o crime organizado, especialmente para traficantes de drogas e de armas. Não é apenas para satisfazer o sonho de consumo de milionários paraguaios. O furo é mais embaixo, segundo os especialistas.

    Por falar em carro...
    ...pelo menos de vez em quando os mocinhos ganham uma. Segunda à noite o vereador Carlos Garcia (PSB) estava no seu comitê, na Barros Cassal, quando tocou o alarme do seu Gol. Garcia foi conferir e um lalau estava dentro do carro, pronto para arrancar. O vereador acionou o travamento das portas, o ladrão destrancou; Garcia voltava a trancá-las e o ladrão as abriu de novo. E assim foi até que a cana chegou. E o cara ainda teve a cara de pau de negar que queria roubar o carro. Entrou no Gol de curioso, claro.

    Os 15 minutos
    O vereador Sebastião Melo (PMDB) teve seus 15 minutos de fama ontem ao receber voz de prisão de um PM no Centro. Melo se interpôs entre um fiscal que apreendia mercadorias e um camelô. Melo diz que o brigadiano estava agredindo o rapaz. Seu colega, Adeli Sell (PT), garante que o PM é que foi agredido por Melo, tanto que fez exame de corpo delito. E Sell acusa o peemedebista de estar defendendo o comércio ilegal.

    Causa justa
    O Programa Porto Inverno da prefeitura de Porto Alegre poderia ser mais amplo se mais empresas doassem agasalhos para o programa, diz a coordenadora, secretária Helena Bonumá. A San Marino doou 50 cobertores e suas 14 revendas continuam recebendo doações. Mais de 50 postos estã o espalhados na Capital.

    Perigo, perigo...
    Vai ser o diabo neste País se os candidatos à presidência não fizerem um pacto, juramento em cartório que não mexerão no nosso rico dinheirinho. Todo mundo que tem investimentos em fundos, CDB ou assemelhados está com as barbas de molho e deve ir para o dólar. Recorde-se que um nordestino aprontou no passado. Nem cicatrizou. Poucos se lembram, mas depois que Collor mexeu na poupança o deputado Aloisio Mercadante disse que, se Lula tivesse vencido, talvez o PT tivesse que fazer o mesmo.

    Novo aeroporto
    A localização do futuro Aeroporto Internacional da Serra, informação já dada por esta página, agora está entre Farroupilha e Caxias do Sul. Flores da Cunha teria sido descartada pelo Departamento Aeroportuário do Estado, não só devido à questões topográficas como devido às vultosas desapropriações que terão que ser feitas. Vale repetir que o início da construção está prevista para 2004 e a verba destinada é de R$ 120 milhões.

    Lá e cá
    Ao apresentar o Censo Imobiliário de Porto Alegre, a diretoria do Sinduscon fez comparações com o México, cujo governo está empenhado em financiar moradias populares em um esforço sem precedentes. Não só isso, mas o presidente Vicente Fox também determinou rígidas medidas anti-desburocratização. Toda a documentação do imóvel, diz o presidente Pedro Silber, deve estar nas mãos do proprietário 15 dias depois de fechado o negócio. Aqui, leva-se 90 dias só para conseguir o habite-se.

    A verba da Aeca
    A propósito de nota sobre repasse de recursos da Sedai para a Aeca (ligada ao MST) e outras 15 entidades no valor aproximado de R$ 1,7 milhão, a coordenadora da Ascom/Sedai, Zilda Piovesan, diz que "recebeu com estranheza" a nota - tirada do Diário Oficial, aliás -, aduzindo que se trata de convênio no âmbito do programa Economia Popular e Solidária para organizar cooperativas autogestionárias.

    Inchaço paraguaio
    Entre outros motivos, a crise paraguaia deve-se ao monumental inchaço do funcionalismo público. Em 1989, quando o general Stroessner deixou o poder, havia 78 mil; hoje, este número passa dos 200 mil. Como se diz por aí, não existe almoço grátis. Alguém paga a conta ao final.


    Editorial

    PREÇO AMARGO DO CAFÉ TRAZ MISÉRIA AOS PRODUTORES

    Os negócios do café giram US$ 55 bilhões. A soma representa todas as exportações brasileiras em um ano. O grão do café sustentou o Brasil até a década de 60, principal produto nacional, símbolo do País, ramo presente nas insígnias dos oficiais-generais das Forças Armadas. Motivo de histórias, ascensão e queda de famílias, mote da vinda de milhares de italianos para as lavouras cafeeiras, sucesso em telenovelas que retratam o esplendor paulista do setor, o café perdeu preço nos últimos anos. Como toda riqueza, ele gerou disputas, onde não havia lugar para misericórdia, só lucros. Muita produção e gente voraz nas compras e vendas resultaram numa queda sem precedentes do preço da espécie "robusta", a brasileira e vietnamita, trocada pela "arábica", da América Central. Hoje, o valor de uma saca de café é o mais baixo dos últimos 100 anos. As receitas brasileiras na exportação de café caíram 26% no primeiro semestre, mas volume embarcado subiu 8%. A tonelada despencou de US$ 1.135,00 para US$ 775,00, queda de 31,67%. Na América Central e na África o estrago socioeconômico foi terrível, produzindo milhares de desocupados que acampam ao longo de estradas, marginalização de 125 milhões em todo o planeta. Maior produtor mundial, o Brasil viu-se cercado por outros países, que vivem somente disso, sem industrialização, aceitam qualquer oferta pela saca de 60 quilos, derrubando ainda mais os preços. No entanto, embora os valores nas lavouras e no atacado tenham caído, no varejo a baixa não foi tanta, mesmo com a superprodução mundial.

    O certo é que as maiores multinacionais de processamento e comercialização de café continuam com lucros recordes, pois cerca de 40% do mercado é controlado por apenas quatro organizações, a Procter & Gamble Co., a Kraft Foods Inc. pertencente à Phillip Morris Co., a Sara Lee Corp. e a Nestlé S. A. O café é a matéria-prima mais negociada do mundo, depois do petróleo, sendo visto pelos EUA como uma arma contra o avanço do comunismo, durante a Guerra Fria. Há 40 anos, em 1962, as 66 nações exportadoras e importadoras, lideradas pelo Brasil, criaram o Acordo Internacional do Café, impondo limites rígidos a cada exportador e, com o apoio total dos Estados Unidos, os preços foram sustentados artificialmente. Isso durou quase três décadas, até que caiu o Muro de Berlim e os norte-americanos deixaram o mercado ditar as regras. Não houve mais políticas de compra e estocagem do café por parte das nações. Aí entraram os grandes compradores, negociando diretamente com os plantadores e impondo preços. Hoje temos muito mais café do que o mundo pode consumir e o Brasil luta contra o Vietnã pela primazia das vendas, com excesso de um milhão de toneladas anuais.

    No final da década de 80 as nações exportadoras recebiam juntas cerca de US$ 10 bilhões, de um total de US$ 30 bilhões arrecadados no varejo. Atualmente, vende-se quase US$ 60 bilhões no varejo, mas os produtores ganham apenas US$ 6 bilhões. No Bolsa de Café, Açúcar e Cacau de Nova Iorque, o preço referencial oscila em torno de US$ 1,10 por quilo, queda de mais de 80% desde o ápice, brevíssimo, de maio de 1997, quando chegou a US$ 6,93. Na América Central e no México, 600 mil trabalhadores temporários das plantações de café perderam a ocupação. Mas, embora os preços pagos ao produtor tenham caído mais de 80% desde 1997, o custo médio no varejo dos EUA do café torrado e moído baixou apenas 27%. Não nos resta outro caminho a não ser produzir café de melhor qualidade, fazer publicidade do "Made in Brazil" e torcer para que o preço das commodities, como anunciado para a soja, tenham alguma recuperação.


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    07/17/2002


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