Setor industrial absorve impacto maior da crise financeira mundial



Se o Brasil foi um dos últimos países a ser afetado pela crise financeira mundial , não conseguiu se livrar do impacto significativo de seus efeitos sobre a economia interna, especialmente no setor industrial. Esse diagnóstico foi apresentado pelo economista Paulo Francini, representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), durante audiência pública realizada, nesta terça-feira (5), pela Comissão de Acompanhamento da Crise Financeira e de Empregabilidade. Segundo informou, das 692 mil demissões registradas pelo país entre outubro de 2008 e março de 2009, mais de 70% ocorreram na indústria.

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Paulo Francini previu ainda que a produção industrial brasileira em 2009 será inferior à de 2008. Conforme observou, essa redução vem se concentrando em segmentos "mais entranhados" na estrutura industrial, como máquinas e equipamentos, veículos, metalurgia básica, que dependem fortemente de crédito e investimento. A queda de participação do setor nas exportações foi outra questão levantada pelo economista. Para ilustrar esse fato, revelou que a retração no escoamento da produção de industrializados para países da América Latina exerceu grande influência na redução de 16,5% registrada nas exportações brasileiras entre janeiro e abril de 2009.

Índice baixo de confiança do consumidor, constatação do empresariado de que a incerteza econômica tem inibido investimentos, queda na arrecadação tributária federal no primeiro trimestre de 2009, liberação lenta dos recursos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), correspondente a R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre desse ano (apenas 7,2% da dotação autorizada) foram outras situações suscitadas pela crise financeira mundial apontadas por Paulo Francini. Dentre as saídas para o problema, apontou aumento do investimento impulsionado por maior estímulo ao crédito, redução do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), redução de gasto de custeio do governo e queda na taxa de juros básica.

Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Fernandes Tigre, a crise trouxe para o Brasil uma grande lição de competitividade, cujo estímulo também passa pela construção de um novo sistema tributário para o país, mais simples, com menos e menores alíquotas. Na esteira da questão tributária, Paulo Tigre defendeu redução de impostos sobre os bens industriais, isenção total sobre a produção para exportação e desoneração dos recursos para investimentos.

O presidente da Fiergs também manifestou interesse, em relação a matérias em tramitação no Congresso, na aprovação de propostas como a criação do cadastro positivo de contribuintes, o sistema brasileiro de defesa da concorrência, a legislação sobre as agências reguladoras, o licenciamento ambiental. Ele também reivindicou o aperfeiçoamento das medidas provisórias 449 e 451, de 2009, que introduzem alterações na legislação tributária federal.

Da Redação / Agência Senado



05/05/2009

Agência Senado


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