Nabor conclama todos os poderes a se unirem contra a violência



Os poderes Executivo em todas as esferas (federal, estadual e municipal), o Legislativo e o Judiciário têm de se unir, neste grave momento da vida do país, na luta contra a violência. Investir hoje no combate à criminalidade, para as populações das grandes cidades, é mais importante até mesmo do que investir em saúde e educação. As opiniões são do senador Nabor Júnior (PMDB-AC), para quem a escalada da violência vem gerando medo na população e uma ameaça ao sagrado direito constitucional de ir e vir. "O cidadão sai de casa para o trabalho e não sabe se volta vivo. Que pode haver pior que isso?", indaga o senador.

Nabor Júnior, que foi governador do Acre, disse entender o grau de dificuldade que têm os governadores para carrear recursos para a área de segurança pública. Entretanto, comenta, esse setor tem de receber hoje uma prioridade maior que os demais, pois não há dúvida de que a sociedade deseja isso, pois está se sentindo ameaçada.

Muitos governadores, conforme o senador pelo Acre, destinam mais recursos orçamentários para campanhas publicitárias que para a área de segurança pública. Isso acontece, por exemplo, no estado do Acre, onde os índices de criminalidade vêm apresentando um crescimento assustador, segundo Nabor Júnior: somente nos primeiros 20 dias do mês de janeiro deste ano, houve um registro de 21 crimes em Rio Branco, uma cidade pequena, se comparada às grandes metrópoles do país.

Um combate vigoroso à criminalidade, para o senador, passa por uma redefinição das prioridades na hora da discussão e aprovação dos orçamentos da União, estaduais e municipais. Os governos têm de investir mais no aparato policial, seja em gente, seja em equipamentos. As polícias militares e as polícias civis encontram-se hoje desaparelhadas para enfrentar o crime organizado, avaliou.

Ainda segundo o senador, atualmente o policial está despreparado, desmotivado, inclusive do ponto de vista salarial, e sem treinamento adequado. Por sua vez, a ajuda da Polícia Federal no combate ao crime nos estados e municípios também fica muito difícil, dado que aquele órgão também não está estruturado sequer para exercer suas próprias funções, como o combate ao contrabando nas regiões de fronteira e ao narcotráfico.

- A Polícia Federal também precisa de mais agentes, de mais treinamento e de mais equipamentos. Como poderá, então, prestar ajuda às polícias civil e militar? - indaga o senador.

No que se refere ao Legislativo, Nabor Júnior diz que muitos projetos que ora tramitam no Congresso Nacional precisam ser melhor discutidos, por serem muito polêmicos. Ele citou como exemplo o que prevê a unificação das polícias civil e militar e o que proíbe a fabricação de armas.

Sobre o primeiro, disse já ter recebido diversas manifestações de entidades policiais contrárias ao projeto. Sobre o segundo, ele comentou que, além de não resolver o problema da criminalidade, a proposta pode resultar no aumento do desemprego, pelo fechamento de muitas fábricas, como alerta o relator da proposta, senador Pedro Piva (PSDB-SP).

- Não podemos adotar nenhuma proposta de forma precipitada, sem uma discussão profunda e detalhada, ouvindo vários segmentos envolvidos no assunto - aconselha o senador.

Além de prioridade para os investimentos na área de segurança pública, Nabor Júnior defende o fim da cessão do policial a outros órgãos do governo.

- Esses policiais têm de ser chamados de volta. O policial tem de estar é na rua. É lá que a população precisa dele - afirma.

Nabor Júnior acha lamentável que não funcione mais o esquema antigo de policiamento, do tipo Cosme-Damião - uma dupla de policiais percorrendo cada rua em todos os bairros das grandes cidades. O policial fardado, na rua, impõe respeito e intimida os bandidos - argumenta.



31/01/2002

Agência Senado


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