NABOR COMENTA SUA POSIÇÃO A RESPEITO DE RELATÓRIO FEITO POR JEFFERSON PERES
Em discurso no plenário nesta sexta-feira (dia 16), o senador Nabor Júnior (PMDB-AC) comentou sua posição a respeito do relatório apresentado pelo senador Jefferson Peres (PDT-AM) ao Conselho de Ética, favorável à cassação do senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Nabor disse considerar que um fato anterior ao mandato não (deveria ser julgado pelo Congresso Nacional) assegura o direito de que o parlamentar seja julgado pelo Congresso Nacional. Nabor Júnior explicou ter adotado essa posição apoiado em decisões da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e em pareceres de advogados. O senador destacou que, recentemente, um deputado federal do Acre teve processo arquivado na Câmara por acusação anterior ao seu mandato federal. Lamentando tratar de questões de política local acreana em seu discurso no Senado Federal, o senador Nabor Júnior afirmou não haver sentido querer ligar a partidos políticos o fato de "dois ou três membros" de partidos integrantes da coligação Movimento Democrático Acreano (PMDB, PFL e PPB) serem donos de mansões em área do Seringal Benfica. O senador explicou que a área do Incra foi ocupada por posseiros, que mais tarde venderam essas terras para pessoas que construíram mansões, fazendas e restaurantes no local. "O caso é antigo, está em exame pela Justiça", disse. "Há centenas de pessoas com terrenos no Seringal Benfica". Quanto a denúncias feitas contra pessoas que fazem parte da coligação, o senador acreano afirmou que, quando se celebra uma coligação, é com o partido todo, não com partes. Lembrou que, nas últimas eleições, o PT também fez coligações com 11 partidos, entre eles o PMN e o PTB. Destacou que o deputado Aureliano Pascoal, irmão do ex-deputado cassado Hildebrando Pascoal, foi eleito pelo PMN. O senador afirmou ainda que Narciso Mendes, vítima de denúncias de insuflar agressões contra o governador Jorge Viana, é dono de jornal e rádio que fazem oposição ao governo estadual. "Há evidências de irregularidades no governo e a oposição deve denunciar isso", afirmou Nabor, lembrando que, em seus 40 anos de mandato, 30 deles foram na oposição. Ele desafiou qualquer pessoa a provar que, em todos esses anos de vida pública, tenha recebido dinheiro irregularmente de alguém. Em aparte, a senadora Marina Silva (PT-AC) afirmou que o PT não vincula ética a partido político. "Não há problema fazer oposição ou coligação, mas tem pessoas que são joio demais", afirmou. O senador Tião Viana (PT-AC) cobrou mais coerência de Nabor Júnior, pedindo que o senador não jogue fora toda uma vida pública se unindo com pessoas ligadas ao crime organizado. Viana criticou ainda o silêncio de Nabor e do PMDB frente a crimes cometidos no estado. Lembrou que o governo estadual está enfrentando o crime organizado e o narcotráfico. Em aparte, o senador José Alencar (PMDB-MG) destacou o respeito que Nabor Júnior tem no PMDB. "O partido se orgulha de ter um homem com o seu passado em seus quadros", disse. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), também em aparte, afirmou que as divergências são importantes desde que levem ao rumo de uma sociedade melhor e de um estado mais forte. Lembrou que, como ministro da Justiça, levou ao presidente da Câmara dos Deputados as denúncias contra o deputado Hildebrando Pascoal e que o PMDB sempre colaborou na apuração.
16/06/2000
Agência Senado
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