NICOLAU DIZ QUE JÁ ERA RICO QUANDO CURSAVA DIREITO



Durante o seu depoimento nesta terça-feira perante a CPI do Judiciário, o juiz Nicolau dos Santos Neto afirmou, em resposta ao senador Geraldo Althoff (PFL-SC), que já era rico na época em que cursava Direito. Em 1953, continuou, tinha um carro Lincoln Continental, o que, na sua própria opinião, estava ao alcance de poucos. Também disse que viaja para o exterior desde 1965. "O dinheiro não é advindo de meu tempo na presidência do tribunal", disse Nicolau, que afirmou ter assistido a um show do tenor italiano Luciano Pavarotti pelo preço de US$ 2,5 mil por pessoa.Sobre as relações com o empreiteiro Fábio Monteiro de Barros Filho (dono da Incal Incorporações S/A, empresa responsável pela construção do fórum trabalhista), Nicolau disse a Althoff que eram "estritamente formais" e que o empresário não era habitual em sua residência. Lauro Bezerra (que teria servido de intermediário na compra do apartamento em Miami) foi, segundo o depoente, apenas seu cicerone.O senador José Agripino (PFL-RN) perguntou porque Nicolau, diante do relatório do TCU, não obedeceu as determinações de interromper a construção. Essa é, segundo o senador, uma das razões pelas quais a CPI deve propor mecanismos de vigilância do Judiciário "para que não haja atitudes imperiais, como essa".José Eduardo Dutra ainda ouviu de Nicolau que esteve várias vezes em Brasília para pedir a inclusão e a liberação de recursos para a construção do prédio do TRT junto ao Congresso Nacional. A Pedro Simon, o magistrado negou que tivesse ligações com o Doi-Codi, na época do regime militar, mas afirmou ter tido relações com a Casa Militar do Palácio do Planalto na época do ex-presidente Fernando Collor de Mello.Para a senadora Luzia Toledo (PSDB-ES), considerando as declarações do ex-genro de Nicolau e as denúncias trazidas pela mídia, sem dúvida houve desvio de recursos.Mesmo sem ser membro da CPI, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que se posicionou contrariamente à inclusão de verbas no Orçamento para a obra do TRT, de acordo com a argumentação do deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), que depôs na comissão na última semana.

04/05/1999

Agência Senado


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