Mundo vive a maior crise financeira em muitas décadas, diz Fraga
No início de sua apresentação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta quinta-feira (13), o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga fez uma análise da crise financeira global, que classificou como a maior em muitas décadas. Essa crise, destacou, vem mudando a cada dia para pior e, na verdade, sucede um período de enorme prosperidade pelo qual o mundo passou entre 2003 a 2007.
- Foi um período de crescimento acelerado e bem fundamentado, em que a economia do planeta cresceu cerca de 5% ao ano - destacou o economista, que participa de um fórum permanente de discussão sobre a crise financeira internacional promovido pela CAE.
Nesse período de entusiasmo, explicou Armínio Fraga, a "disciplina [do mercado financeiro] foi desaparecendo" e começaram a surgir "exageros e desequilíbrios" no sistema financeiro internacional. Hoje, na prática, os principais sistemas financeiros do mundo estão garantidos por seus governos, conforme destacou, e mecanismos de liquidez estão sendo implantados pelos Bancos Centrais de vários países "em volumes enormes" para evitar um quadro de colapso das instituições financeiras.
- A intervenção de governos nessa situação é fundamental. Os mecanismos de intermediação entraram em colapso e a única estabilidade que ainda sobra é a do governo. Os governos vêm reagindo, mas ainda não conseguiram dar uma resposta abrangente e convincente. Parece ser a grande crise que sempre tememos, mas que ainda não tinha acontecido - disse Armínio Fraga.
O ex-presidente do BC destacou especialmente a difícil situação pela qual passam os Estados Unidos e afirmou que tem uma impressão ruim sobre a situação, que na sua avaliação deverá representar uma recessão prolongada. Para Armínio Fraga, a crise revelou que um modelo alicerçado na auto-regulamentação não é suficiente, e que no Brasil isso sempre foi muito claro.
13/11/2008
Agência Senado
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