NO PRESIDENCIALISMO, PRESIDENTE NÃO DEVE SER ENFRAQUECIDO, DIZ FOGAÇA



O enfraquecimento do presidente da República pode levar à desmoralização do governo e à perda da governabilidade. O alerta foi feito nesta sexta-feira (dia 27) pelo senador José Fogaça (PMDB-RS) que analisou a manifestação ocorrida na última quinta-feira (dia 26), em Brasília. Para ele, no parlamentarismo há maior flexibilidade para se mudar de governo, dentro das regras democráticas, o que não ocorre no presidencialismo.- No parlamentarismo há possibilidades infinitas de mudança de rumos. Ondas políticas produzem resultados institucionais sem ameaça à governabilidade, com segurança. Mas no presidencialismo, a autoridade do presidente deve ser preservada - observou.O senador pelo Rio Grande do Sul entende que no regime presidencialista todos têm o direito legítimo de protestar e criticar, mas é necessário destacar que o presidente tem a responsabilidade constitucional de manter a democracia. - Quem quer mudar de governante todo o mês não pode ter lutado pelo presidencialismo como lutou em 1993 - afirmou Fogaça em plenário, referindo-se aos líderes do PT e do PDT, Luís Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola, respectivamente.Em sua análise, o senador concluiu que hoje não existem condições para ocorrer a desestabilização democrática. Fogaça acredita que, diferentemente de outros momentos históricos, não há grupos que conspiram "às sombras" contra o poder e, a oposição, "com exceções", não se deixa tomar pela irresponsabilidade.Completando a análise, o senador interpreta que governo federal tem rumo, com uma política econômica definida e um projeto que almeja o desenvolvimento, o emprego e a elevação do padrão de vida "das pessoas que constróem a riqueza do Brasil".- A passeata de ontem não foi pela derrubada de FHC. Não há posturas majoritariamente irresponsáveis na oposição brasileira. Foi uma crítica à política econômica e a uma série de resultados de momento - disse Fogaça.Em aparte, o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) destacou a lucidez do discurso de seu colega, por oferecer à sociedade elementos para refletir sobre a realidade atual. Para Mestrinho, a manifestação foi da oposição e não da sociedade brasileira.- A situação do país não pode ser medida por uma manifestação de 40, 50 ou 100 mil pessoas. É preciso interpretar os anseios de 160 milhões de brasileiros que querem emprego e que o país cresça - afirmou o senador pelo Amazonas, que acredita que os problemas atuais não são inerentes ao Brasil, mas a toda a América Latina.

27/08/1999

Agência Senado


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