Novas regras da MPs passam a valer hoje



Novas regras da MPs passam a valer hoje As novas regras de tramitação e edição de medidas provisórias (MPs) passam a valer a partir de hoje, com a publicação da emenda constitucional promulgada ontem, em sessão solene do Congresso. A rigidez maior no trato das MP só não vale para as 71 medidas que tramitam. Elas manterão a eficácia, mesmo sem serem reeditadas ou votadas. O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que as incluirá na pauta de votação. "Minha intenção é a de limpar esse contencioso e de tirar esses esqueletos de dentro do armário", afirmou. Mas boa parte dos parlamentares acha difícil que isso venha a ocorrer, principalmente com as MPs mais polêmicas, como as que estabelecem as normas dos planos de saúde e a que institui o Programa de Privatização. O líder do governo, senador Romero Jucá (PSDB-RR), deu como certo esse tipo de precaução, ao afirmar que a votação das "velhas" MPs ocorrerá "de maneira soft". O governo fez por onde confirmar essa tendência, ao despejar no Congresso 19 MPs nos últimos 40 dias. O fato coincidiu com a adoção das novas regras, que obriga a Câmara e o Senado a votarem as medidas no prazo máximo de 120 dias. Algumas delas impõem mudanças na economia do País e resolvem velhas pendências, como a cobrança do Imposto de Renda (IR) de fundos de pensão. Só num dia, quinta-feira, foram editadas nove MPs. O secretário-geral da Presidência da República, ministro Aloysio Nunes Ferreira, disse que foram adotadas as MPs "necessárias". Segundo ele, os parlamentares é que decidirão o futuro das 71 MPs. Infraero diz que operação foi tranqüila no novo terminal A superintendência da Infraero classificou como tranqüilo o primeiro dia de operação do terminal 1 do Aeroporto Salgado Filho. O superintendente Paulo Contioso De Franceschi informou que ocorreram alguns imprevistos como passageiros se deslocando ao terminal 2 (o antigo) por não saberem que a nova instalação entraria em funcionamento ontem. Para resolver o problema, Contioso disse que foram colocadas duas vans para transportar os desavisados. Segundo o superintendente, as empresas que ainda não estão operando novo terminal do aeroporto devem terminar suas instalações no local até o final deste mês. Por enquanto, os passageiros das empresas Varig, Rio-Sul e Gol embarcam e desembarcam no terminal 1. O antigo continua a receber os vôos da TAM, Vasp e Transbrasil. Deverão circular pelo novo terminal, entre passageiros e acompanhantes, cerca de 1,5 milhão de pessoas por ano. No antigo, circulavam em média 500 mil usuários. Contioso diz que as obras de acesso (construção de três elevadas sobre a BR-116) que estão sendo realizadas pelo Daer devem estar concluídas até o final deste ano. Contioso explica que a nova pista do terminal 1 possui 2.280 metros e para que ocorra a ampliação para três mil metros está sendo negociada com o governo do Estado a liberação da área ocupada por famílias da vila Severo Dullius. O o pátio tem capacidade para 28 aeronaves - o dobro do anterior. No entanto, os primeiros usuários ainda não encontraram o terminal funcionando com toda a sua capacidade. Parte das lojas, praça de alimentação e as três salas de cinema, por exemplo, vão abrir somente nas próximas semanas. Uma das novidades, o check-in específico para passageiros sem bagagem para despachar, inicialmente também não vai estar disponível. Ele só deve ser liberado dentro de alguns dias. O superintendente da Infraero, Paulo Franchesci, prevê que a inauguração oficial deve ocorrer no início de outubro, provavelmente com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso. Projeto fortalece o papel da Central de Transplantes O deputado estadual Elmar Schneider (PPB) protocolou ontem, no gabinete da presidência da Assembléia Legislativa, projeto de lei que propõe mecanismos que visam agilizar o processo de transplantes e incentiva a doação de órgãos no Rio Grande do Sul. A proposta está alicerçada em três pilares: fortalecer o papel da Central de Transplantes do Estado (com destinação de recursos no orçamento estadual), indicação dos coordenadores dos hospitais capacitados a proceder a retirada de órgãos e a discussão nos bancos escolares da rede pública sobre a importância da doação de órgãos. O objetivo do projeto de lei é garantir a destinação de recursos do orçamento estadual especificamente para a Central de Transplantes, a fim de aprimorar a infra-estrutura da entidade. As verbas iriam possibilitar o desenvolvimento de campanhas educativas e para o custeio nas remoções de órgãos. Elmar Schneider explicou que a intenção é definir os coordenadores nos hospitais que terão a tarefa de atuar junto as famílias de potenciais doadores. A iniciativa também prevê a implantação no currículo de ensino público estadual da disciplina Doação de Órgãos, que deverá abordar aspectos relacionados à prevenção de doenças relacionadas aos transplantes. O presidente da Federação das Associações de Transplantados e Doenças Crônicas do RS, Euclides Sartori, saudou a iniciativa. Segundo ele, o projeto deverá estimular a atuação dos coordenadores de hospitais, que vão auxiliar na captação de doadores de órgãos. "Assim, poderemos ter um aumento no número de transplantes no Estado", ressaltou. Para o diretor-clínico do Hospital São Francisco, Paulo Leães, o projeto é um suporte maior para as iniciativas da Central de Transplantes. O projeto deverá ir para apreciação do Executivo nos próximos dias. O Rio Grande do Sul possui cerca de 2 mil pessoas esperando na fila para receber órgãos. Existem hoje 15 hospitais preparados para proceder a retirada de órgãos no Estado. Participaram da solenidade representantes de vários hospitais do Estado, a Associação dos Médicos do RS (Amrigs), Ministério Público, entidades, grupos de apoio à doação de órgãos e dezenas de transplantados. Terroristas lançam devastador ataque contra os Estados Unidos Numa espantosa ação coordenada e tendo como armas grandes jatos comerciais seqüestrados carregados de combustível, terroristas lançaram ontem pela manhã um gigantesco e devastador ataque contra os Estados Unidos, matando milhares de pessoas. A exemplo das armas usadas - Boeings 767 e 757 - os alvos escolhidos para a horripilante seqüência de atentados não poderiam ser mais simbólicos do poderio econômico e militar dos EUA: as torres gêmeas World Trade Center, de 110 andares, no coração do distrito financeiro de Nova Iorque, que desabaram menos de uma hora depois de serem atingidas nos andares superiores por dois aviões, com 18 minutos de intervalo; e o Pentágono, a sede do Ministério da Defesa e do comando das forças armadas do país, em Washington. Grandes explosões foram ouvidas ontem à noite ao norte da capital do Afeganistão, Cabul, nas proximidades do aeroporto. As explosões tiveram início por volta das 2h30 (horário local) e ocorreram em rápida sucessão, com segundos de intervalo, destruindo prédios. O secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, negou que os Estados Unidos fossem os responsáveis pelos ataques, em represália. Cerca de 50 mil pessoas trabalham no World Trade Center e outras 150 mil transitam pelos dois prédios. Autoridades locais calculam que pelo menos 20 mil pessoas já haviam chegado a seus escritórios quando o primeiro avião bateu na torre sul. O presidente George W. Bush, que estava na Flórida quando ocorreu o primeiro atentado, às 8h45 (horário local), disse que os EUA "caçarão e punirão" os autores do que chamou, inicialmente, "um aparente ataque terrorista". Por decisão do serviço secreto, que disse não poder garantir a segurança do presidente caso ele retornasse à Casa Branca, Bush voou de Sarasota, na Flórida, para a base aérea de Barksdale, em Louisiana, onde leu uma breve mensagem ao país. "A determinação de nossa grande nação está sendo testada, mas não tenham dúvida: nós mostraremos ao mundo que passaremos este teste". As forças armadas americanas entraram em prontidão e a marinha despachou dois porta-aviões para as proximidades de Washington e Nova Iorque para dar proteção às capitais política e econômica do país. Por medida de precaução, os vôos internacionais com destino aos EUA foram desviados para o Canadá, os aeroportos americanos suspenderam suas operações e as fronteiras do país com o México e o Canadá foram fechadas. O ex-secretário de Estado Lawrence Eagleburger apontou a mais flagrante das falhas reveladas pelo ataque: a deficiência dos serviços de segurança nos aeroportos. O de Dulles, perto de Washington, foi o ponto partida do Boeing 757 da America Airlines, que fazia o vôo 77 para Los Angeles, e terminou num explosão quando se chocou contra a face norte do prédio do Pentágono, na ala ocupada pelo exército. Pelo menos 26 pessoas foram atendidas em três hospitais da área de Washington. Os aviões que se chocaram contra as duas torres do World Trade Center foram um Boeing 767 da American, que fazia o vôo Boston-Los Angeles, com 92 passageiros e tripulantes, e o vôo 93 um 757 da United, com 38 passageiros e tripulantes, que decolou de Newark, em New Jersey, a apenas algumas milhas de seu alvo, e deveria ter seguido para São Francisco. Um quarto avião, um 767 da United, que voava de Boston para Los Angeles, com 56 passageiros e tripulantes, caiu no sudoeste da Pensilvânia. O hotel Marriot que fica dentro do complexo de prédios do Word Trade Center teve sua estrutura bastante danificada. Já era cogitada a possibilidade a estrutura do hotel também desabar. Todos os hóspedes foram retirados e levados para outros hotéis. O prédio do Marriot Hotel tem 21 andares e é hospedagem de luxo. Arranha-céus se tornam dois alvos vulneráveis "Acordei com o barulho de uma explosão que parecia ter acontecido algumas quadras abaixo de onde moro. O telefone tocou. Meu marido atendeu e veio até a porta do quarto. "Sabe o que aconteceu?", disse ele, ligando a televisão. "É sobre a explosão?", perguntei. "Um avião entrou no World Trade Center", foi a resposta, acompanhada pelas imagens mais estupefacientes que já vi na vida surgindo na tela: os dois maiores arranha-céus de Nova Iorque arrebentados, soltando uma longa e imensa nuvem de fumaça preta em direção ao leste. Subimos até o topo do prédio. Centenas de pessoas fizeram o mesmo em toda a redondeza. Ali, a cena tornou-se viva, tendo ao fundo um céu limpo e azul. Além do som das sirenes correndo em direção ao sul de Manhattan só havia um estranho silêncio. Não consegui segurar o choro por entender que aqui, na maior cidade norte-americana, somos um alvo tão vulnerável. Mas era preciso telefonar para a família, no Brasil, dizer que estava tudo bem. Fomos para a rua, com a intenção de chegar até downtown da maneira que fosse possível, pela obrigação de repórteres. Uma moça que vinha pela calçada avisou: "Não há mais trens saindo ou chegando e as pontes estão sendo fechadas. Nós estamos trancados em Manhattan." O ataque havia acontecido havia quase uma hora. As avenidas começavam a ser tomadas por multidões vindas do sul, caminhando em direção ao norte da cidade, deixando para trás aquele cenário absurdo. Em todos os rostos havia um olhar aparvalhado. Quem tinha telefone celular, estava grudado nele, falando, andando e olhando para trás. Os telefones públicos tinham filas e muitos já não estavam mais funcionando. Quando conseguimos chegar a Chinatown, a multidão que deixava a área sul da cidade já era muito maior. Alguns minutos depois, enquanto atravessávamos a Broadway, vimos apenas o segundo edifício pegando fogo. De repente, houve uma movimentação diferente. As pessoas que estavam andando para o norte voltaram-se para o lado contrário, correram um pouco e pararam, olhando para cima. O segundo edifício do World Trade Center estava caindo em meio a uma fumaça branca. O choro coletivo aumentou. Nova Iorque nunca mais vai ser a mesma sem elas. Agora tem um vazio naquele lugar e dentro de cada um de nós que moramos aqui. Liguei o rádio e ouvi o governador do Estado de Nova York, George Pataki, dizer que a cidade e o país estavam sob ataque e devíamos manter a calma. Mas a cidade, nesse momento, não parecia calma. Parecia apenas um gigante machucado e impotente." (Por Tonica Chagas) Arafat se diz horrorizado e palestinos festejam nas ruas Milhares de palestinos foram às ruas celebrar os atentados realizados ontem contra os Estados Unidos cantando "Deus é grande" e distribuindo doces aos pedestres, apesar de o líder da AP, Yasser Arafat, ter-se declarado horrorizado com os ataques. O governo norte-americano é cada vez mais impopular na Cisjordânia e na Faixa de Gaza desde a eclosão do atual conflito entre israelenses e palestinos. Os palestinos acusam Washington de ficar ao lado de Israel. Na cidade cisjordaniana de Nablus, cerca de 3.000 pessoas foram às ruas pouco após os ataques contra o World Trade Center e outros alvos do governo norte-americano em Washington. Em Jerusalém Oriental, houve uma pequena aglomeração de algumas dezenas de pessoas, muitas das quais eram jovens crianças que cantavam, coordenadas por adultos. Motoristas que passavam pela região buzinavam e faziam sinais de vitória pelo vidro de seus carros. Arafat e seus principais assessores reuniram-se em seu gabinete em Cidade de Gaza para assistir aos desdobramentos pela tevê. Mais tarde, Arafat saiu para conversar com jornalistas. "Estamos totalmente chocados. É inacreditável", lamentou. "Condenamos plenamente este ataque perigoso e envio minhas condolências ao povo norte-americano, ao presidente norte-americano e ao governo norte-americano, não apenas em meu nome, mas em nome de todo o povo palestino". Colunistas Cenário Político - Carlos Bastos Convite oficial do PDT a Fortunati Ficou para o meio-dia de hoje, no gabinete do vereador José Fortunati, na Câmara Municipal de Porto Alegre, a formalização do convite oficial para seu ingresso no PDT. Os integrantes da Executiva Estadual do partido - com o vice-presidente Pedro Ruas e o líder na Assembléia, deputado Vieira da Cunha, à frente, juntamente com os quatro vereadores pedetistas da Capital - farão o convite formal para o ex-petista ingressar no PDT. Fortunati não deve dar sua resposta hoje, pois amanhã ele deverá ter um encontro com o senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS. Entre as lideranças trabalhistas, no entanto, há convicção de que a opção de Fortunati será pelo partido de Leonel Brizola. A sua outra possibilidade seria ingressar no partido de Ciro Gomes. Diversas Os meios políticos não acreditam numa decisão de Fortunati pelo PSB, por este partido estar integrando a aliança que governa o Estado, juntamente com o PT. Afasta-se também a hipótese de seu ingresso no PL, no PHS, no PTB ou no PSDB. O vereador teria sua linha política mais afinada com PDT, PPS e PSB. Pedetistas alimentam esperança de cooptar o vereador Sebastião Melo (PMDB) e o ex-vice-governador, o tucano Vicente Bogo. O vice-governador Miguel Rossetto viajou ontem para Campinas, onde acompanhou o sepultamento do prefeito Antônio da Costa Santos, assassinado a tiros. O PSDB gaúcho realiza sábado, no auditório Dante Barone da Assembléia, o seu Segundo Congresso Estadual, definindo estratégias para as eleições de 2002. n Além dos deputados federais Nelson Marchezan e Yeda Crusius, e dos deputados estaduais Jorge Gobbi e Adilson Troca, estará presente o presidente nacional do partido, deputado federal José Anibal (SP). O presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi (PTB), participou da reunião com os presidentes e vices das Comissões Permanentes da Casa. No encontro, foram colhidas sugestões quanto ao horário a serem realizadas as audiências das Comissões, sem que tenham prejuízo as outras atividades da Casa. O deputado Roberto Argenta, presidente nacional do PHS, convidou o vereador Haroldo de Souza (PTB) para ingressar no seu partido. O PHS já conquistou dez vereadores no Estado. A secretária de Educação, Lúcia Camini, deverá esclarecer, na próxima semana, aos parlamentares da Comissão de Educação, os ataques e colocações xenófobas contidas na cartilha distribuída pela SEC às 3.100 escolas públicas do Estado, como parte das comemorações da semana da Pátria. O deputado Onyx Lorenzoni (PFL), autor da proposta, encaminhou, nesta semana, cópia da cartilha ao Procurador Geral de Justiça, Cláudio Barros Silva, denunciando o processo de ideologização dos estudantes gaúchos e solicitando uma investigação minuciosa. Última Comitê de Fetter Junior sustenta que Celso Bernardi saiu em vantagem na disputa da prévia do PPB, mas hoje já existem 300 comitês seus espalhados pelo Estado. E acreditam que, até a data da prévia, o dia 23, haverá um empate técnico. Por outro lado, dizem que a vantagem a ser conquistada por Bernardi em algumas regiões será compensada pela larga margem que Fetter vai obter na região sul. Começo de Conversa - Fernando Albrecht Previsão de escritor O Terceiro Milênio começou dia 11 de setembro de 2001. A literatura está cheia de temas semelhantes aos ataques terroristas de ontem, idem os filmes de Hollywood. Se é que dá para ter algum consolo, pelo menos não usaram armas nucleares. Mais dia menos dia, elas poderão ser usadas. O escritor Tom Clancy, autor de várias obras profetizou isso em seus livros A Soma de Todos os Medos, Rainbow 6 e Atos do Executivo, todos disponíveis nas livrarias. Clancy conhece tão bem o assunto que não raro é requisitado pelo Pentágono ou por comandos militares americanos para falar de armas & terrorismo. Alto planejamento Na Nova Zelândia os americanos operam um complexo interligado de supercomputadores Cry que gravam todas, isso mesmo, todas as comunicações eletrônicas do mundo, incluindo faxes, e-mails, telefonemas etc. Como não haveria gente capaz de analisar tudo isso, o complexo analisa certas palavras e expressões chave, em código ou não, alertando então os responsáveis, que analisam com mais cuidado o material. Uma ação da envergadura da de ontem certamente envolveu muita gente, muita comunicação e muito planejamento. Significa que não se trata apenas de um grupo de fanáticos. O horror, o horror... Os americanos não detectaram as ações terroristas, ponto. A boa notícia é que uma operação desta envergadura deve ter deixado um furo na segurança, que levará aos responsáveis. Futuro? Xenofobia, legislação anti-terrorista radicalizada e economia mundial no risco de cair no fundo de um poço sem fundo. Resta saber se a tragédia resultará em uma união internacional anti-terrorismo ou uma versão medonha e armada da Torre de Babel. O inferno aquece as caldeiras. Como dizia o personagem de Marlon Brando no filme Apocalipse Now, o horror, o horror... Testemunha ocular Os gabinetes do deputado federal Júlio Redecker (PPB-RS) em Novo Hamburgo e Brasília viveram momentos de tensão. Redecker, que é professor-visitante da Universidade George Washington, estava a apenas duas estações de metrô do Pentágono quando o ataque foi feito. Só conseguiu fazer contato com sua assessoria às 14h. Disse que viu cenas que não poderia imaginar acontecer na maior potência econômica do planeta, classificando o atentado como “contra a humanidade”. Redecker sentiu na pele o pânico americano. A viagem de Borghetinho O jornalista gaúcho Justino Martins disse há décadas que sonho de gaúcho é ser cavalo ou avião da Varig. De anos para cá, o sonho gaúcho era ter um novo aeroporto, coisa que felizmente já deixou de ser ficção. Borghetinho é um dos que gostaram da novidade - embarcou ontem, dia da inauguração. Mas não basta. Equipamentos mais sofisticados para pousos e decolagens com pouca visibilidade são necessários para que Porto Alegre deixe de ser apenas um campo de pouso. Qualquer nevoeiro e pára tudo. Fórum Democrático Uma pesquisa inédita no Estado sobre as peculiaridades de cada região será realizada paralelamente com os trabalhos de debates da próxima edição do Fórum Democrático da Assembléia Legislativa no interior. O anúncio foi feito ontem pelo presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi. A pesquisa será realizada pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs para subsidiar os debates. Asneiras Para variar, muitos comunicadores disseram besteira em cima de besteira. Ao ser informada que a população nova-iorquina estava fazendo corrida aos supermercados, a apresentadora da Globo News perguntou ao repórter se “teria sido por medo”. Não, Pedro Bó. Foi por euforia. O reajuste Uma associada da Amil queixou-se ao Procon que sua mensalidade fora reajustada em 21%, sem amparo na legislação. Acionada, felizmente a empresa reconheceu que o percentual foi indevido e informou ao Procon que estava estornando o valor cobrado a mais - o correto era 8,71%, referente ao reajuste anual. Portanto, convém ficar de olho nos percentuais cobrados pelos planos de saúde. Aldeia global Tanto que se fala na extraordinária comunicação instantânea da aldeia global que às vezes nem nos damos conta disso. Este colunista ficou sabendo dos atentados terroristas através de um engraxate da Praça da Alfândega, que ouviu o rolo todo em seu radinho e passou adiante. Um engraxate, vejam só. O trocadilho Nota dando conta de inauguração de uma farmácia 24 horas para animais levou a Clínica Veterinária Au-Qui-Mia, na Eudoro Berlink, 343, a informar que ela também já possui uma farmácia 24 horas para a bicharada. Independente disso, merece o prêmio de trocadilho do ano. Nossa! Conexão Brasília - Adão Oliveira Conex O presidente licenciado do PT, deputado José Dirceu (SP), admitiu que o País poderá ser levado a medidas extremas, como o controle do câmbio e do fluxo de capitais externos, para evitar a fuga massiva de investimentos, que poderia ocorrer por causa de uma vitória do partido nas eleições de 2002. Segundo o parlamentar, porém, a legenda fará tudo para evitar, na economia, uma situação de pânico durante a transição para uma administração sua. Fuga de capitais Dirceu afirmou, ainda, que setores da direita e do capital desejam que haja fuga de capitais e descartou, enfaticamente, a possível decretação de moratórias. "Quando você diz que não vai pagar a dívida interna ou que não vai pagar a dívida externa, dá o sinal para aquilo que acho que muitos setores da direita brasileira e do capital internacional querem: a fuga de capitais em massa do Brasil, que inviabilize a economia do País", disse. Transição "Agora, essa transição pode levar a uma situação em que você é obrigado a controlar fluxo de capitais, controlar o câmbio? Pode, evidente que pode. A Argentina está fazendo. Mas quando um país chega a isso, é que a situação já é de recessão, de desemprego, de crise. Vamos fazer tudo para evitar e fazer uma transição". Cauteloso, o presidente licenciado do PT defendeu a renegociação da dívida externa e o alongamento do perfil da dívida interna, mas procurou marcar diferenças. Evitar pânico Ele ressaltou que a disposição do PT de evitar pânico na economia, no caso de vencer as eleições presidenciais de 2002, não significa que o partido concorde em manter "os pressupostos da estabilidade que o governo atual mantém". "Nem essa política de juro alto, nem essa política de metas de inflação, nem essa política em relação aos capitais externos, nem com o FMI", atacou Dirceu. Constrangimento Para Dirceu, o principal problema que o País tem hoje é o "constrangimento externo e a incapacidade do governo de mudar essa política". "A dívida interna é em real, está na mão de brasileiros, de milhões de brasileiros e das instituições financeiras", disse. "Se o governo reduzir os juros e alongar essa dívida, pode dar uma solução para essa questão." Dívida interna O parlamentar lembrou que, com a suspensão do pagamento da dívida interna, deixariam de ser pagas remunerações das cadernetas de poupança, dos fundos de pensão, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), de depósitos a prazo, situação que condenou. "Paralisa a economia, é o que o (Fernando) Collor (presidente de 1990 a 1992, derrubado por impeachment) fez, isso não leva o País a nada", disse. "Agora, resolvendo o problema externo, você resolve, em grande parte, o problema interno. Editorial Terrorismo ataca coração do império americano De tanto simularam hipotéticos invasores e inimigos do seu Império Romano dos séculos XX e XXI, os roteiristas de Hollywood anteciparam a ficção sobre a realidade. E a realidade foi mais brutal que a imaginação. A partir dos ataques suicidas ao coração da maior potência econômica e militar do planeta, o mundo não será o mesmo. Contra o terrorismo e a guerrilha tornam-se impotentes armas e enfrentamentos tradicionais. Assim foi com os próprios norte-americanos no Vietnã. O binômio poderio bélico e industrial tornou os Estados Unidos líderes em diversos segmentos, a partir da expansão que veio no pós-guerra, em 1945. Ironicamente, os EUA, até dezembro de 1941 e o bombardeio de Pearl Harbor, mais de dois anos depois dos arroubos expansionistas de Hitler na Europa, em de 1939, não haviam se envolvido no conflito. A história posterior todos conhecem, as tropas ianques venceram e espalharam-se pela Europa e a Ásia, onde estão até hoje. No bojo do recalque de diversos povos contra os Estados Unidos, além do domínio cultural e econômico, secundado pelas armas poderosas, estão ressentimentos religiosos e a discriminação socioeconômica promovida em cima de nações classificadas como subraças pelos dominadores. A sucessão de intervenções, impondo a "Pax Americana" nos quatro cantos da Terra, tornando-os polícias do mundo, sedimentou ódios. Do Japão ao Iraque, passando pelo Afeganistão e explodindo no Oriente Médio, a presença militar norte-americana irrita, constrange e é uma lembrança diária de que seus soldados, produtos e maneira de ser devem ser copiados. Porém, como a lei da Física diz, a toda ação corresponde uma reação igual, porém em sentido contrário. Desde ontem buscam-se os autores do mais espetacular atentado da história, que exigiu planejamento, coordenação e grande logística, tal a sua precisão. As suspeitas, açodadas, repetem-se sobre grupos como os de Osama bin Laden ou fundamentalistas palestinos, sem provas. O certo é que ódios milenares e outros nem tanto, grotescamente cultivados em nome de Deus, às vezes o mesmo, como na Irlanda do Norte, fazem parte hoje do cotidiano, como ao tempo de Cristo. Os atentados de ontem em Nova Iorque eram questão de tempo. Aconteceram em discotecas na Alemanha, quartel em Beirute, navio ancorado no Iemen e embaixadas na África, prenunciando que algo maior e terrível poderia ser e foi feito. Contra o fanatismo e o sentimento ensandecido dos que julgam que nada mais têm a perder não há proteção. O mártir morre pela sua guerra santa, indo para o Paraíso, onde 70 virgens o esperam para as delícias do prazer eterno. Se em Israel até mesmo árabes-israelenses se imolam em nome da causa palestina, não seriam cidades trepidantes e cosmopolitas, como Nova Iorque e Washington, que estariam livres do terror. Os romanos modernos mandam no mundo, mas como seus ancestrais político-militares há dois mil anos, sofrem atentados. Se antes eram os bárbaros germânicos ou os guerreiros mongóis de Gêngis Kan, hoje são anônimos cidadãos enlouquecidos, impotentes diante dos ditames do dinheiro e da prepotência ianque. Nada, jamais, justifica o que foi feito, porém tudo pode acontecer quando não se dão alternativas a quem deseja discordar, voltar às origens, não aderir à globalização, hábitos e religiões ocidentais, preferindo o fundamentalismo do seu passado. Reagan chamou a Rússia de Império do Mal, agora o coração do seu Império foi atingido e nada mais será igual. Faltaram os "mocinhos", Rambos e presidentes pilotos de jatos no roteiro da morte nova-iorquina. Porém, o Império é duro de matar e contra-atacará, onde e como for preciso, até com uma guerra nas estrelas, seu apocalipse não será agora. Topo da página

09/12/2001


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