Nova sede do MAC no Ibirapuera dará mais visibilidade ao museu



Público terá à disposição no museu 10 mil obras de arte contemporânea em um único lugar

Uma identidade definida, mais explícita. Isso é o que ganhará o novo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) com a mudança para o antigo prédio do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), no Parque do Ibirapuera. O prédio, assim como o complexo do Parque Ibirapuera, leva a assinatura do arquiteto Oscar Niemeyer.

“A divisão do MAC em duas sedes, uma na Cidade Universitária e outra no Pavilhão da Bienal, faz com que o visitante não tenha noção da grandeza do acervo”, comenta Lisbeth Rebollo Gonçalves, diretora do MAC-USP.

A executiva tem razão. Criado em 1963, o MAC-USP tornou-se, ao longo de 45 anos, um dos mais expressivos museus de arte moderna e contemporânea, incluindo no seu acervo dez mil obras (óleos, desenhos, gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais) de mestres da arte do século 20, como Picasso, Matisse, Miró, Kandinsky, Modigliani, Calder, Braque, Henry Moore, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Volpi, Brecheret, Flávio de Carvalho, Manabu Mabe, Antonio Dias e Regina Silveira, entre outros.

Com a mudança para o Ibirapuera, o Museu ajudará a transformar o local num pólo cultural da cidade. A nova sede fica ao lado de vizinhos de peso: Museu de Arte Moderna (MAM), Museu Afro Brasil, Prédio da Bienal, a Oca e o auditório.

Dimensões gigantescas – A nova sede do MAC impressiona. Com nove andares e três anexos, o museu abrigará um auditório com capacidade para 348 lugares, um restaurante panorâmico, um espaço de quase 30 mil metros quadrados para exposições, biblioteca especializada, laboratório de pintura e escultura, jardins, reserva técnica climatizada e estacionamento amplo.

Com um edifício principal de 21,6 mil metros quadrados – cujo projeto original de Oscar Niemeyer e foi agora por ele redesenhado – será possível, entre outras ações, criar áreas expositivas especializadas para o acervo das obras que o museu reuniu ao longo de sua existência: áreas especiais para artes gráficas, fotografia, para o acervo moderno e para o de arte contemporânea. Serão áreas destinadas a apresentar exposições resultantes da constante releitura e estudo que o Museu desenvolve sobre sua coleção.

“Este uso diferenciado do espaço não restringirá, entretanto, a produção de curadorias com abordagem multidisciplinar, reunindo os vetores da coleção e diferentes enfoques críticos”, explica Lisbeth.

De acordo com a Secretaria da Estadual da Cultura, a idéia é manter a estrutura do projeto original do prédio, até porque as plantas com os cálculos estruturais do edifício não existem mais.

Acessibilidade – A previsão para a entrega do museu à população, se o cronograma de obras for obedecido, é setembro de 2009. O projeto está sendo elaborado a partir de orientações de arquitetos, especialistas e curadores do MAC. “Estamos estudando a melhor maneira para a climatização e umidade do ar. A temperatura ideal para conservar as obras de arte está em torno de 20ºC a 22ºC, enquanto a umidade do ar deve ficar em torno de 60%, com variação de cinco pontos para cima ou para baixo”, informa Gabriel Borba, arquiteto do museu.    

As novas instalações do prédio, cuja construção data de 1952, levam em conta a questão da acessibilidade, as novas normas de edificação que respeitam o meio ambiente inclusive em relação ao consumo energético. Borba diz que ao lado do edifício principal serão construídas duas torres com rotas de fuga.

Outro detalhe importante refere-se à reserva técnica do museu. O novo espaço terá trainéis com até quatro metros de altura. Já as reservas técnicas em papéis estarão distribuídas pelos andares do edifício. “Desta maneira, poderemos duplicar a mapoteca”, afirma Borba.

No térreo, haverá um grande salão para exposições com pé-direito de até 7 metros de altura. Segundo Lisbeth, serão criadas áreas especializadas (novas mídias, arte moderna, fotografia) e espaços para programações específicas para oferecer informação, diversão e entretenimento para toda a família. 

Novo auditório – O novo MAC abre a possibilidade de acolher exposições temporárias internacionais, ou em circuito no País. No entorno do prédio principal pretende-se criar um espaço para programa de residências artísticas e seus desdobramentos, como exposições, workshops e outras atividades. O museu instalará, igualmente, salas para as suas atividades educacionais, apresentando com mais visibilidade os seus programas.

A diretora do museu diz que outra meta é dar força às ações interdisciplinares das artes visuais com outros campos artísticos, implementando eventos de experiência estética e atividades de ensino e pesquisa.

A nova sede, integrada ao Parque Ibirapuera, abrigará atividades educativas, ateliês, residências de artistas e uma intensa programação.

Uma das principais atrações do novo projeto é o auditório. “O espaço será utilizado para diversos tipos de performances, como teatro, congressos, espetáculos de dança e apresentação de música de câmara”, revela Lisbeth.

A construção de uma ampla rampa externa (com plantas) para ligar o MAC ao Parque do Ibirapuera é uma possibilidade que está em estudo. Além da nova fachada, haverá reformas na infra-estrutura para receber as salas de exposição. Em algumas salas há necessidade de pé-direito alto (superior a seis metros) para receber exposição de arte contemporânea. Uma alternativa é realizar essas exposições no anexo que já tem altura adequada, opina o arquiteto Gabriel Borba.

Cronograma – De acordo com a Secretaria da Cultura, o processo de licitação para contratação de serviços e compra de material já foi iniciado. As obras estão previstas para começarem em  dezembro. Os prédios irregulares sediados no entorno do conjunto serão derrubados. Além disso, a Secretaria da Cultura estuda a compra de dois terrenos ao lado do antigo prédio do Detran. O primeiro pertence à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e está sendo utilizado pelo Instituto Dante Pazzanese, com área de 15 mil metros quadrados. O segundo é o Complexo Esportivo da Faculdade de Direito da USP.

Para inaugurar o espaço em 2009, serão escolhidas as exposições, mas é quase certo que uma delas esteja dentro da programação do Ano da França no Brasil, possivelmente a da Coleção Renault, com obras de Victor Vasarely e Pierre Alechinsky, entre outras. “Estamos à procura de patrocinadores. Tenho certeza que será uma exposição como São Paulo nunca viu”, finaliza Lisbeth. 

Museu sempre atualizado

O MAC foi criado em 1963, quando a Universidade de São Paulo (USP) recebeu de Francisco Matarazzo Sobrinho, então presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o acervo que constituía o MAM. Além desse conjunto de obras que se transferiu para a USP, Matarazzo e sua mulher, Yolanda Penteado, doaram obras particulares ao novo museu.

Ao mesmo tempo, a coleção nacional e internacional enriqueceu-se graças a doações de outros colecionadores e com a absorção de obras que participaram das Bienais de São Paulo, bem como por conta de ofertas de artistas contemporâneos brasileiros e estrangeiros. Parte da coleção do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, transferida judicialmente para a instituição, faz parte das mostras.

Hoje, o Museu possui precioso acervo em constante atualização incorporando, ao longo de sua história, obras de caráter contemporâneo, fundamentadas na experimentação de novas linguagens e no uso de modernos meios.

O MAC realiza também exposições temporárias, com obras de artistas brasileiros e estrangeiros, novos e consagrados, que não pertencem ao seu acervo. Torna-se, assim, um espaço para a experimentação e para o surgimento e discussão de novas tendências e novos caminhos da arte contemporânea.

Além das exposições, o Museu oferece ao público, nos três edifícios que ocupa – um no Parque Ibirapuera e dois na Cidade Universitária – diversas atividades e serviços como disciplinas optativas para graduação, cursos de extensão cultural, atividades de ateliês, visitas orientadas, biblioteca, site na Internet e loja.

Projetos desenvolvidos pelo MAC

Viva Arte! –  

– O programa de inclusão socioeducativa e cultural Viva Arte!, da Divisão Técnico-Científica de Educação e Arte do MAC-USP, é destinado ao público de jovens e adultos, com idade entre 20 e 60 anos, já integrantes de instituições organizadas da sociedade civil, como Organizações Não Governamentais (ONGs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), associações e centros comunitários, entre outras. Tem como objetivo aproximar o Museu de populações socialmente excluídas do universo das artes visuais.

Arte do Século 20 e 21 – Visitando o MAC/USP na Web

– Por meio de uma viagem virtual pela coleção, o internauta pode conhecer os artistas-atores e as obras-personagens da arte dos séculos 20 e 21.

Interar-te

– O programa proporciona momentos de integração entre crianças, jovens e seus acompanhantes adultos – familiares ou amigos – através de atividades lúdicas motivadas pelas exposições em cartaz no museu.

Lazer com Arte para a Terceira Idade

– Desde 1989, o MAC oferece o Programa Lazer com Arte para a Terceira Idade (Lapti). A arte moderna e contemporânea é apresentada por meio de atividades práticas em ateliê e visitas às exposições do acervo do museu.

Maria Lúcia Zanelli, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)



08/26/2008


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