Para José Fogaça, o Brasil não deve aceitar um ataque ao Iraque sem o apoio da ONU



Sem a aprovação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), um ataque dos Estados Unidos ao Iraque não pode ser apoiado pelo Brasil. A opinião foi manifestada nesta terça-feira (10) pelo senador José Fogaça (PPS-RS), para quem os atentados de 11 de setembro de 2001 aos EUA criaram uma nova situação na política internacional em que o atual governo norte-americano adota posições unilaterais com relação a temas de interesse comum de vários países.

- O Brasil deve ter uma nova agenda internacional. A diplomacia brasileira sempre se portou sem apresentar posições incisivas ou marcantes. As posições que o governo americano vem assumindo, o que fica claro com a proposta do presidente George W. Bush de declarar guerra ao Iraque, impõem ao Brasil uma necessidade de se posicionar - declarou.

Assim, Fogaça acredita que o Brasil deve opor-se a uma declaração de guerra ao Iraque e deve levar essa posição ao fórum de debates apropriado, ou seja, a ONU. Ele lembrou que, no Conselho de Segurança da organização, países que ainda não se manifestaram favoráveis a um ataque com a finalidade de destituir o líder iraquiano Sadam Hussein, como a França, a Rússia e a China, têm poder de veto às decisões.

- O Brasil deve votar contra a guerra. E só aceitar que essa decisão somente possa se concretizar caso aprovada pela ONU. Se não for aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, o Brasil não deve aceitar a política unilateralista que vem sendo adotada pelos EUA - declarou Fogaça.

ECONOMIA MUNDIAL

O senador fez um paralelo entre os ataques a Nova York e a Washington no ano passado e a atual crise do capitalismo financeiro internacional. Apesar de não achar que o terrorismo seja um dos causadores da retração econômica mundial, Fogaça acredita que os atentados explicitaram de forma mais nítida a crise que existe na economia internacional.

- As quedas instantâneas das bolsas, as grandes perdas e a queda nos investimentos das empresas geram muita insegurança e podem levar o capitalismo a um momento de colapso semelhante à depressão de 1929. Não mais com as características daquela depressão, que foi caracterizada por excesso de oferta, mas por perdas do capital financeiro pela sua própria limitação não-produtiva, que forma uma espiral que termina em si mesma - analisou o senador.

Para Fogaça, caso essa previsão se confirme, ela pode transformar-se na -nova tragédia do início do século-.

- Os atentados demonstram a existência de uma nódoa, um mal não resolvido que também existe na crise do capital financeiro, que é a falta de um ordenamento ou de uma governança internacional que permita garantir um equilíbrio maior e uma segurança maior principalmente para os países em desenvolvimento, como Brasil, Argentina, Turquia, México, Rússia, Coréia, que são sempre as primeiras e mais dramáticas vítimas desse novo modelo de crise - observou.



10/09/2002

Agência Senado


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