Ney Suassuna defende transposição do São Francisco e elogia projeto de revitalização



Na comemoração dos 500 anos da descoberta do Rio São Francisco pelos europeus, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) defendeu o projeto de transposição de suas águas para estados situados ao norte do curso do rio. O senador afirmou que o volume de água a ser retirado do rio é muito reduzido e que o custo da transposição é irrisório diante das perspectivas que se abrem.

O parlamentar, no entanto, lembrou que a transposição não deverá ocorrer no atual governo, conforme o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho. Suassuna informou que será criado um programa de revitalização da bacia do São Francisco que receberá recursos superiores a R$ 1 bilhão nos próximos dez anos.

Para o senador, "esses recursos já vêm tardiamente", uma vez que o rio encontra-se assoreado em função dos desmatamentos e poluído pelos produtos químicos e esgotos despejados nele e em seus afluentes. Mesmo assim, disse o parlamentar, "o programa de revitalização do Velho Chico abre novas perspectivas para grande parte da população".

- Muito mais importante do que opor-se ao projeto de transposição ou ignorá-lo é tomar a iniciativa de revitalizar a bacia hidrográfica, com o combate ao desmatamento indiscriminado, o controle do lançamento de resíduos em suas águas, a preservação da biodiversidade e a educação ambiental - afirmou.

O parlamentar informou ter sido indicado pelo líder de seu partido no Senado, Renan Calheiros (AL), para integrar a Comissão de Revitalização instituída pelo governo federal. Disse que, na comissão, estará "lutando com unhas e dentes para que recursos cheguem e a revitalização da bacia ocorra".

- Precisamos do Velho Chico bom, forte e unindo o país - disse.

Ney Suassuna lembrou que o Vale do São Francisco tem se destacado na produção de culturas não tradicionais na região, como o mamão, manga, melancia e uva, além de abacaxi, café, soja e tomate. Citou também indicadores de desenvolvimento humano que progrediram muito nos últimos 40 anos, como a mortalidade infantil, que caiu de 160 para 80 mortes a cada mil bebês nascidos vivos.

- Não se compreende por que esses benefícios devem se restringir ao Vale do São Francisco se, por meio da transposição de suas águas, boa parte da população do semi-árido poderia ser beneficiada - afirmou, lembrando que a água do rio pode irrigar 233 mil hectares no Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba, gerando um milhão de novos empregos.

02/10/2001

Agência Senado


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