Música caipira ganha mais espaço com o Revelando São Paulo
Nesta quarta-feira, 12, dezenas de grupos e artistas individuais se apresentam até as 20h
Uma das identidades culturais mais ameaçadas no Brasil – a caipira – teve seu espaço aumentado coma participação no Revelando São Paulo. O evento, realizado pela Organização Social Abaçaí Cultura e Arte e pela Secretaria de Estado da Cultura, chega à sua décima-primeira edição promovendo, com eficiência, a face mais conhecida da cultura caipira: sua música. Nesta quarta-feira, dia 12 de setembro, das 10 às 20h, dezenas de grupos e artistas individuais se apresentam no palco da arena do Parque da Água Branca.
“É impressionante a vontade que os artistas populares têm de tocar no Revelando São Paulo”, comenta Toninho Macedo, diretor artístico do evento. “Eles sabem que a participação aqui multiplica seu espaço, inclusive na mídia. Antes, eles se sentiam cantando para o vazio. Agora, é impressionante como o universo da viola caipira se ampliou”.
No Revelando São Paulo tocam muitos grupos tradicionais, formados por gente que aprendeu a arte com os próprios pais. No primeiro caso, estão, por exemplo, pessoas como os irmãos Pedro Paulo e Tião Lourenço, de Cruzeiro. O pai deles, também chamado Tião, já tinha uma dupla, e começou a treinar os filhos em 1970. Desde então, essas duas violas nunca mais se calaram. “Mas está difícil, tem muita gente no mercado. A gente é obrigado a fazer outras coisas para se sustentar; trabalhamos de pedreiro, de caminhoneiro...”, conta Tião. A música “de raiz” da dupla gira em torno de temas como “a vida do trabalhador, o sertão, a natureza”.
Trabalhando em emissora de rádio desde 1958, e se apresentando até em feiras livres, João Batista Vicente, o Peraco, apresentador dos Sanfoneiros de Itapetininga, diz que também optou pela música de raiz. O grupo, que conta com um total de dez sanfoneiros, vai se apresentar com três deles no Revelando São Paulo. Especializado em cururu, música de origem religiosa, Peraco lembra orgulhosamente que esse gênero – nascido em Sorocaba, Porto Feliz, Tatuí, Tietê, entre outros – tem suas raízes na época das Monções. “Mas quem popularizou mesmo foi o pesquisador Cornélio Pires, aqui de Tietê”, lembra ele.
Às vezes, o grupo aparece para cuidar de uma finalidade urgente: preservar um tipo de manifestação cultural que está desaparecendo a olhos vistos. É o caso do grupo Chão Caipira, que leva dois integrantes para o palco do Revelando São Paulo: Joaquim da Viola e Ronnie dos Santos. A formação do grupo aconteceu dentro de um projeto da Fundação Cultural Benedicto Siqueira e Silva, em Paraibuna. A idéia era preservar o “arrasta-pé”, baile rural que, segundo Cláudio Queiroz, integrante da Fundação, estava desaparecendo na região do Vale do Ribeira, invadida por gêneros como o forró e o sertanejo. “Uma vez por mês, promovemos um arrasta-pé para retomar a tradição”, conta. Com o espaço proporcionado pelo Revelando São Paulo, espera-se que manifestações culturais como essa sejam não apenas preservadas, mas também mantidas vivas, sempre presentes nas festas populares.
Da Secretaria Estadual da Cultura
(I.P.)
09/12/2007
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