Suassuna defende transposição das águas do São Francisco



A transposição das águas do Rio São Francisco para outros estados da Região Nordeste gerou um intenso debate na sessão plenária desta terça-feira (dia 10), a partir de discurso do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), defensor da transposição. O senador disse que era preciso cumprir o preceito bíblico de dar água a quem tem sede, frisando que seria necessária apenas uma vazão de 67,9 metros cúbicos por segundo dos 2.672 metros cúbicos por segundo do São Francisco que são jogados no mar para fornecer água a dez milhões de pessoas. Os senadores José Eduardo Dutra (PT-SE), Paulo Souto (PFL-BA) e Heloísa Helena (PT-AL), representantes de estados banhados pelo São Francisco e contrários ao projeto, rebateram os argumentos de Suassuna.

O senador José Eduardo Dutra disse que a forma como Suassuna apresentava a questão dificultava o debate e a possibilidade de entendimento, porque estava tentando rotular quem questiona o projeto - sergipanos, alagoanos e baianos - como "anticristãos". Segundo ele, os defensores da transposição "escamoteiam" fatos como a utilização de 75% das águas para irrigação e de 25% para consumo humano.

Outro fato apontado por Dutra é o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) feito para o projeto. O senador afirmou que o estudo não ignora os efeitos da transposição na foz do rio e só trata da área que receberá a água. Como exemplo, o senador citou os Estados Unidos, que também discutiram um projeto de transposição de águas que deixou o prejuízo e os danos para o México.

Suassuna disse que 25% das águas já matariam a sede de dez milhões de pessoas no auge da época de seca e eximiu-se de responsabilidade pela má utilização do Rio São Francisco por quem se beneficia dele. O senador disse ser solidário a quem pretende revitalizar o rio, mas argumentou que é mais fácil conseguir R$ 2 bilhões para a obra de transposição do que os R$ 10 bilhões necessários à revitalização.

O senador Paulo Souto, em aparte, garantiu que com R$ 2 bilhões "a água não vai chegar para ninguém". Souto alegou que seriam precisos mais R$ 10 bilhões ou R$ 12 bilhões para cobrir os custos de adução, tratamento, distribuição e infra-estrutura.

- Não podemos, mais uma vez, fazer o que acontece e o que aconteceu muito no Nordeste: fazem-se açudes e barragens, reserva-se água e a água não chega àqueles que precisam dela porque não houve planejamento suficiente para que isso acontecesse - disse Paulo Souto.

A senadora Heloísa Helena disse que Suassuna não poderia cobrar de José Eduardo Dutra e de outros parlamentares qualquer senso cristão e de humanidade em relação à situação do Nordeste.

- É exatamente por esse espírito humanitário e por esse espírito cristão que queremos discutir novas alternativas concretas, ágeis e eficazes para minimizar os problemas gravíssimos do Nordeste, mas não podemos aceitar o discurso demagógico que tem sido feito pelo governo federal e pelo ministro Fernando Bezerra - afirmou.

10/04/2001

Agência Senado


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